20 de maio | 2012

Seis pessoas recebem órgãos retirados na Santa Casa de Olímpia

Compartilhe:

Os órgãos que foram retirados de uma mulher de 53 anos de idade na tarde do sábado da semana passada, dia 12, na Santa Casa de Olímpia foram transplantados em seis pessoas. De acordo com a informação do diretor clínico do hos­pital, Nil­ton Roberto Mar­ti­nes (foto), fo­ram a­proveitadas as duas cór­neas, dois rins, o fígado e o pân­creas.

Para tanto, segundo Martines, u­ma equipe da Beneficência Por­tu­guesa de São Paulo esteve naquele dia em Olímpia para fazer a extração dos órgãos da mulher que foi enterrada no cemitério local no domingo, dia 13.

Os órgãos, que foram levados para São Paulo, foram transplantados no mesmo dia, depois de distribuídos a várias pessoas que estavam na fila de espera e que eram compatíveis com o sangue da o­lim­piense.

Segundo o diretor clínico, a e­qui­pe de São Paulo que esteve na Santa Casa checou a abrir o tórax da olimpiense, mas o coração não pôde ser aproveitado, possivelmente por não ter as características necessárias à adaptação dos prováveis receptores.

Mas a retirada de órgãos inédita na Santa Casa de Olímpia re­acendeu um desejo antigo do diretor clínico do hospital, que é treinar uma equipe para fazer a captação de órgãos. “Agora nós vamos falar com o Dr. Picolo que é o responsável pela captação de órgãos do Hospital de Base (HB de Rio Preto). Vamos convidá-lo para que possa nos orientar para a cons­­tituição de uma equipe treinada para a captação de órgãos: Eu (Dr. Nilton) o Fábio, meu filho, o Roberto, o Otavio e Valdemar Ne­to e o Rico. Este procedimento é importante, pois eleva o grau do hospital, este passa a ter um “plus” a mais e o governo também remunera pelos procedimentos, além, claro, do aspecto humanitário”, informou.

“Eu tentei fazer isso há muito tempo, mas era difícil encontrar os canais competentes. Mas o Ro­ber­to Cassieli Filho tem conhecimento sobre os procedimentos de como entrar na rede e tem contatos. Ele viabilizou através destes contatos a captação ocorrida neste sábado”, acrescentou.

Nilton fez questão de enfati­zar que poucos hospitais de cidade com 50 mil habitantes con­seguem participar da rede de captadores de órgãos.

O diretor clínico contou que a constatação de morte cerebral se deu anteriormente ao sábado, pois a paciente deu entrada na San­ta Casa praticamente no início da semana após ter sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e ficou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) sendo mantida com restante do corpo funcionando até que todos os procedimentos fossem viabilizados.

“A equipe que veio de São Paulo ficou impressionada com a qualidade da UTI da Santa Casa e com a conservação dos órgãos, pois em cidades maiores o pessoal não fica em cima. Só pra se ter uma ideia, quando nós entramos em contato e deram o ok para a extração dos órgãos, a paciente começou a cair a temperatura”, contou.

Mas mesmo assim houve um trabalho intenso para manter a temperatura da mulher. “Nós começamos a colocar cobertores na autoclave para esquentar, então, eles tiravam um cobertor e colocavam outro para manter a temperatura. Passaram a noite inteira (de sexta, 11, para sábado, 12) fazendo isso para manter a temperatura da paciente estável”, explicou.

A paciente deu entrada no hospital aproximadamente seis dias antes da retirada dos órgãos e depois veio uma equipe de Ribeirão Preto “e trouxe um aparelho “Do­bler” para confirmar a morte cerebral e se o fluxo sanguíneo estava normal e se dava para aproveitar os órgãos. Ai não deu outra. O pessoal da Beneficência pegou o avião e veio para Rio Preto e de lá para cá fazer a extração dos órgãos”.

Segundo Nilton Martines a e­quipe de Ribeirão Preto veio para confirmar a morte cerebral e verificar se o estado do paciente atendia aos parâmetros necessários para utilizar órgãos para um trans­plante, ou seja, saber se compensava a vinda da equipe de São Paulo.

“Os médicos Roberto, Otavio, Valdemar e Rico, e toda a equipe de enfermeiros e assistentes estão emocionados. Você não tem ideia da empolgação desta meninada. Eles estão felizes porque foi uma coisa inédita e muito contagiante, pois são vidas que terão um novo padrão e uma nova perspectiva. Até uma enfermeira disse que quer fazer o curso, pois para a extração de córnea não é preciso ser médico, mas sim ter um curso específico para isso.

Então, eu vou viajar para o exterior, onde vou ficar uns 15 dias, e na volta vamos dar andamento ao treinamento. Vamos preparar esta equipe para que possamos já fazer tudo e o pessoal vir somente buscar os órgãos”, comemora.

ANÚNCIO CAUSA VIBRAÇÃO DURANTE CURSO

Martines contou que no sábado estava participando de um curso em São Paulo, inclusive apresentando filmes de algumas cirurgias já realizadas em O­límpia quando recebeu uma ligação telefônica contando que tudo havia dado cer­to.

“Eu, então, parei e anunciei para os meus colegas que estavam participando comigo do encontro: ‘olha, pessoal, eu parei porque hoje Olímpia entrou para a história, nós estamos fazendo uma captação de órgãos lá’. O pes­soal vibrou tanto que todo mundo bateu palma para Olímpia e para a Santa Casa local de onde já levei filmes de cirurgias que eles nunca terão condições de fazer lá. Foi emocionante”, informou.

Segundo ele, a mulher, mesmo estando com morte cerebral, foi anestesiada e observada constantemente pelo médico anestesista Luiz Henrique Vicente (o Rico). “Foi fundamental para a formação desta equipe a vinda do Ro­berto Cassieli Filho que está substituindo a mim e ao Fábio nas cirurgias de urgência e emergência nos finais de semana. Ele tem o mesmo pique que a gente e veio a acrescentar muito para o hospital. Ele está entusiasmado. O Val­de­mar e o Otavio então, não cabem em si. A mesma coisa está demonstrando o Rico (Luiz Hen­rique Vicente). E os enfermeiros do centro cirúrgico então? Não dá para mensurar. Está todo mundo com o astral lá em cima”, finalizou.

Da redação
Os órgãos que foram retirados de uma mulher de 53 anos de idade na tarde do sábado da semana passada, dia 12, na Santa Casa de Olímpia foram transplantados em seis pessoas. De acordo com a informação do diretor clínico do hospital, Nilton Roberto Martines (foto), foram aproveitadas as duas córneas, dois rins, o fígado e o pâncreas.
Para tanto, segundo Martines, uma equipe da Beneficência Portuguesa de São Paulo esteve naquele dia em Olímpia para fazer a extração dos órgãos da mulher que foi enterrada no cemitério local no domingo, dia 13.
Os órgãos, que foram levados para São Paulo, foram transplantados no mesmo dia, depois de distribuídos a várias pessoas que estavam na fila de espera e que eram compatíveis com o sangue da olimpiense.
Segundo o diretor clínico, a equipe de São Paulo que esteve na Santa Casa checou a abrir o tórax da olimpiense, mas o coração não pôde ser aproveitado, possivelmente por não ter as características necessárias à adaptação dos prováveis receptores.
Mas a retirada de órgãos inédita na Santa Casa de Olímpia reacendeu um desejo antigo do diretor clínico do hospital, que é treinar uma equipe para fazer a captação de órgãos. “Agora nós vamos falar com o Dr. Picolo que é o responsável pela captação de órgãos do Hospital de Base (HB de Rio Preto). Vamos convidá-lo para que possa nos orientar para a constituição de uma equipe treinada para a captação de órgãos: Eu (Dr. Nilton) o Fábio, meu filho, o Roberto, o Otavio e Valdemar Neto e o Rico. Este procedimento é importante, pois eleva o grau do hospital, este passa a ter um “plus” a mais e o governo também remunera pelos procedimentos, além, claro, do aspecto humanitário”, informou.
“Eu tentei fazer isso há muito tempo, mas era difícil encontrar os canais competentes. Mas o Roberto Cassieli Filho tem conhecimento sobre os procedimentos de como entrar na rede e tem contatos. Ele viabilizou através destes contatos a captação ocorrida neste sábado”, acrescentou.
Nilton fez questão de enfatizar que poucos hospitais de cidade com 50 mil habitantes conseguem participar da rede de captadores de órgãos.
O diretor clínico contou que a constatação de morte cerebral se deu anteriormente ao sábado, pois a paciente deu entrada na Santa Casa praticamente no início da semana após ter sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e ficou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) sendo mantida com restante do corpo funcionando até que todos os procedimentos fossem viabilizados.
“A equipe que veio de São Paulo ficou impressionada com a qualidade da UTI da Santa Casa e com a conservação dos órgãos, pois em cidades maiores o pessoal não fica em cima. Só pra se ter uma ideia, quando nós entramos em contato e deram o ok para a extração dos órgãos, a paciente começou a cair a temperatura”, contou.
Mas mesmo assim houve um trabalho intenso para manter a temperatura da mulher. “Nós começamos a colocar cobertores na autoclave para esquentar, então, eles tiravam um cobertor e colocavam outro para manter a temperatura. Passaram a noite inteira (de sexta, 11, para sábado, 12) fazendo isso para manter a temperatura da paciente estável”, explicou.
A paciente deu entrada no hospital aproximadamente seis dias antes da retirada dos órgãos e depois veio uma equipe de Ribeirão Preto “e trouxe um aparelho “Dobler” para confirmar a morte cerebral e se o fluxo sanguíneo estava normal e se dava para aproveitar os órgãos. Ai não deu outra. O pessoal da Beneficência pegou o avião e veio para Rio Preto e de lá para cá fazer a extração dos órgãos”.
Segundo Nilton Martines a equipe de Ribeirão Preto veio para confirmar a morte cerebral e verificar se o estado do paciente atendia aos parâmetros necessários para utilizar órgãos para um transplante, ou seja, saber se compensava a vinda da equipe de São Paulo.
“Os médicos Roberto, Otavio, Valdemar e Rico, e toda a equipe de enfermeiros e assistentes estão emocionados. Você não tem ideia da empolgação desta meninada. Eles estão felizes porque foi uma coisa inédita e muito contagiante, pois são vidas que terão um novo padrão e uma nova perspectiva. Até uma enfermeira disse que quer fazer o curso, pois para a extração de córnea não é preciso ser médico, mas sim ter um curso específico para isso.
Então, eu vou viajar para o exterior, onde vou ficar uns 15 dias, e na volta vamos dar andamento ao treinamento. Vamos preparar esta equipe para que possamos já fazer tudo e o pessoal vir somente buscar os órgãos”, comemora.
ANÚNCIO CAUSA
VIBRAÇÃO
DURANTE CURSO
Martines contou que no sábado estava participando de um curso em São Paulo, inclusive apresentando filmes de algumas cirurgias já realizadas em Olímpia quando recebeu uma ligação telefônica contando que tudo havia dado certo.
“Eu, então, parei e anunciei para os meus colegas que estavam participando comigo do encontro: ‘olha, pessoal, eu parei porque hoje Olímpia entrou para a história, nós estamos fazendo uma captação de órgãos lá’. O pessoal vibrou tanto que todo mundo bateu palma para Olímpia e para a Santa Casa local de onde já levei filmes de cirurgias que eles nunca terão condições de fazer lá. Foi emocionante”, informou.
Segundo ele, a mulher, mesmo estando com morte cerebral, foi anestesiada e observada constantemente pelo médico anestesista Luiz Henrique Vicente (o Rico). “Foi fundamental para a formação desta equipe a vinda do Roberto Cassieli Filho que está substituindo a mim e ao Fábio nas cirurgias de urgência e emergência nos finais de semana. Ele tem o mesmo pique que a gente e veio a acrescentar muito para o hospital. Ele está entusiasmado. O Valdemar e o Otavio então, não cabem em si. A mesma coisa está demonstrando o Rico (Luiz Henrique Vicente). E os enfermeiros do centro cirúrgico então? Não dá para mensurar. Está todo mundo com o astral lá em cima”, finalizou.
Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas