26 de maio | 2014

Espertalhões aplicavam golpes em políticos espertos na região, inclusive de Olímpia

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Dois candidatos a vereador na eleição de 2012, um de Mirassol e outro de Guaíra – próximo a Barretos – caíram no golpe aplicado por uma quadrilha presa pela Polícia Federal (PF) de Jales acusada de estelionato contra políticos da região de Rio Preto. Mas consta que os espertalhões aplicaram ou pelo menos tentaram aplicar golpes inclusive contra políticos de Olímpia.

Os candidatos entregaram ao grupo US$ 30 mil cada um com a promessa de que receberiam malas recheadas com R$ 200 mil. O dinheiro, porém, era falso. A quadrilha alegava que tinha sobra de campanhas eleitorais e oferecia cotação vantajosa para o câmbio, o que despertava interesse dos políticos. A oferta chegava a R$ 4 por cada dólar, sendo que a cotação hoje está em torno de R$ 2,20.

A PF já sabe com quais políticos da região – eleitos ou não na última eleição municipal – os estelionatários entraram em contato e tentaram fazer o “negócio da China”. Uma “tabela de investimento”, que era apresentada pelo grupo às vítimas, indicava que para US$ 50 mil seriam pagos R$ 180 mil. Em outro patamar para um “investimento” de US$ 250 mil, o grupo pagaria R$ 1,1 milhão.

Em agenda apreendida com o grupo, que tinha até o envolvimento de policial civil do Rio de Janeiro, constam 127 nomes de políticos da região de São José do Rio Preto, Barretos e até Minas Gerais.

Foi apurado que o grupo contatou por telefone, na sua maioria, candidatos derrotados na eleição de 2012 em 63 cidades espalhadas pelo Estado.

Os nomes dos políticos serão mantidos em sigilo para não atrapalhar as investigações, mas entre as cidades estão Fernandópolis, Votuporanga, Guapiaçu, Olímpia, José Bonifácio, entre outras. A PF espera que pessoas que tiveram contato ou fizeram negócio com o grupo se apresente espontaneamente.

A informação é que 10 políticos já admitiram que participaram de reuniões com o grupo. Entre eles estão ex-prefeitos e vereadores. Outros falaram que foram convidados, mas não foram no encontro, como presidente de uma câmara e vereadores da região.

O Diário da Região de Rio Preto teve acesso com exclusividade a documentos que fazem parte do inquérito policial da PF, que concluiu a investigação com o indiciamento de JMM, ACQM e FBB. pelos crimes de estelionato e associação criminosa. Eles foram denunciados pelo Ministério Público em processo que tramita em sigilo na 5ª Vara Criminal de Rio Preto.

Os três foram presos em flagrante durante operação realizada em um flat de Rio Preto quando esperavam fazer uma nova troca de malas no início deste mês. Cerca de R$ 600 mil em dinheiro falso foi apreendido.

A quadrilha havia marcado encontro com o candidato a prefeito em Fernandópolis. Mas, desconfiados, acionaram a PF que efetuou as prisões no momento em que aplicariam o golpe.

De acordo com as vítimas, dois dos acusados se apresentavam como assessores de deputados federais e senadores em Brasília com o objetivo de trocar valores em reais – provenientes de caixa dois e sobras de campanhas – por dólares.

Os contatos com os políticos eram feitos por meio de e-mails, mensagens de celular e ligações telefônicas. Um deles se apresentava como assessor político e consultor, enquanto que Anunciada era uma espécie de secretária responsável por entrar em contato com as “vítimas em potencial”.

Outro, que é policial civil, fazia a segurança do grupo. Quando foi preso, estava armado e com a identificação funcional. Ele chegou a esboçar reação no momento da abordagem pelos agentes federais. Eles estava num Honda Civic com as malas cheias de dinheiro falso.

“A proposta dos estelionatários era comprar dólares bem acima do valor de mercado, conforme uma ‘tabela de investimento’ que era entregue para as vítimas. Depois dessa reunião ‘informativa’, era agendada uma outra data para que os que se interessassem levassem os dólares e pegassem o valor correspondente à ‘tabela’ em reais”, consta no relatório assinado pelo delegado Cristiano Pádua da Silva.

QUASE CAIU

Consta que um vereador de Tanabi também foi convidado pelo grupo para tomar conhecimento de uma “proposta política” em abril deste ano. Ele admitiu em depoimento na PF que chegou a participar de uma reunião em um hotel de Votuporanga com os estelionatários.

Após mostrar mala cheia de notas de R$ 50, o golpista pegou duas cédulas, que eram verdadeiras, e deu para a vítima para “tomar um café”. O parlamentar de Tanabi disse que na hora suspeitou que “seria algum tipo de golpe”.

“Do jeito que eles mostraram o dinheiro que estava dentro da mala, não foi possível perceber que o dinheiro era em sua grande maioria falso”, afirmou o vereador à PF ao dizer ainda que “ficou com receio de comunicar a polícia por medo de alguma retaliação por parte dos golpistas”.

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