08 de junho | 2008

O individualismo tomou conta da sociedade

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 Habituado a conviver profissionalmente com dependentes químicos, para o médico Amado André Messias, que, além de clínico geral atua em várias áreas, como psiquiatria, cardiologia e doença infecto-contagiosa, o que tem mais levado à tentativa de suicídio no mundo moderno é a desagregação social.

"Nós alteramos muito os nossos valores e hoje em dia estamos vivendo numa sociedade individualista, que busca o bem material como uma condição suprema de felicidade", enfatiza.

Segundo ele, a individualização faz com que as pessoas percam as referências de grupo, tiram o equilíbrio emocional da pessoa. "O individualismo tomou conta da sociedade. É cada um por si e as pessoas, quando se sentem desamparadas e deprimidas, não encontram no grupo a resposta para seus problemas. Evidentemente, o primeiro grupo social que ampara a pessoa é sua família", explica.

A sociedade como um todo, incluindo o ambiente de trabalho e até o de estudo, fazem parte da relação de causas.

Por outro lado, para Amado, a situação sócio-econômica não deve ser considerada como a vilã da história, ou seja, não deve e não pode ser considerada a principal causa que justifique a grande quantidade de tentativas de suicídios em Olímpia.

De acordo com Amado, se a condição social pode ou não favorecer as tentativas ou mesmo justificar um suicídio é uma questão muito discutível. "Evidentemente, se pessoas estão passando por uma situação extremamente ruim do ponto de vista social, não têm emprego, comida ou mesmo perspectivas de futuro e não vêem uma saída para essa situação, pode ocorrer de ver no suicídio a saída que busca. Mas isso não quer dizer que seja a principal causa", comenta.

Ele avisa que é necessário ter cuidados para justificar atitudes extremas como um suicídio: "Isso não quer dizer que quem está nessa situação e, no Brasil há milhões de pessoas com problemas sócio-econômicos graves, e nem por isso o Brasil é o campeão mundial de suicídio".

A tentativa de suicídio seria uma forma de encontrar uma solução para um problema que a pessoa está vivendo naquele momento e considera insolúvel. Por isso, seria uma forma de tentar enfrentar um problema, mas de maneira extrema.

Amado explica que ocorre em todas as classes sociais, desde as mais pobres, passando pela classe média e chegando à classe mais rica: "em pessoas de diferentes níveis culturais, pessoas sem instrução e universitários. Enfim, o suicídio, na verdade, é uma condição eclética e pode atingir a qualquer um".

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