21 de abril | 2024

Claudinei Marcondes, morador de rua que escolheu viver assim

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REALIDADES URBANAS?  
“Muitas pessoas moradoras de rua estão precisando simplesmente de um abraço”, destaca Claudinei. Entrevista revela a história de Claudinei Marcondes, morador de rua com vida não convencional. Soldador industrial aposentado e portador de transtornos psiquiátricos fala sobre sua opção de viver longe do materialismo, mesmo tendo renda.

Claudinei Donizete Marcondes, de quase 52 anos, nascido e criado em Olímpia, vive uma realidade que desafia os preceitos convencionais sobre moradia e posse. Soldador industrial e metalúrgico de profissão, Claudinei é também um homem que desde jovem enfrenta diagnósticos de esquizofrenia e transtorno bipolar. Apesar de ter uma casa própria e condição financeira estável, ele optou por viver nas ruas, uma escolha que, segundo ele, não é compreendida pela maioria.

“Sim, eu moro na rua”, disse Claudinei em entrevista para o Pod Pai e Filha, Rádio Cidade e para a Folha da Região. “Eu tenho casa própria, carro próprio, mas me desliguei dessas coisas. Estão na mão da minha família, filho e ex-mulher”, revela sobre sua situação atual, esclarecendo que não se trata de necessidade, mas de opção pessoal.

MORAR NA RUA É OPÇÃO MINHA

Claudinei relata que sua decisão de viver nas ruas é uma forma de se desligar do materialismo. “Opção de morar na rua é opção minha. É uma coisa que eu me desliguei da matéria”, afirma, destacando que embora possua bens materiais, eles não ocupam um lugar central em sua vida atualmente.

Sobre os desafios de sua condição, ele menciona a incompreensão das pessoas e os julgamentos precipitados que enfrenta diariamente. “As pessoas comuns não compreendem, não entendem. Elas acham que a minha mente projeta as coisas. Muitos falam que eu sou degradado, outros falam que eu sou usuário de cachaça, enfim, nada disso consta”, lamenta.

EU ME DESLIGUEI DO MUNDO MATERIAL

Apesar dos transtornos mentais, Claudinei segue um tratamento psiquiátrico rigoroso. “Eu faço tratamento psiquiátrico desde a idade de 21 anos”, conta. Ele também se defende das acusações frequentes sobre o uso de substâncias ilícitas, esclarecendo que as medicações que toma são prescritas e parte de seu tratamento.

Ao falar de sua vida pessoal e familiar, Claudinei compartilha que mantém um bom relacionamento com seus familiares, apesar de sua escolha de vida. “Não, na verdade eu até tenho casa própria. O problema é a opção de morar na rua, é por opção mesmo. Eu me desliguei do mundo material”, explica. Ele também menciona que, apesar das tentativas de sua família em levá-lo de volta para casa, ele permanece firme em sua decisão.

“EU TENHO UM DOM ESPIRITUAL”

A aposentadoria de Claudinei como soldador não o afasta de suas responsabilidades financeiras ou de sua capacidade de gerir seus recursos. “Sou aposentado, ganho muito bem na minha aposentadoria. Trabalhei minha vida toda, mas sou aposentado como esquizofrênico, ou seja, por invalidez”, relata, destacando que sua renda é suficiente para sustentar um estilo de vida convencional, embora escolha não fazê-lo.

Ele também toca em questões espirituais e pessoais mais profundas, indicando uma conexão com uma espiritualidade que transcende o entendimento comum. “Eu tenho um dom espiritual”, diz, enfatizando que sua experiência no mundo espiritual é real e significativa para ele, mesmo que outros possam não entender ou aceitar.

É PRECISO RESPEITAR
A DIGNIDADE HUMANA

Claudinei conclui a entrevista com uma reflexão sobre a sociedade e o tratamento das pessoas em situação de rua, apelando por mais compreensão e humanidade.

“Para mim, essa entrevista foi importante porque queria falar isso para Olímpia, para a região, porque as pessoas vão entender que muitas pessoas moradoras de rua estão precisando simplesmente de um abraço”, expressa, destacando a importância do respeito e do reconhecimento da dignidade humana

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