04 de maio | 2014
Lançamento de novos loteamentos pode levar mercado imobiliário local ao estouro da bolha
O lançamento de novos loteamentos no município de Olímpia pode levar o mercado imobiliário local a uma situação que pode ser considerada igual ao estouro da chamada “bolha imobiliária”. Por isso, o professor da USP (Universidade São Paulo), engenheiro Gerson Rodrigues de Castro (foto), alerta para que analisem bem os lançamentos de novos investimentos.
Entretanto, durante entrevista que concedeu à reportagem desta Folha da Região e da rádio Cidade FM, comentando o atual momento do mercado imobiliários local, Castro afirma que, por outro lado, espera que isso não venha a ocorrer no caso de Olímpia.
Mesmo assim, quando perguntado se há riscos de uma saturação do mercado, embora não tenha feito relação a alguns dos empreendimentos que já existem, deixou a entender que já há algo estranho na atual situação. “Os sinais imediatos estão localizados e não generalizados, mas pode se ver que alguns empreendimentos estão muito mal administrados, principalmente porque são administradores sem experiência”, comentou.
Para ele está faltando profissionalismo e cumprimento dos estatutos nos quais se baseia todo o sistema administrativo do empreendimento. Por isso, segundo afirmou, “os rendimentos ficam abaixo da taxa, inclusive hoje a menor taxa do mercado financeiro é da poupança que oferece 5% além da TR (Taxa de Referência). Então, quando chega nesse patamar é um forte sinal do esgotamento da expectativa de uma boa rentabilidade”.
LEI DA OFERTA E DA PROCURA
“É evidente pelos pensamentos de empreendimentos da atualidade, que o mercado imobiliário olimpiense, voltado para o turismo, está em fase de aquecimento. Há também ainda uma procura de modo que, na atualidade, o sistema está mesmo em valorização crescente, ainda não muito acentuado, mas os preços estão subindo e isso é um fator preocupante de que no futuro esse crescimento possa se figurar como uma bolha e que ela venha a estourar. O estouro da bolha é algo que se deve fazer de tudo para ser evitado. É aquele acontecimento que, de certa maneira é trágico para a economia local e eu entendo que todos os setores que promovem o desenvolvimento do turismo em Olímpia devem se unir e se entender para que esse crescimento possa continuar dando retorno para todos, para os investidores que adquirem essas propriedades com fina de um retorno ou para ser a aposentadoria ou para uma complementação de renda, que esse resultado seja positivo”.
“É fato conhecido no mercado que, enquanto a demanda é maior do que a oferta os preços sobem devido a procura que sempre é mantida. E no caso olimpiense estão vindo muitos investidores de outras cidade, até de estados mais distantes, a busca desse mercado, de tirar proveito financeiro desse mercado local. Evidentemente está num momento de procura e ainda com um nível de ofertas, embora haja bastante ofertas ainda, mas a procura está sendo ainda equilibrada. Para que seja evitado que essa bolha venha se formar, venha a estourar, é preciso que todos os que estão envolvidos nesses empreendimentos, não só a parte de projeto, construção, as imobiliárias, mas também aqueles que administram esse empreendimentos, tenham consciência e trabalhem com honestidade, profissionalismo, retidão, prestação de contas em dia, para que o investidor tenha confiança no empreendimento. E que o retorno também seja maior que as taxas do mercado financeiro”.
PENSAMENTO ÓBVIO
De acordo com a avaliação de Rodrigues de Castro, para ser interessante para o investidor o retorno tem de ser entre 1% e 2% do capital investido. No caso de 1% o ideal ainda é o investimento no mercado financeiro por causa da liquidez.
“O mercado imobiliário tem uma liquidez mais baixa e quando ocorre uma grande valorização as pessoas que adquirem podem começar a pensar em vender os seus imóveis para embolsar os lucros. E aqueles que compram pensando que vai subir mais e não acontecendo devido ao estouro da bolha, vão ficar com um bem sem liquidez, ou seja, para que ele possa vender será por um preço igual ou menor”, explica.
De acordo com Castro, as empresas que atuam no setor precisam estar capitalizadas para garantir a renda do investidor, porque os investidores são pessoas que pensam no futuro, em benefício próprio ou para membros da família.
“Quando ocorre o estouro de uma bolha os investidores começam a vender seus empreendimentos e não havendo procura o investimento fica desvalorizado, não pelo valor real dele, mas pela lei do mercado (lei da oferta e da procura). Quanto mais oferta menor a procura e consequentemente menor o preço”, avisa.
Prefeito sinaliza para criação de novos loteamentos em Olímpia
Alegando a necessidade de combater a especulação imobiliária, o prefeito Eugênio José Zuliani está sinalizando para a implantação de novos loteamentos em Olímpia. Pelo menos é isso que se pode entender de um texto publicado no site da Prefeitura Municipal após uma audiência pública realizada na Câmara Municipal na terça-feira, dia 29, para tratar de uma adaptação do Plano Diretor da cidade.
O texto diz que os “objetivos das alterações é adaptar o Plano Diretor à alteração do Código Florestal, combater a especulação imobiliária, criando mecanismos para disponibilizar mais terras para urbanização, revitalizar o Distrito Industrial e incentivar o incremento desta atividade no município e possibilitar a regularização de núcleos habitacionais irregulares”.
Na audiência a Prefeitura e a empresa Polis Consultoria apresentaram as alterações da Lei Complementar número 106/2011, que institui o novo Plano Diretor do Município de Olímpia.
De acordo com o prefeito, “Olímpia tinha um plano diretor desde 2000, depois no ano seguinte fizemos, até por solicitação do Estatuto da Cidade, um novo Plano Diretor do Município. Então foi naquele plano que nós delimitamos a Zona Urbana do município e a Zona de Expansão do município. E a partir de 2011, com várias audiências públicas, nós conseguimos chegar próximo do ideal. A cidade vem evoluindo bastante, nós em 2011 nunca imaginávamos que o Hot Beach ia ser construído naquela área, então por isso que existem algumas alterações, o Código Florestal alterou, e precisamos também acompanhar a demanda e o crescimento da cidade”, explicou sobre alguns pontos que precisam ser alterados no Plano Diretor.
“Essa alteração do plano diretor foi motivada por um conjunto de demandas que estão aparecendo ou para os agentes públicos que estão sentindo dificuldade de aplicar o projeto de lei que já foi aprovado, ou as demandas da dinâmica urbana, os problemas que estão sendo enfrentados”, disse Marco Antônio Vilela, da Polis Consultoria.
Na audiência pública foram apresentadas as alterações propostas de textos, artigos e acréscimo de parágrafos, que agora passarão por aprovação na Câmara Municipal de Olímpia.
Além do prefeito e do representante da Polis, a audiência contou com a presença dos diretores da Prodem Amaury Hernandes e do COMUDU – Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano; do secretário de Planejamento Fernando Velho; diretor do Escritório de Captação de Recursos (ECR) João Paulo Polisello; Antônio Jorge Motta, superintendente do Daemo; Flávio Vedovato, diretor de Indústria e Comércio e presidente da ACIO (Associação Comercial e Industrial de Olímpia).
Além de alguns vereadores – apenas três deles; também teve participação de representantes dos residenciais Thermas Park, Veridiana e Tênis Clube; representantes da Associação dos Engenheiros e do Grupo Ferrasa.
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