12 de novembro | 2017

Estamos literalmente condenando sem provas

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NUM DAQUELES …

… momentos de uma pessoa que ainda continua a se estranhar com as coisas que rolam à sua volta, vem um “Insight” ou intuição, como queiram, de que, atualmente, estamos deixando de lado a necessidade de provas cabais, ou mesmo de indícios contundentes para se iniciar uma acusação e estamos partindo diretamente para a condenação pura e simples, inclusive com a aplicação de penas que normalmente ocorreriam após todo um processo onde se eliminasse qualquer tipo de dúvida.

OU SEJA, …

… muitas vezes sem ter presenciado o fato, sem ter ouvido as várias versões dele, sem ter analisado todas as provas e versões sobre o tema, já tascamos a nossa sentença e, na quase totalidade das vezes, condenatória.

PRA QUE …

… provas? Pra que investigações e reflexões? Pra que ficar perdendo tempo estudando os acontecimentos, analisando casos semelhantes na história, tentando visualizar os comportamentos sob a ótica da psicologia e da filosofia, estudando sobre a tal de pós-verdade que pode ter começado com o nazismo de Hitler, onde chegou-se à tese de que uma mentira repetida várias vezes se transforma em verdade? E por aí afora…

ENFIM, …

… não é necessário, hoje em dia, que busquemos aquilo que todo mundo convencionou chamar de verdade, como propriedade de estar o mais conforme possível com os fatos ou a realidade, apenas pelas aparências já nos arvoramos de juízes e prola­tamos nossas sentenças.

SEGUNDO …

… Platão e parte dos gregos pensadores de quase 2500 anos atrás, nos atemos à mera “doxa”, ou a mera opinião sem o balizamento da reflexão crítica, do verdadeiro trabalho científico que seria necessário fazer para se chegar a um conceito plausível, antes de crucificar gregos e troianos.

E O QUE É …

… pior, atualmente, também estamos sendo levados por mecanismos assustadores a fazer isso o tempo todo. Chegamos a destruir vidas, carreiras, enfim, na maioria das vezes, o questionamento é em cima de uma moral hipócrita. Exigimos que os outros sejam aquilo que nunca fomos e talvez, nunca consigamos ser. Nos arvoramos de verdadeiros deuses onipotentes e todos os outros são meras figuras inferiores.

A BIBLIA ATUAL, …

… a constituição que utilizamos nos dias de hoje, não estão escritas naquele grosso livro que 99% das pessoas sabem que existe mas nunca leu, apenas ouviu alguém citar algumas de suas parábolas que, cada frase, dá margem pa­ra centenas de interpretações; e mesmo a constituição que deveria ser a lei maior, garantidora do Estado Democrático de Direito, hoje nada mais é do que um livretinho pra ficar guardado em apenas algumas prateleiras sem que seu conteúdo seja aplicado.

UM CASO …

… gritante deste falso moralismo veio à tona esta semana, incentivado pelo mecanismo que tem se tornado o impulsiona­dor de tais julgamentos e, desta vez, em caráter nacional e não pessoal. E isso é que passa a ser amedrontador.

O JORNALISTA …

… William José Waack que é formado em jornalismo pela Universidade de São Paulo, em ciência política, sociologia e comunicação pela Universidade de Mainz, na Alemanha, foi afastado de suas funções de apresentador do jornal da Globo por fatos totalmente suspeitos e cujo material pode ter sido utilizado por quem tinha interesse pessoal nas consequências.

WAACK, …

… há aproximadamente um ano, na cobertura da eleição dos Estados Unidos, teria deixado escapar um impropério que seria considerado racista.

MINUTOS …

… antes de entrar ao vivo ao lado do entrevistado Paulo Sotero, do Wilson Center, Waack xinga um carro que estava buzinando na rua, vira-se para o convidado do programa e afirma duas vezes em tom baixo que o barulho na rua é coisa de “preto”. Depois de reclamar das buzinadas, o apresentador diz: “Você é um, não vou nem falar, eu sei quem é…”. E depois, virando-se para o convidado diz: “É preto”.

O CARA É …

… racista! Tem que ser afastado mesmo! Aliás, teria é que ir pra cadeia, poderíamos condená-lo de imediato levados pelo “climão” fascitoide que está instalado neste país de falsos moralistas corruptos que somos todos nós.

MAS, …

… como todo “mas” sempre vem carregado de um “porém”, quem nunca cometeu este despautério que atire a primeira pedra. E se não foi esse, vamos registrar aqui outros semelhantes, mas que certamente ou você já pronunciou ou ouviu alguém apregoar. “Olha a cor do fdp!”, “Quando não … na entrada … na saída”.

ORA, …

… senhores, nossa educação, nossa moral é e continua sendo precon­ceituosa. Somos um país de alfabetizados funcionais (que não sabe ler e interpretar um texto), verdadeiros robôs de carne e osso, logo logo inferiores aos robôs fabricados pelo avanço da tecnologia.

CLARO, …

… temos que evoluir e temos que nos convencer de quem somos inicialmente, para poder nos livrar destes preconceitos que nos dominam e os três principais são o preconceito contra a mulher, de gênero e o próprio racismo. “Mulher no volante, perigo constante”;  “Mulher tem de se dar ao respeito”, “não sou precon­ceituoso, tenho até um amigo negro” e “pode ser gay, mas não precisa beijar em público”.

SEGUNDO O …

… Ibope, o brasileiro não tem consciência de que as coisas que diz demonstram preconceito. Uma pesquisa realizada por este instituto questionou se os entrevistados têm algum tipo de preconceito. Das 2.002 pessoas abordadas, 17% disseram “sim” e 83%, “não”. Em seguida, os pesquisadores apresentaram frases racistas, machistas, homofó­bicas e gordofóbicas, e perguntaram se eles já fizeram os comentários. Simplesmente 73% admitiram ter falado frases preconceituosas.

AGORA …

… se formos analisar as circunstâncias em que se deram os fatos, o caso fica mais estarrecedor. A Globo, segundo saiu na mídia, apenas guarda as gravações que não foram ao ar, como é o caso do registro do impropério de Waack, por um período de seis meses. E o vídeo só foi divulgado, não se sabe por quem, após um ano dos fatos, levando a crer que alguém surrupiou as imagens dos arquivos da toda poderosa e jogou, sabe onde, nas redes sociais, com comentários destroçando o jornalista.

ENQUANTO …

… usamos os comentários de páginas na internet e mesmo no Facebook, ou disseminamos nosso ódio pelo Whatsapp para destroçar o outro mais próximo, o desafeto, por exemplo, o cenário é pequeno, as consequências, embora também destruidoras, não tem seus efeitos ampliados para toda uma nação.

QUANDO DECRETAMOS …

… pelas redes sociais que uma mulher é puta, um homossexual é viado, um negro é preto e raça inferior, ou que mulher nasceu para “choferar” fogão, estamos afetando a moral de alguém específico num espaço específico e geralmente próximo da gente, ou mesmo longe, que não vai ter consequência geral.

MAS QUANDO …

… estes mesmos mecanismos são usados para se fazer patrulhamento ideológico em que se consegue manipular o inconsciente coletivo para este ou aquele lado, aí as consequên­cias podem ser drásticas, pois quando interesses particulares conseguem ser impostos pela manipulação da consciência da maioria de uma população, o resultado pode ser devastador e destrutivo para este próprio povo.

A MANIPULAÇÃO …

… das massas sempre existiu e vem crescendo de forma mais contundente após o período da industrialização, através da chamada indústria cultural, quando o interesse dos sistemas passaram a manipular as manifestações culturais e artísticas, de forma sublinear, fazendo com que o pobre continue sempre pobre e defendendo a minoria que explora a sua pobreza tanto material quanto espiritual.

MAS, AGORA, …

… com o advento das redes sociais, principalmente o tal do Facebook, tornou-se ferramenta de imposição de mentiras deslavadas e que atendem a interesses de grupos específicos.

E O QUE É …

… pior, e aí é que mora o perigo, já existem mecanismos de inteligência artificial, os chamados “robots”, que trabalham em velocidade espantosa nas redes sociais, difundindo comentários e defendendo teses de interesses pessoais aos borbotões e em rapidez incrível.

PESQUISADORES …

… da área, já conseguiram levantar provas de que a inteligência artificial, disparando milhares de “posts” (comentários nas redes sociais) e defesas de teses de interesses de grupos políticos, foi utilizada na campanha para derrubar a presidente Dilma, o PT e o ex-presidente Lula, criando um verdadeiro clima de caça às bruxas.

O MESMO …

… mecanismo com inteligência artificial foi usado pelo governo federal, que teria pago com dinheiro público um trabalho deste tipo para a defesa da reforma trabalhista, da educação e outras que foram socadas a fórceps nossa goela abaixo.

NÃO SE …

… está aqui defendendo que os fins justificam os meios e que não é preciso combater a corrupção. Com certeza esta tem que ser extirpada. Mas é preciso também mudar a consciência das pessoas através da educação (que vem de casa e da escola) e isto não está acontecendo e nem vai acontecer tão breve. Então continuaremos todos corruptos e aceitando a corrupção. Ou você acha que nunca praticou nenhum ato de corrupção. Vá ver no dicionário o que significa corrupção e depois faça um “remember” na sua consciência pra ver se você pode atirar a primeira pedra.

José Salamargo … temeroso ao olhar o futuro, pois com tantas variantes não dá para avaliar nem sombra de quão assustador é o que vem por aí. Quem viver e sobreviver, verá …

 

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