29 de outubro | 2023

Escândalo das terceirizadas lança desconfiança sobre a gestão de Cunha

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A sombra da improbidade: o engavetamento da CEI e a necessária transparência em Olímpia. Enquanto a população clama por respostas, movimentações políticas colocam em xeque a integridade do processo democrático.

 

DO CONSELHO EDITORIAL

No complexo e multifacetado cenário político de Olímpia, a semana que se passou destacou-se por um evento que suscita tanto indignação quanto preocupação entre os cidadãos: o engavetamento da CEI, Comissão Especial de Inquérito, destinada a elucidar o escândalo envolvendo empresas terceirizadas pela gestão municipal.

Em essência, este escândalo gira em torno da contratação de empresas para fornecer mão de obra para funções essenciais nos estabelecimentos municipais. Estas empresas, mesmo após receberem os pagamentos devidos pela prefeitura, supostamente deixaram de cumprir com suas obrigações salariais e indenizatórias junto aos trabalhadores contratados. A inércia destas empresas, somada à aparente falta de fiscalização adequada por parte da gestão municipal, gerou um rastro de indignação e desconfiança.

Dada a gravidade das alegações, esperava-se que o legislativo municipal assumisse um papel proativo na busca pela verdade, defendendo os interesses e anseios da população. No entanto, o que se viu foi uma divisão preocupante entre os vereadores. Seis optaram pelo engavetamento da CEI, enquanto três votaram favoravelmente à investigação. A questão que se coloca é: por que não seguir com uma investigação que poderia, se não constatar irregularidades, ao menos esclarecer e tranquilizar a população?

A resposta a essa pergunta pode estar nas ações e intervenções do executivo municipal. Relatos indicam que, no dia da votação, o prefeito Fernando Cunha, ausente da cidade, convocou uma reunião com os vereadores, delegando a um assessor político (com suspeitas de irregularidades e até de participação através de terceiros em uma das empresas) a tarefa de comunicar sua vontade expressa de arquivar a CEI. E mais preocupante: alega-se que tal decisão veio acompanhada de ameaças veladas de retaliação política contra os vereadores que se opusessem.

Tais alegações, se verdadeiras, lançam uma sombra de impropriedade sobre a gestão de Cunha e ameaçam corroer a confiança da população no processo democrático. O uso de cargos e regalias como moeda de troca para influenciar decisões legislativas é inaceitável e denota uma perigosa concentração de poder.

A estratégia do executivo em desviar o foco da situação, promovendo shows e anunciando obras futuras, apenas agrava a sensação de que há algo a esconder. E a suposta manipulação de uma ex-vereadora para entrar com um pedido de cassação contra um dos vereadores pró-CEI sugere um jogo de interesses e vinganças políticas que foge ao propósito essencial da administração pública: servir ao povo.

É fundamental que, em tempos de crise de confiança como este, os líderes eleitos demonstrem integridade, transparência e comprometimento com o bem público. O escândalo das terceirizadas não é apenas uma questão de finanças ou gestão, mas um teste para a resiliência e robustez das instituições democráticas de Olímpia.

Se não há nada a esconder, que se dê luz à investigação. O engavetamento da CEI, sob a sombra de supostas pressões do executivo, apenas perpetua a desconfiança e o ceticismo entre os cidadãos. É tempo de colocar os interesses da população à frente de disputas políticas, garantindo a transparência e o direito à informação.

Em suma, o povo de Olímpia merece mais. Merece líderes comprometidos com a verdade, com a justiça e, acima de tudo, com a essência da democracia. E enquanto o escândalo das terceirizadas permanecer envolto em mistério e manobras políticas, a confiança na gestão municipal continuará em xeque.

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