14 de abril | 2024

Caos na UPA: Um Grito de Socorro pelo Fim do Uso Político da Saúde

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“É preciso entender que a inação e incompetência nesta área têm consequências diretas na vida e na morte de milhares de pessoas”.

 

José Antônio ArantesA Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Olímpia, em um dia qualquer de terça-feira, transformou-se num palco de desespero e indignação. O que deveria ser um refúgio seguro para os necessitados de cuidados médicos rapidamente se converteu num cenário de filme de terror, onde longas esperas e a falta de infraestrutura básica prevaleceram.

As primeiras horas da manhã já antecipavam o caos. Cidadãos, especialmente aqueles mais vulneráveis que constituem mais de 80% da população local, enfrentaram uma espera interminável e um calor sufocante, exacerbado pela falha dos sistemas de ar-condicionado e mesmo ventiladores ineficientes fixados num teto cheio de bolor, por causa da falta de manutenção do prédio onde funciona.

São condições precárias que não podem ser aceitas para um local onde se pretende atender doentes em situação de urgência. Em meio ao calor e ao estado de abandono do prédio, os pacientes e seus familiares aguardavam, desgastados e angustiados, um atendimento médico que parecia nunca chegar.

A falta de planejamento e de gestão adequada, com a Secretaria de Saúde se tornando mais um gabinete político do que um órgão focado no bem-estar da população é inaceitável. Esta terça-feira fatídica foi apenas um exemplo, um microcosmo, dos problemas sistêmicos que afligem a saúde pública local.

É chocante e profundamente triste ver a UPA, que deveria ser um exemplo de cuidado e eficiência, ser reduzida a um estado de quase abandono. O desespero era palpável entre aqueles que dependem desses serviços essenciais.

Em um dos momentos mais tensos do dia, pacientes exaustos, após horas de espera, foram informados de maneira insensível por atendentes que, caso estivessem insatisfeitos, poderiam “chamar a polícia”. Tal resposta é um reflexo amargo da falta de preparo e sensibilidade dos responsáveis pelo atendimento na unidade.

A crise na UPA não é um incidente isolado, mas sim um sintoma alarmante de uma doença muito maior que aflige nosso sistema de saúde. Esse cenário de negligência tem se tornado frequentemente notícia, e ainda assim, as soluções parecem tão distantes quanto antes.

A população de Olímpia merece mais que promessas vazias e gestões paliativas; merece um sistema de saúde que funcione eficazmente todos os dias, para todos. Observadores locais e usuários da UPA descreveram a unidade como um cenário caótico, mais adequado a uma trama de horror do que a uma instituição de saúde.

Na fatídica terça-feira, que não era 13, crianças, muitas com febre alta, eram as mais afetadas. Imaginem o desespero dos pais, impotentes, tentando confortar seus filhos em um ambiente tão hostil.

A saúde é um direito básico, um pilar fundamental para o desenvolvimento de qualquer sociedade. Não pode e não deve ser tratada como uma questão secundária ou como um mero instrumento político de um prefeito em fim de carreira que parece ter ligado o “foda-se”. É preciso entender que a inação e a incompetência nesta área têm consequências diretas na vida e na morte de milhares de pessoas.

Após o dia de caos, a comunidade espera por respostas e ações concretas dos responsáveis. Os cidadãos têm o direito de exigir e esperar que a saúde seja tratada como uma prioridade absoluta na agenda política e administrativa da cidade.

É necessário um plano de ação imediato, colocando gente que entenda do setor para administrar a saúde de Olímpia e para resolver esses problemas recorrentes e para garantir que não se repitam. É preciso uma infraestrutura adequada, de profissionais bem preparados e de um sistema que verdadeiramente valorize a saúde do cidadão.

Como abordado no podcast “Pod Pai e Filha”, é crucial que a comunidade se mantenha informada e engajada, pressionando constantemente os responsáveis pela gestão da saúde pública. Não se pode permitir que continue sendo tratada com descaso. É essencial que as promessas feitas em períodos eleitorais se convertam em ações efetivas e duradouras.

É preciso olhar para os estabelecimentos de saúde local, como a UPA, os postinhos e a Santa Casa, não apenas como linhas em um relatório orçamentário, mas como centros vitais para a preservação da vida e da dignidade humana.

A comunidade não pode ficar à margem, esperando por uma melhoria que talvez nunca venha. É preciso cobrar, denunciar e espernear ativamente, exigindo mais. É hora de transformar o desespero e a frustração em ação para garantir que a saúde em Olímpia volte a ser uma verdadeira prioridade, e não apenas mais uma promessa esquecida.

É o sagrado direito à vida que está em jogo, e por ele é preciso lutar com todas as armas para que seja respeitado e preservada a dignidade do ser humano, e não ser tratado como se estivesse numa senzala, esperando a cusparada de um prefeito ditador que acha que tudo pode, mas que não é onipotente e, em final de governo, parece ter entendido que o lado mais pobre da cidade é habitado apenas por escravos que devem abaixar as cabeças ao som de sua chibata.

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