28 de abril | 2024

Uma semana para riscar da história

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“O pior de tudo é que, pelo grau do estágio das síndromes que afetam o “coroné” (de Narciso que só acha feio o que não é espelho; de quem quer impor a tudo e a todos os seus desejos), não há como se vislumbrar nenhuma luz no fim do túnel”.

 

José Antônio Arantes
“A crônica de uma morte anunciada”. Parafraseando o título do livro de Gabriel García Márquez publicado em 1981, Olímpia viveu uma semana para ser extirpada de sua história. Um menino de dois anos e meio ficou sem mãe em razão de uma série de dissonâncias de um sistema de saúde comandado por um grupo de políticos que já provou não ser competente para gerir a pasta e em passado não muito distante também ficou marcado por outra morte que chocou a sociedade local.

Foram muitas idas e vindas no verdadeiro hospital de campanha (aqueles utilizados em guerras), que se transformou a UPA – Unidade que não é de Pronto Atendimento, mas de espera incansável e sofrida para ser atendido, além de ser desorganizada e estar totalmente deteriorada, não só em sua estrutura de funcionamento, mas no próprio prédio, onde ares-condicionados estão quebrados ou desligados (tem até ventilador sem as hélices que não movimentam mais o ar), teto embolorado, com poucos leitos e quase sempre se transforma em um campo de concentração nazista, com experiências esdrúxulas sendo levadas a efeito por quem não está preparado para ali estar.

Onde, por não ter exames e nem material adequado, médicos inexperientes (nem todos), aplicam Tramal em quem está com dores por causa da dengue; tratam covid como se fosse virose, e sempre mandam a pessoa para casa após aplicar analgésico (que várias vezes ficou em falta na farmácia municipal).

Num dos comentários publicados na rede social esta semana, está escrito que foi indicado para uma mulher que tinha dores nos braços, no ombro e nas mãos que procurasse um psiquiatra, dando a entender que o problema dela era meramente emocional e, ao depois, sendo tratada em Rio Preto, descobriu-se que realmente eram doenças tratáveis como tendinite, por exemplo.

No caso da mulher falecida com dengue hemorrágica, cujo pai teve que ouvir a criança de dois anos e meio clamar pela mãe após voltar para casa, após enterrá-la no cemitério São José, foram quatro idas e vindas à Unidade de Péssimo Atendimento (UPA) e mais outras tantas ao “dengolário” ao lado do “Postão”, para acabar morrendo exalando sangue pela boca e pelo nariz, nos braços da mãe que a estava cuidando.

São cenas dantescas de uma cidade desgovernada, que sangra pisoteada pelas botas do tirano narcisista “Coroné Ferdinando”, para quem o povo é calculado como se fosse quilos de dejetos jogados numa lagoa, cujo único tratamento é o estalar das chibatas da perseguição e da imposição de seus desejos, para poder sobreviver com as migalhas que sobressaem do pisar de suas botas.

O rei, ao perder seu braço direito, teve que arrumar vários tentáculos para auxiliá-lo na tarefa árdua de contrabalançar seus arrufos e “turrices” ditatoriais com a amenização dos efeitos da aplicação de suas ideias elitistas e próprias dos antigos coronéis, para quem todos os outros não passavam de escravos, meros animais que tinham que sobreviver em currais chamados senzalas.

O pior de tudo é que, pelo grau do estágio das síndromes que afetam o “coroné” (de Narciso que só acha feio o que não é espelho; de quem quer impor a tudo e a todos os seus desejos), não há como se vislumbrar nenhuma luz no fim do túnel.

Serão mais oito meses de medo pelos perseguidos que ousam se manifestar, de escândalos e aberrações administrativas como terceirizadas, perueiros e até contratação de jornais desconhecidos.

Mas é preciso orar (quem acredita) e enviar energias positivas (quem é agnóstico ou ateu) ao rei para que não tome mais nenhuma medida como colocar políticos para gerir a saúde local e a gente ter que assistir boquiaberto, estupefato e impotente a estas situações de morte por causa de um sistema capenga, desorganizado e sem planejamento.

Pela ótica do amor incondicional, é preciso torcer para que o ser humano que está por detrás do rei acorde a tempo de não ser atingido pela lei da ação e reação e tenha que pagar, no tempo que lhe resta, por desmandos e atitudes que cometeu acreditando que a vida seja assim e que os pobres têm sempre que perder e até morrer para que ele continue a mandar no jogo.

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