25 de junho | 2017
Cunha, uma incógnita ou o esboço de um governo técnico?
Do Conselho Editorial
O governo de Fernando Cunha acena para um governo mais técnico, diferentemente de seus antecessores, mas sem perder o viés populista.
Pode parecer paradoxal e sem sentido algum esta perda entre dois polos tão distintos de discussões antagônicas, mas é assim que parece se comportar Cunha.
Se de um lado os cargos em comissão foram divididos entre os próximos, apoiadores de campanha, indicações de vereadores, amigos e outras ações nefastas da tradicional política brasileira, de outro, acena-se para a contratação de empresa para descobrir como funciona e fornecer dados de como deveria funcionar a travada burocrática e ineficiente máquina pública.
Se de um lado se contrata, sem nenhum comprometimento com as questões técnicas, de outro, se busca empresa exatamente para se conseguir imprimir à máquina pública o diametralmente oposto ao que se pratica.
Ao mesmo tempo que se gasta de forma supérflua, alardeia-se a vontade de que ocorra o contrário do que a prática evidencia, exatamente por se ter noção do quanto é prejudicial para o funcionamento da máquina pública, em termos de eficácia e boa prestação de serviços, a forma nociva que se leva a efeito.
Seria quase, ou uma constatação do quanto são fronteiriços os governos no Brasil, razão pela qual, nas redes públicas estas contratações de empresas que visam corrigir desmandos e mazelas da coisa pública são vistas muito mais como fórmula de jogar mais dinheiro público ralo abaixo que vontade de correções de rumo.
A bem da verdade, não há como acreditar que um governo cujas ações se aproximam, das que tiveram os múltiplos governos centralizadores que a cidade abrigou possa, repentinamente dar um salto à frente praticando ações voltadas para o fisiologismo e para o passado.
Para os pensadores dos facebook e whatsap, Cunha faz um governo voltado para a elite e preocupado com a proteção do sistema que privilegia a posse, a propriedade.
Uma empresa que diagnosticasse a realidade da governança no município e apontasse caminhos para torná-la mais eficiente seria notável e necessária, na medida que poderia redundar em benefícios econômicos e serviços de qualidade prestados pela sempre inerte máquina pública.
Porém, não é nisto que se pode crer, por não ser exatamente isto o que se está vendo pelo menos até aqui. Há um confronto entre a pretensão apontada por Cunha nas justificativas de contratação da empresa e sua postura diante do comando do município, principalmente no inchaço da máquina pública com cargos comissionados que prometeu reduzir.
Isso tudo deixa no ar a dúvida de que realmente seria o gestor tão amplamente anunciado durante a sua campanha.
Óbvio que a maioria da população, ao contrário de entender que pode ser o começo de uma solução, acaba por colocar em dúvida a imagem do gestor, de alguém capaz de solucionar os problemas de uma cidade da dimensão de Olímpia, quando anuncia uma empresa que vai dar o norte da máquina pública e apontar o sul faltante.
Principalmente se a alegação para contratação seria tornar o trabalho mais técnico e trazer economia para o munícipio quando se contrata sem nenhuma exigência de ordem técnica, para cargos comissionados, que muitas vezes parecem desnecessários ao bom funcionamento da máquina pública e muitas outras vezes são mesmo totalmente desnecessários.
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