30 de dezembro | 2023

Comigo é no jiló!

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“No arr, atenção passageiros com destino a Olímpia, portadores de ficha cor de curupira caipira, portão X, e se piquem!!”

 

João Victor Moré Ramos

Como não lembrar das frases icônicas de Galeão Cumbica na escolinha do professor Raimundo, quando a cidade se prepara para alçar um voo, que dessa vez, ao que tudo indica, não será de galinha, quero dizer, verde galinha. Olímpia, começa nesse final de ano a construir a quarta geração de seu desenvolvimento endógeno ex-ante.

Se na época da pujança do café nos anos 20 do século passado, – tendo como prefeito o rei do café Geremia Lunardelli – a cidade pode desfrutar junto das frentes pioneiras de imigrantes que aqui chegaram o auge do desenvolvimento econômico e do prestígio social como cópia da capital em seus sobrados e casarões, a estagnação e decadência posterior só encontrou respostas com algumas iniciativas industriais e comerciais a partir dos anos 1970 cujos formosos campos de laranjais transformaram a região na chamada califórnia brasileira até ser subsumida nos anos 1990 pelo processo de concentração e centralização de capitais de industriais da antiga boca do sertão de Araraquara, como foi o caso da família Cutrale.

Disso resultou, duas vias de desenvolvimento distintas e dialeticamente articuladas em uma unidade de contrários, colocando Olímpia em sua terceira geração do desenvolvimento, já que na questão agrária, a cana-de-açúcar ultrapassava o velho quadrilátero colonial (Sorocaba, Piracicaba, Mogi-Guaçu e Jundiaí) e chegava no sertão do oeste paulista com a expansão do setor sucroalcooleiro, com a usina Guarani a frente, e, por outro lado, nas atividades urbano-industriais, iniciava-se a batalha pela transição e diversificação produtiva da qual o planejamento territorial voltava-se como condição sinequa non a edificação de uma geografia do turismo.

Ora, durante essas duas décadas do terceiro milênio, a cidade pode alçar um voo de maior envergadura, visto que, conseguiu atrair capitais locais e regionais na implementação das primeiras etapas dos ciclos econômicos que condizem com a construção de um polo de crescimento ancorados nas atividades turísticas, traduzidas sobretudo pelo setor de serviços de utilidade pública e equipamentos urbanos. Serviços como hospedagem, hotelaria, gastronomia, entre outros se multiplicaram numa velocidade que, se de um lado desperta inquietude aos citadinos de origem mater, de outro, aparece como um desafio aos novos planejadores e gestores públicos na promoção da continuidade do processo de desenvolvimento econômico-social da urbe.

Diante desse quadro, é preciso dizer que os próceres que aqui governarão, dever-se-ão estar atento as mudanças que estão em curso no mundo, a começar pelos ventos que sopram do Oriente, – o novo centro dinâmico da economia mundial – com a construção da nova rota da seda, que já atinge a América Latina, e ronda esse nosso velho sertão.

Smart Cities, Chat João PT, blockchains, fusão nuclear, indústria verde, etc, já é leitmotiv, quando não palavras de ordem para o segundo quartel desse século XXI. E, se Olímpia pretende-se a sua internacionalização, deve começar a fincar suas raízes aéreas com o pé no chão, isto é, raízes pneumatóforos que crescem contra a gravidade preservando sua identidade com muito folclore e muita arte, pois de Orlando, só a banca da São João. E quem não lembra da ex – quadrilha da fumaça no nosso velho campo de aviação?

Hoje, o tempo voa amor, e sem a criação de um polo cultural e intelectual nesse vale com seus soberbos espigões, restará somente birutas de aeroporto e morcegos comendo os mamões maduros!

Armando de Sales Oliveira tinha razão, Scientiavinces!!!

 

“Thankyou, veryyou macho”

E vai fundo que eu tô na proa!!!

Prof. Dr. João Victor Moré Ramos

 

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