“(…) é vital que as pessoas não subestimem o ronco e busquem orientação médica diante de sinais de apneia do sono. As opções de tratamento são diversas e podem significar não apenas noites mais tranquilas, mas uma melhoria substancial na qualidade de vida e saúde a longo prazo”.

Matheus Sgarbi Vergaças

No silêncio da noite, um som intermitente perturba o sossego de muitos lares. Falamos do ronco, fenômeno tão comum quanto incomodado, que afeta cerca de 40% dos adultos. Contudo, além do desconforto auditivo, o ronco pode esconder um perigo mais sério e silencioso: a apneia do sono, uma condição que, sem o devido tratamento, pode ter consequências severas para a saúde.

A apneia do sono é uma doença que se caracteriza por pausas na respiração durante o sono. Essas interrupções podem durar de alguns segundos a minutos e se repetir diversas vezes ao longo da noite. Sua origem pode ser variada, incluindo fatores como obesidade, obstrução das vias aéreas ou alterações na anatomia facial.

As consequências de não tratar essa condição podem ser graves, abrangendo desde sonolência diurna excessiva, que afeta a qualidade de vida e aumenta o risco de acidentes, até complicações cardiovasculares sérias como hipertensão, infarto e AVC. Ademais, problemas cognitivos, depressão e alterações de humor também são comuns em quem sofre dessa condição.

O diagnóstico da apneia do sono é realizado através de um exame detalhado chamado polissonografia. Este teste monitora diversos aspectos fisiológicos durante o sono, permitindo uma avaliação precisa da condição. Felizmente, existem tratamentos eficazes que variam de acordo com a gravidade da apneia, incluindo mudanças no estilo de vida, uso de dispositivos de avanço mandibular, terapia de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) e até cirurgia, em casos mais graves.

Além das abordagens tradicionais, a medicina avança na busca por soluções inovadoras para o tratamento do ronco e da apneia do sono. Dentre estas, destacam-se terapias com laser para redução do tecido obstrutivo, neuroestimulação para controle da respiração e implantes de dispositivos que ajustam automaticamente a posição da língua, mantendo as vias aéreas desobstruídas.

Diante deste cenário, é vital que as pessoas não subestimem o ronco e busquem orientação médica diante de sinais de apneia do sono. As opções de tratamento são diversas e podem significar não apenas noites mais tranquilas, mas uma melhoria substancial na qualidade de vida e saúde a longo prazo.

Em suma, enquanto a ciência avança na compreensão e tratamento da apneia do sono, a conscientização e a procura por diagnóstico precoce são passos essenciais. Com as abordagens corretas, é possível enfrentar essa ameaça silenciosa e desfrutar de noites de sono profundas e restauradoras, essenciais para uma vida saudável e plena.

Matheus Sgarbi Vergaças é médico otorrinolaringologista em Olímpia e São José do Rio Preto.