02 de julho | 2023

Bolsonaro inelegível, as razões e o que pode mudar

Compartilhe:

“Quem tem racionalidade sabe que esta decisão é apenas uma de muitas que virão e pelos exageros cometidos não há espaço para se dizer que possa ser injustiça ou perseguição”.

 

Do Conselho Editorial

A decisão acerca da inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro pelo TSE abre uma série de discussões sobre a política brasileira.

A primeira é a de que o ex-presidente, embora tenha disponibilizado fortunas para vencer as eleições, passa para a história como o único que não conseguiu se reeleger após a instalação da reeleição no país.

Também como o terceiro presidente a ficar inelegível na história do Brasil, estando na galeria com Collor de Mello e Luis Inácio Lula da Silva, sendo que a inelegibilidade de Lula foi revertida nos tribunais.

No caso de Bolsonaro,as razões a motivar as ações para questioná-lo nos mais diversos tribunais são amplas e com o passar do tempo virá a público o resultado de cada uma delas.

Fora a ação impetrada pelo PDT, cujo julgamento culminou com sua inelegibilidade na sexta-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro acumula outras 15 Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pedem sua inelegibilidade e foram apresentadas em 2022.

Não podem ser consideradas poucas e muito menos pode se pensar que as motivações não possam ser idôneas.

O ex-presidente forneceu material bastante robusto para ser alvo de investigação tanto na esfera eleitoral quanto na esfera penal onde acumula uma série de outros procedimentos investigativos e processos.

Conseguiu com seu extremismo acumular seis denúncias no Tribunal Penal internacional por, em tese, cometer crime contra a humanidade.

O governo Bolsonaro foi alvo na ONU de mais de 40 denúncias por violações de direitos, perseguição à população indígena, ataques ao meio ambiente, desmonte de mecanismos de combate à tortura e até a negação da ditadura civil-militar.

Em júri simbólico, o Tribunal Permanente dos Povos condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro por crimes contra a humanidade no Brasil e violação dos direitos humanos durante a pandemia da Covid-19.

Em razão de suas declarações irracionais, preconceituosas, irresponsáveis e distantes do que se espera do primeiro mandatário de uma nação, sob seu governo, o país viveu seu pior momento internacional.

Não se pode negar que durante seu mandato tanto seus admiradores quanto seus opositores acreditavam que caso não fosse reeleito ocorreria algo semelhante a invasão do Congresso americano por parte de eleitores de Trump.

Aqui a tragédia foi ampliada com a invasão dos três poderes.

Para terminar o relato, que deveria ser vergonhoso, para quem ocupa cargo de tamanha envergadura, existem ainda vários processos na esfera penal e civil por ataques desferidos pelo ex-presidente a políticos e cidadãos comuns.

Evidente que foi o ex-presidente que mais se esforçou para ser punido pelas mais variadas instâncias jurídicas do país e forneceu material para avanços extra territoriais contra si.

Esta primeira condenação dos Ministros do TSE é apenas uma dentre as muitas que virão baseadas nos antecedentes e no currículo marginal do ex-presidente.

Mesmo que os bolsonaristas mais fundamentalistas não aceitem a realidade, Bolsonaro é um dos três presidentes que ficaram inelegíveis no Brasil com uma ficha corrida muito extensa para ficar apenas inelegível como os outros ex-presidentes.

Quem tem racionalidade sabe que esta decisão é apenas uma de muitas que virão e pelos exageros cometidos não há espaço para se dizer que possa ser injustiça ou perseguição.

Contra fatos não há argumentos e no caso, são fartos os motivos.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas