03 de dezembro | 2022

A guerra de narrativas, uso de realidade paralela, ou guerra hibrida.

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“O que se pode observar é que surgiu, brotou das
entranhas desta
nação, um sem número de pessoas
para quem qualquer argumento,
por mais tosco
que seja, que se adeque ao que gostaria de ouvir ou ler
,
é suficiente para ser transformado em verdade absoluta”.

 

 

Do Conselho Editorial

Para se entender o momento difícil que o Brasil vive, que alguns atribuem a conflitos políticos ideológicos, polarização ou discussão entre dois polos que buscam o poder, necessário recorrer a Andrew Korybko que elaborou um novo conceito que convencionou chamar de Guerra Híbrida.

Esta seria, por exemplo, uma das maneiras para entender mais detalhadamente, a tática político-militar dos Estados Unidos para substituir governos não alinhados à sua política no século XXI.

Ao contrário da tradição estadunidense, iniciada no século XIX, de invadir militarmente outros países ou de apoiar golpes e ditaduras militares em toda América Latina, passa-se a discutir o novo milênio e a nova configuração geopolítica.

Esta experiência exige um novo modelo de guerra indireta, no qual as tradicionais ocupações militares podem dar lugar a golpes e operações indiretas para troca de regime, que são muito mais econômicos e menos sensíveis do ponto de vista político.

A guerra híbrida é a combinação entre revoluções coloridas eguerras não convencionais.

Neste novo modelo de guerra, as revoluções coloridas, largamente planejadas anteriormente e utilizando ferramentas de propaganda e estudos psicológicos combinados com o uso de redes sociais, consistem em desestabilizar governos por meio de manifestações de massas, em nome de reivindicações abstratas como democracia, liberdade etc.; elas são a fagulha que incendeia uma situação de conflito interno.

Nesta chave nascem a revolução colorida e o golpe brando.

Se ela não for suficiente para derrubar e substituir o governo, avança-se para o estágio da guerra não convencional,aquelas combatidas por forças não regulares, sejam guerrilhas,milícias ou insurgências.

Este é o momento do golpe rígido.

Ao mesmo tempo, quanto mais estas operações ocorrerem nas proximidades dos países-alvo, menores as necessidades e chances de se recorrer a guerra direta.

Ha mais de dois mil anos, o estrategista militar da China antiga Sun Tzujá se dava conta de que a guerra indireta é uma das formas mais eficazes de combater um inimigo.

Ela permite que um oponente derrote o adversário sem enfrentá-lo diretamente, economizando assim os recursos que seriam despendidos em um confronto direto.

Atacar um inimigo indiretamente também pode atrasá-lo e colocá-lo na defensiva, deixando-o assim vulnerável a outras formas de ataque.

A guerra indireta também impõe certo custo de oportunidade ao lado defensor, visto que o tempo e os recursos que ele acaba tendo que empreender para lidar com o ataque indireto poderiam, não fosse o caso, ser mais bem utilizados em outras áreas.

Além das vantagens táticas, há também as estratégicas.

Pode ser que existam certas restrições (por exemplo,alianças, paridade militar etc.) que impeçam uma parte de lançar hostilidades diretamente contra a outra.

Neste caso, a guerra indireta é a única opção para desestabilizar o adversário.

Com a colaboração do livro “GUERRAS HÍBRIDAS das revoluções coloridas aos golpes”, de Andrew Korybko, consegue-se chegar até aqui para tentar explicar um pouco do que ocorre no país.

O cidadão premiado com o senso comum, que baseia sua noção de realidade nos WatsApps, Facebookse Instagrans da vida, construindo através de Fake News uma realidade paralela, não se atenta que está sendo massa de manobra de interesses que oculta disputas financeiras bilionárias.

Até onde se sabe, e, revelado pelo jornal The Washington Post, dos Estados Unidos, o ex-presidente americano Donald Trump teria aconselhado a família Bolsonaro a contestar o resultado da eleição à Presidência no Brasil.

Segundo a publicação, o conselho foi dado em encontro com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com o jornal, em reportagem publicada recentemente, Eduardo Bolsonaro fez reuniões depois do segundo turno da eleição no resort de luxo Mar-a-Lago, que pertence a Trump, em Palm Beach, na Flórida.

Consta que ele também teria conversado com outros aliados políticos pelo telefone.

Nenhum membro da família Bolsonaro veio a público negar o encontro e o conselho, de onde se presume que seja verdadeira a notícia.

E esta constatação faz presumir que existe um movimento visando desestabilizar o próximo governo através do que se convencionou chamar de Guerra Híbrida e a comprovação está evidente na quantidade de mentiras que são publicadas nas redes sociais e nos meios de comunicação ligados ao atual governo.

Em razão da falta de apoio dos comandos militares, se a primeira faz o plano não funcionar, como indica, pelos sinais de recuo do movimento, não acontecerá a intervenção militar tão solicitada nestes movimentos.

Não há clima interno e externo para que ocorra.

O que se pode observar é que surgiu, brotou das entranhas desta nação, um sem número de pessoas para quem qualquer argumento, por mais tosco que seja, que se a de que ao que gostaria de ouvir ou ler, é suficiente para ser transformado em verdade absoluta.

Do crer em fantasias e delírios, a guerra de narrativas, o uso de realidade paralela, o estimulo à guerra hibrida é um pulo.

A realidade pode ser escamoteada, oculta, disfarçada, um dia brota e rebrota das pedras, do fundo dos abismos onde foi jogada para ser esquecida e volta à luz do dia para demonstrar que depois de quatro dias de carnaval acontece à quarta-feira de cinzas.

E a ressaca de séculos vem pra mostrar que as irresponsabilidades, os despropósitos, têm preço que às vezes não se apresentam em dores de cabeça passageiras por ter efeito permanente na história dos que insanamente se jogaram nesta aventura criminosa de tentativa de destruição da democracia.

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