05 de fevereiro | 2012

Saúde pode piorar ainda mais com a chegada da UPA

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Ao contrário do que vem sendo apregoado e até esperado pelo prefeito Eugênio José Zuliani, a situação da saúde pública pode até piorar em Olímpia após a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), prevista para o final deste mês, se não houver mais nenhum acidente de percurso.

A primeira vista é que, com as internações passando a depender única e exclusivamente de médicos da UPA, a população passará a ter problemas para conseguir uma internação, principalmente os usuários do sistema SUS. Mas o futuro é incerto. “A gente não sabe como vai funcionar porque não temos noção de como será quando abrir a UPA.


É uma incógnita. Pode ser muito bom, mas pode ser muito ruim”, afirma um dos médicos ouvidos pela reportagem nesta semana, que por motivos óbvios prefere não ser identificado.


Esta nova situação será criada na Santa Casa de Olímpia a partir da inauguração prevista para o final deste mês, da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que já há alguns meses está em fase de acabamento no terreno onde funcionava o pátio de serviços da Prefeitura Municipal de Olímpia, no cruzamento da Avenida Deputado Waldemar Lopes Ferraz com Rua Washington Luiz, na região central da cidade.


De acordo com as informações veiculadas na terça-feira desta semana, dia 31, pelo provedor do hospital, Mário Francisco Montini, durante entrevista que concedeu à Rádio Difusora AM, que segundo se comenta nos meios políticos, está umbilicalmente ligada ao grupo político do prefeito Eugênio José Zuliani, os pacientes que chegarem à UPA e necessitarem de internação hospitalar serão transportados para a Santa Casa ou ainda correm risco de entrarem na fila da chamada central de vagas e posteriormente serem enviados diretamente para um hospital da região.


Sobre as internações, Mário Montini declarou que serão feitas na Santa Casa de Olímpia, inclusive porque ainda é o único hospital da região. “As internações todas do SUS vão ser feitas através da UPA. Virão para a Santa Casa obrigatoriamente porque é o único hospital da região”, explicou.


Pelo que se depreende, mesmo os médicos que atualmente atuam no corpo clínico do hospital, após uma consulta particular terão de encaminhar o paciente para a UPA, através da qual esse paciente entrará no sistema SUS.


E somente depois que o médico da UPA avaliar a necessidade é que será definida a internação. Mas o problema pode ocorrer ainda depois de definida essa internação porque o médico que acompanhará esse paciente depois de internado no hospital não será o mesmo da UPA que o encaminhou, mas sim outro que será escolhido pela própria Santa Casa que fará a contratação.


“O paciente vai depender do médico que será contratado e da boa vontade dele de ir lá, fazer filantropia e atender”, avisa outro dos entrevistados que reclamou muito do valor da remuneração que recebem do SUS.


MORTES PODEM
VOLTAR À PORTA DA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Essa necessidade de passar pela UPA para conseguir um tratamento internado no hospital pode favorecer a continuidade de casos de óbitos de pacientes, assim como já ocorreu principalmente em 2011 na Santa Casa por problemas relacionados ao pronto-socorro, quando os plantonistas faziam o atendimento de urgência, receitavam algum medicamento e já mandavam o paciente embora. Em pelo menos um dos casos o paciente, que trabalhava em um supermercado da cidade, faleceu poucas horas após o primeiro atendimento.


Mas os vários médicos ouvidos explicaram que o novo sistema é o correto e que o que sempre foi realizado na cidade, “muitas vezes com o paciente pagando uma consulta particular em desespero de causa e internar pelo SUS por falta de dinheiro é errado e antiético”, asseverou um deles, ao comentar a atual forma de internação.


Outro detalhe é que a maioria dos médicos do corpo clínico – aproximadamente 90% – presta serviços ao hospital como autônomos. “Tem que acabar isso também”. Outro médico disse que o correto seria a Santa Casa contratar com registro profissional inclusive. “Ai o médico se tornaria um empregado do sistema de saúde. Mas só em grandes hospitais os médicos têm vínculo empregatício”, enfatizou.


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