29 de agosto | 2010

Queima da palha da cana provoca câncer

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Um estudo concluído ainda no ano de 2003, pelo médico José Eduardo Delfini Cançado, da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), comprova que a queima da palha da cana-de-açúcar é responsável por um aumento assustador de doenças respiratórias em crianças e idosos. Com a queima de toda a biomassa por longo período, são enviadas à atmosfera inúmeras partículas e gases poluentes, que influem direta e indiretamente na saúde de praticamente todos os habitantes do interior do Estado de São Paulo.


Diversos estudos realizados por pneumologistas, biólogos e físicos, confirmam que as partículas suspensas na atmosfera, especialmente as finas e ultrafinas, penetram no sistema respiratório provocando reações alérgicas e inflamatórias. Além disso, não raro, os poluentes vão até a corrente sanguínea, causando complicações em diversos órgãos do organismo.


Há ainda dados divulgados por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP que mostraram que a queima da cana-de-açúcar na região de Araraquara, cidade localizada a cerca de 180 quilômetros de Olímpia, provoca um aumento no número de internações diárias por asma e hipertensão arterial em hospitais daquela cidade.


Segundo o estudo divulgado, a concentração do popular carvãozinho da cana em suspensão durante o período da queima (safra) da cana é quase o dobro em relação ao período da não queima (entre safra).


O estudo demonstra que é maior o número de internações durante o período de queima da cana-de-açúcar. No caso da hipertensão, esse número é de 2,82 internações por dia, contra 1,92 na não queima.


PROBLEMAS ASMÁTICOS

Já para os casos de asma, embora as internações diárias sejam em menor quantidade, a incidência é ainda maior, fazendo com que as ocorrências passem da média de 0,95 por dia para 1,43.

O problema é que a queima da cana, que acontece entre os meses de abril e novembro, provoca a emissão de uma espécie de fuligem, composta por 90% a 95 % de partículas finas ou ultrafinas, que não são visíveis a olho nu.


Quando inaladas pelo ser humano essas partículas atingem os alvéolos pulmonares e a corrente sanguínea provocando uma resposta inflamatória com repercussão sobre o sistema respiratório e cardiovascular.


Para cada aumento de 10 microgramas de material particulado, há também um aumento de 5,67% nas internações por hipertensão e 5,05% por asma.


O estudo indica, ainda, que tanto a população urbana como a rural ficam igualmente afetadas pela exposição a uma alta concentração do poluente.

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