21 de janeiro | 2024

Prefeito confirma crise de autoritarismo e acaba com desfiles e Carnaval na terça

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ABSOLUTISMO CULTURAL?
Mudança unilateral no Carnaval gera críticas ao prefeito que é chamado de Rei Nando. O desfile oficial das escolas deverá acontecer apenas no domingo, rompendo com a tradição de décadas em Olímpia.

 

A recente decisão do prefeito de Olímpia de cancelar os desfiles de Carnaval na terça-feira, limitando-os ao domingo, desencadeou uma tempestade de críticas e acusações de autoritarismo nos grupos de WhatsApp ligados a esta Folha.

O podcast “PodPaieFilha”, com Bruna e José Antônio Arantes, transmitido pela Rádio Cidade (em 98,7 MHz) e pelo Facebook e YouTube, foi palco de duras críticas ao prefeito, a quem chamam de Rei Nando, onde os apresentadores o classificaram como um “ditador” que impõe mudanças drásticas sem consultar a população ou considerar a tradição local.

“Sem consultar a população e contra a vontade das escolas, o prefeito determina o fim do carnaval na terça-feira como se fosse o dono da cultura, da tradição, o dono do mundo?”, foi uma das críticas proferidas no podcast, ressaltando a falta de inclusão e diálogo na tomada de decisão.

OBEDECENDO ÀS TERCEIRIZADAS
Alega-se que a motivação por trás dessa mudança é puramente financeira, pois foi uma solicitação das empresas que participaram da licitação e que vão lucrar não com o carnaval de rua, mas com o “ShowNando” (que terá quatro shows de destaque em ano eleitoral), segundo um dos apresentadores, revelando: “A terceirizada não tem lucro neste dia”, sugerindo que interesses empresariais podem estar influenciando as decisões políticas.

Os comentaristas do podcast não pouparam palavras ao expressar seu descontentamento com a gestão do prefeito. “Você é um ótimo gestor para administrar grana, mas não para ser prefeito de uma cidade. Pois para isso é preciso gostar do povo. Gostar de gente”, criticou um dos apresentadores, indicando uma desconexão entre as políticas do prefeito e as necessidades reais da população.

TRADIÇÃO DE VÁRIAS DÉCADAS EM JOGO
A tradição do Carnaval em Olímpia, que se estende por várias décadas, está agora em jogo. Em um ato, ao que tudo indica, de inconformismo, o presidente da escola de samba “Samba Sem” teria comentado com pessoas de sua ligação que, após a decisão em uma reunião de sua associação, a “Samba Sem” desfilará na terça-feira, contrariando as novas regras e mantendo viva a tradição carnavalesca da cidade.

Esse ato, embora descartado como protesto ou qualquer hostilização ao rei, simboliza a tensão entre a preservação das tradições culturais e a implementação de novas políticas administrativas.

O descontentamento não se limita aos âncoras do podcast. O próprio diretor da Associação Samba Sem Compromisso, Luiz Fernando Monzani, em manifestação divulgada por este jornal na semana retrasada, colocou que as escolas participantes haviam sido contra a mudança e contou que haviam sido dito que as empresas achavam que na terça-feira não era lucrativo.

FALTA DE NOÇÃO DE CULTURA
Monzani, na ocasião, inclusive havia deixado claro a sua manifestação contrária. “Seria muita falta de noção de cultura, muito desleixo para uma cidade do Brasil, o país do carnaval, se não houver carnaval na terça de carnaval”, questionou.

“Se isso se confirmar, deixo aqui, em nome da Associação Cultural Samba Sem Compromisso, nosso repúdio quanto a isso. Seremos obrigados a nos enquadrar a alguma empresa que irá explorar o carnaval? É um absurdo isso!”, declarou.

Além disso, as críticas ao prefeito foram fortes e diretas no podcast. O jornalista José Antônio Arantes expressou profunda decepção com as políticas do prefeito: “Você assume que não gosta do povo, que tem nojo do povo”. Outro comentário destacou a falta de autoridades locais que defendam o interesse público: “Aqui não tem promotor, não tem delegado, não tem nada”.

UMA IDENTIDADE CULTURAL
A situação levanta questões fundamentais sobre a importância da tradição e da cultura diante de decisões políticas e econômicas. Para muitos, o Carnaval não é apenas um evento; é uma expressão vital da identidade cultural da cidade. A decisão do prefeito é vista como um ataque direto a essa tradição.

O desfile independente da escola “Samba Sem” na terça-feira representa um forte ato de resistência cultural. Ele simboliza o compromisso da comunidade em manter vivas suas tradições, apesar das diretivas oficiais.

“O show das escolas, a cultura do carnaval de Olímpia, não pode parar”, ressaltou a apresentadora, Bruna Arantes, encorajando a população a apoiar a escola de samba em sua decisão desafiadora.

DESFILE DESAFIADOR
Esta decisão do prefeito também revela um conflito mais amplo entre as necessidades econômicas e a preservação da cultura local. Enquanto o prefeito defende a eficiência administrativa, a comunidade vê um ataque à sua herança cultural.

Arantes, emocionado, declarou: “Você jamais me comprou, porque minha mente, alma e língua pertencem ao meu povo”, simbolizando a resistência da comunidade às mudanças impostas.

À medida que a situação se desenrola, o futuro do Carnaval em Olímpia e o respeito pelas tradições culturais tornam-se focos centrais de uma discussão mais ampla.

O desfile desafiador da “Samba Sem” pode vir a ser um ponto de virada na luta pela preservação da cultura e identidade local, reafirmando a importância da tradição em face das pressões retrógradas de um administrador que se acha onipotente.

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