21 de abril | 2020

População foi às ruas dar o adeus ao decano da medicina de Olímpia

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José Antônio Arantes
Milhares de cirurgias com percentual baixíssimo de insucesso; centenas de milhares de consultas que ajudaram pessoas de todas as classes; o aperfeiçoamento constante; a formação de uma família que encaminhou e amou; a construção de toda uma vida dedicada a curar seres humanos. A população de Olímpia saiu às ruas no meio da tarde de terça-feira, 21 de abril, para dar o último adeus ao decano da medicina de Olímpia, o cirurgião membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Nilton Martines que exercitou sua virtude e desenvolveu suas técnicas próprias na Santa Casa de Olímpia.

Ele morreu na segunda-feira, 20, vítima de uma embolia pulmonar que o levou a uma parada cardiorrespiratória. Foi reanimado, levado para o HB em Rio Preto onde passou por cirurgia de desobstrução de trombos, mas não resistiu: faleceu faltando pouco mais de duas horas para terminar o dia.

Foi velado na Câmara Municipal. Foi eleito pelo povo uma vez como vice-prefeito e duas como vereador mais votado. Lá ficou das 06 até às 14 horas, da terça-feira, 21, quando seu corpo saiu em cortejo pelas ruas da cidade, passando pelo hospital que foi sua segunda casa por mais de 45 anos e defronte a clínica onde exerceu seu sacerdócio, curando máculas físicas e da mente de milhares.

Das calçadas, grande parte destes milhares que lhe eram gratos por algum de seus atos, acenavam dando o último adeus. Do ponto onde ajudou a nascer também milhares de olimpienses, seu corpo foi encaminhado para o final desta rua que significa a linha do tempo de quem nasce em Olímpia, a Síria, no Cemitério São José, onde foi colocado em sua última morada.

O veículo que levava o invólucro que habitou a sua alma, parou por pelo menos dez minutos no ponto onde se destacou, onde cumpriu sua jornada e foi ovacionado principalmente por aqueles que foram tocados por sua luta insana pela vida dos outros e o ajudaram a exercitar o seu poder de decifrar os problemas de quem o procurava.

De onde está deve ter ouvido o canto dos filhos, da esposa Marina, dos demais familiares e de seus colaboradores que, em coro, entoaram a música "Canção da América" de Milton Nascimento, que foi seguida da oração "Pai Nosso" e mais salva de palmas.

Mas, foi no final desta rua que foi depositado o seu combalido corpo que já não acompanhava a sua mente, carcomido pelos anos de batalha de uma guerra que vencia dia após dia, com vários momentos em que ia às lágrimas (de alegria e tristeza), por momentos felizes e por incompreensões, afinal lidava o tempo todo com o afagar dos dramas de outros seres, tentando amenizar a tragédia humana.

Por volta das 15 horas foi colocado em sua última morada. Agora passará a ser apenas uma imagem, uma fotografia com presença constante na mente daqueles a quem serviu e, principalmente, de quem o amou.

Mas, morre o homem e fica a sua obra.

Com certeza, este ser impulsionou milhões de faíscas de energia que, como uma turbina contínua, continuarão a girar e a gerar efeitos benéficos para a comunidade que adotou, e a deixou com a dignidade de um mestre, de um líder, de um ser que viveu pela sua sociedade, como um de seus filhos mais ilustres.

Descanse em paz, nobre amigo, seus seguidores perpetuarão sua obra.

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