04 de julho | 2010

Método do construtivismo influenciando no resultado

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 O método do construtivismo, aquele que o aluno é exposto à palavra já formada, que vem associada à imagem do que representa, está influenciando negativamente nos resultados da alfabetização. A idéia é que, pela repetição do contato visual com aquela grafia ligada a um objeto conhecido, o aluno a fixe, como que por osmose. Mas o método, ainda considerado moderno, não agrada aos profissionais da área consultados nesta semana, pela reportagem desta Folha.

Na opinião da secretária municipal de Educação, Eliana Duarte Antônia Bertoncello Monteiro, muitos sabem falar a teoria, mas têm muitas dificuldades para colocar em prática. “Os professores ficaram perdidos, abandonaram o que sabiam fazer, que era o tradicional e não conseguiram realizar de maneira satisfatória o novo, não por incompetência, mas porque não temos uma formação ainda”.


Porém, na rede local, segundo ela, o professor está liberado para escolher qual método se adapta melhor. “Agora, volta a se falar que o professor deve usar o método que ele sente segurança e não o método da moda. O importante é que o aluno aprenda. Não adianta o professor saber fazer uma palestra e chegar na sala de aula o aluno não saber ler e escrever”, afirma.


O coordenador do ensino fundamental, ciclo II, João Ricardo Tauyr Vicente, também não aprova o método. “Em primeiro lugar acredito que sejam famílias desestruturadas que não incentivam seus filhos a estudarem, mas acho que o método do construtivismo não está sendo suficiente para ensinar”, comenta.


Vicente relata que conhece uma professora que atua no ciclo I, de primeira a quarta séries, de outra diretoria de ensino, mas que prefere não citar o nome, que adotou o método tradicional e obteve melhores resultados com seus alunos, em relação aos obtidos por seus colegas.


“No final de seis meses, mais ou menos, os alunos de outras professoras, da mesma série, não escreviam absolutamente nada, enquanto que os dela escreviam e liam praticamente tudo. Quer dizer, os alunos aprenderam muito mais rápidos. Acredito que o método talvez seja um problema”, diz.


“Além disso, há varias constatações que o construtivismo não tem eficácia positiva. Ele ensina, mas o tradicional é muito melhor, direto e mais objetivo. Acredito que se um professor trabalhar, desde o princípio, com o método tradicional, obteria melhores resultados”, acrescenta.


CRENÇA NO MELHOR

Usar o método tradicional, na opinião dele, depende da própria Secretaria de Educação que adota as práticas pedagógicas modernas e “acreditam que seja melhor para o tipo de clientela que a escola tem”.

Para a aplicação do método, avalia o professor Ivo de Souza, faltaria conhecimento pleno e até mesmo alguma adaptação à realidade brasileira. “A pessoa às vezes recebe aqui no Brasil sem muita base e sem muitos estudos, acha bacana e quer aplicar aqui, muitas vezes sem uma adaptação às nossas crianças”. Porém, não considera como causa principal. “Mas talvez tenha colaborado”.


No entanto, mesmo sendo contrário ao método, Souza observa que há defensores dessa linha de ensino. “Acho que o antigão – sílaba a sílaba – ainda funciona. Só que, há uma tese que defendo, é que a escola quis ser democrática e não conseguiu. Quanto mais alunos estiverem matriculados, é melhor para certas estatísticas, mas ela, em geral, não mudou seu conteúdo e sua metodologia. Ela não se preparou para receber essa massa diferenciada que passou a freqüentar a escola”, disse.


MÉTODO TRADICIONAL

A pedagogia tradicional, ao contrário do construtivismo que foca na experiência com o mundo real para depois derivar aos conceitos, enfatiza a lógica e a assimilação de conceitos para entender a realidade.

Alguns estudos apontam que os resultados do método tradicional são sistematicamente melhores. Nele, as crianças são apresentadas às letras do alfabeto e seus sons. Em seguida formam sílabas até chegar às primeiras palavras e a seus significados.

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