03 de novembro | 2013

O sonho não acabou

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Ivo de Souza

Gosto de Ler Ferreira Gullar. E, outro dia, ele perguntava em sua coluna “Para onde vamos”? E falava sobre o capitalismo. Aliás, introduziu seu texto falando a respeito do comunismo (“Que o sonho da sociedade comunista […] acabou, não é novidade para ninguém”, afirmava). Quem poderia sonhar um sonho impossível? Muitos românticos e utópicos certamente o sonharam. Um paraíso na Terra, onde todos seríamos iguais (iguaizinhos) em direitos e bens (propriedades). Nenhum político no mundo conseguiu transformar esse sonho em realidade. E, hoje, impera, soberano, no planeta, o capitalismo selvagem – como diriam os ideólogos do comunismo (ainda existem alguns em pleno século XXI). Sonhar e lutar (só sonhar não basta) pelo fim das desigualdades sociais e econômicas, por uma sociedade mais igualitária, menos injusta, é dever de todos nós. Resta-nos perguntar até que ponto esse sonho e essa luta nos são permitidos pela sociedade capitalista, a sociedade da exploração do trabalho humano e do lucro extremado (essências do sistema)? E nessa sociedade do lucro não é só explorada a mão de obra (quanto mais barata melhor), o consumidor também é explorado pela mídia (aliada  fiel do capital), que é a mola mestra do consumo: vender, vender, vender, comprar, comprar, comprar (e acumular) são as regras do jogo.

E do projeto comunista o que restou? Seu ideário ainda é cultivado por muitos políticos da chamada esquerda, mas sem as idéias revolucionárias (a igualdade em direitos e propriedades  seria conquistada pela luta).

A verdade, no entanto, é uma só: as pessoas devem procurar em qualquer sistema político a felicidade e não o acúmulo de bens e de dinheiro, porque o vil metal, como todos estamos cansados de saber, não é suficiente para proporcionar às pessoas a tão sonhada felicidade. A gente precisa é inventar um novo projeto de vida, baseado na humanização do homem, na solidariedade e na arte de conviver, independentemente de o sistema político que os homens (donos do poder) inventaram e nos impõem goela abaixo.

Ivo de Souza é professor universitário.

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