13 de setembro | 2010

Manzolli diz que ninguém conseguirá seguir passos de Sant’anna

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Embora justificando que sempre é feito para chegar ao mais próximo possível, principalmente porque grande parte dos envolvidos foi formada pelo idealizador e criador do evento, pelo que a coordenadora dos festivais, Maria Aparecida de Araújo Manzolli (foto), Cidinha Manzolli, declarou nesta semana, ninguém conseguirá organizar os festivais de folclore, ninguém conseguirá seguir os passos do professor José Sant’anna.

“Mas é claro. É lógico. Já falei isso e volto a falar. Como o professor Sant’anna fazia o festival eu não farei e ninguém fará. Sant’anna foi único. Ele foi criador, de uma sabedoria profunda, tanto que sabia colocar as pessoas certas em cada setor”, comentou.


Isso, segundo ela, mesmo com Sant’anna tendo deixado discípulos, “que somos todos nós”. Ela cita os casos, principalmente, de Antônio Clemêncio, Toninho, e André Nakamura, além de outros que atuam atualmente ou que já atuaram em festivais anteriores. “Formou e deixou aqui e ainda, felizmente, estamos tentando fazer o melhor e mais próximo possível daquilo que ele gostaria que fosse feito”, reforçou.


No entanto, afirma também entender que muito tempo já se passou depois do falecimento do folclorólogo. “Entendemos, porém, que do falecimento dele já são passados 11 anos e as coisas andam muito rapidamente”, avalia.


“Tudo que está acontecendo, principalmente na área de comunicação, na época do professor a gente não fazia transmissão via Internet e hoje está sendo transmitido”, acrescentou.


Mas diz que a essência de todas as atividades que ele mantinha dentro do festival, tem procurado resgatar, como seminários de estudo, mini-festival, folclorança, folclore de rua e peregrinação.
“Tudo da maneira como ele tinha feito”, diz.


Manzolli afirma que até a logomarca deixada por ele, que disse “estava perdida”, os grupos folclóricos, os tradicionais, “nós, na medida do possível, só quando é impossível, temos trazido todos”.


Ela cita a Congada Chambá “que está conosco desde o primeiro festival, resgatamos a presença do Batuque de Piracicaba, que por alguns anos ficou afastado, mas voltou e assim muitos outros grupos que nós poderíamos enumerar. Esse é o nosso compromisso com o folclore”.


PARAFOLCLÓRICOS
E SHOWS

Sempre afirmando que “estamos abertos para dialogar com as pessoas”, a coordenadora informa que está avaliando as participações dos grupos, seja em palco, seja em desfile.


Mas explica os parafolclóricos, pedindo, inclusive “compreensão” (sic) das pessoas: “o nosso festival não tem compromisso com o parafolclore, temos compromisso com o folclore”. “Mas é uma coisa tão linda, nós após 46 anos de festival, nós podemos ainda ver que o folclore brasileiro é tão rico, que nós ainda conseguimos achar esse ano, três grupos inéditos que nunca tinham vindo ao nosso festival”.


Ela destaca, inclusive, que “insisti este ano, contra pessoas que têm amizade com aqueles grupos que vinham todo ano, que a gente dê oportunidade a outros para mostrarem seus trabalhos e também, para que a população possa ver”.


Ela coloca a questão como “cumprir essa meta de mostrar aquilo que às vezes você não vai viajar por todo o Brasil para estar vendo. E a gente conseguiu coisas muito novas, inéditas, caso, por exemplo, sempre foi trazido grupo de boi do Maranhão”, no lugar do Grupo Cazumbá ou Boi de Palha. “Esse ano nós insistimos e conseguimos trazer o boi de orquestra e foi um sucesso e é parafoclórico também”, insistiu.


Entretanto, embora haja controvérsias, dá a entender que o compromisso é preservar os grupos folclóricos e não os parafoclóricos, que têm condições próprias de preservação. “São grupos de recursos e de espetáculo, que conseguem fazer essa preservação”, disse.


GRUPOS
ELETRÔNICOS
Cidinha Manzolli cita, por exemplo, os grupos do Estado do Pará, “a gente já trouxemos aqui por diversas vezes, grupos excelentes que eu também aprecio, mas nesse ano conseguimos trazer três grupos inéditos do Pará”.

Do Pará, no ano passado, depois de 10 anos, voltou o Grupo de Expressões Parafolclóricas Sabor Marajoara, que, da categoria, sempre foi o mais elogiado pelo professor Sant’anna, como o que mais se aproximava dos grupos autênticos: “é o parafolclórico mais folclórico que já vi”, afirmava o professor, sempre que concedia entrevistas a respeito. “Então, as pessoas têm que entender. Com o passar do tempo a gente pode retomar esses grupos que vinham constantemente. Mas temos que ter esse direito, esse prazer também de estar mostrando aquilo que a população ainda não viu”.

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