21 de janeiro | 2014

Justiça barra cremação de mulher que morreu durante lipoaspiração

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Da redação com Diário da Região

O juiz substituto da 1ª Vara Civil do Fórum de Olímpia, Lucas Borges Dias, indeferiu o pedido feito pela família para cremar o corpo da cirurgiã dentista Carolina de Souza Bernardes, de 34 anos de idade, que morreu há aproximadamente uma semana devido a complicação durante uma lipoaspiração realizada no hospital Santa Helena, em São José do Rio Preto. A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso.
Na decisão, o juiz apontou que a apuração da causa da morte poderia ser comprometida com a cremação. “Faria desaparecer o próprio corpo delito”, diz trecho.

Lucas Borges Dias aborda ainda que as pessoas só podem ser cremadas diante de três situações e em nenhuma delas se enquadrava o caso da dentista. “A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a vontade de ser incinerado; se for de interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por dois médicos ou por um médico legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade judiciária”, explica.

Diante da decisão do juiz, a cremação do corpo de Carolina, que estava marcada para a última sexta-feira, 17, foi cancelada. A dentista havia sido velada durante a quinta-feira, 16, na cidade de Guaraci, onde os familiares moram. Ela morreu na quarta-feira, 15, por volta das 20h, após sofrer um infarto do miocárdio durante lipoaspiração realizada em Rio Preto.

Com o parecer do juiz, o delegado Luis Alberto Bovolon, que instaurou inquérito civil para investigar eventual homicídio culposo com base em matéria publicada pelo Diário da Região, solicitou que fosse feita a necropsia no corpo da dentista. O procedimento foi realizado no sábado, dia 18, no Instituto Médico Legal (IML) de Rio Preto.

“O cadáver, que estava no Cemitério Jardim da Paz, foi encaminhado para o Instituto para passar pelo procedimento. O médico legista solicitou também o prontuário médico da paciente para auxiliar no laudo da necropsia, que deve sair no prazo de 20 a 30 dias”, explica o delegado.

O corpo de Carolina, que morava em Passo Fundo (RS), foi enterrado ainda na tarde de sábado, em Guaraci. Segundo o delegado, o próximo passo será a oficialização do hospital, assim como o médico e os profissionais que participaram do procedimento cirúrgico.
 

“A primeira medida foi pedir o prontuário médico. Estou aguardando para encaminhar cópia ao IML. Depois, vou colher os depoimentos de todos os envolvidos para poder concluir o inquérito”, disse Bovolon.

O Conselho Regional de Medicina (Cremesp) também acompanha o caso e analisa a situação para ver a necessidade de abrir uma sindicância. A administração do hospital disse que a ocorrência foi “uma fatalidade, devido a intercorrência médica” e pretende ouvir o médico e os profissionais que participaram para “tomar as medidas necessárias”. O médico, que estava viajando, falou por meio da secretária que a vítima sofreu um infarto do miocárdio e que foi uma fatalidade.

Foi fatalidade, diz marido

“Foi Deus que quis levá-la”. É com esse pensamento que o marido de Carolina, Walter Mendes, de 38 anos, e familiares tentam superar a morte da dentista. “Estamos passando por um momento muito difícil. Estamos tendo uma força que só pode ser do plano superior. Deus quis que essa fosse a hora dela”, desabafa. Eles eram casados havia dez anos. “Tínhamos uma sintonia muito grande. Éramos extremamente unidos. Ela sabia o que eu estava pensando e eu sabia o que ela queria. Carolina era uma mulher maravilhosa”, disse Walter.

De acordo com o marido, pelo menos quatro vezes, a dentista mencionara que gostaria de ser cremada, caso algo acontecesse com ela. “Tentamos realizar o desejo dela, mas de certa forma foi bom a decisão do juiz, que deferiu nosso pedido. Pelo menos, foi realizado a necropsia, que confirmará que a morte dela foi uma fatalidade, que era a vontade de Deus.”

Esse era o segundo procedimento cirúrgico que Carolina passava com o cirurgião plástico. “Ela tinha colocado silicone com ele. Adorava o médico e sabia o quanto profissional ele é. Eu disse que ela era linda e não precisava passar por lipoaspiração, mas mulher é complicado. Sempre muito vaidosa, ela decidiu fazer. Só pude apoiar”.

Quanto ao inquérito policial, o marido afirma que já prestou depoimento à polícia. “Nunca passou pela nossa cabeça registrar qualquer tipo de ocorrência devido à morte da Carolina. Tenho certeza que eles fizeram tudo o que podia para salvar a vida dela, pois estava sozinho no hospital e recebi o respaldo de todos”, destaca Walter.

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