18 de novembro | 2018

Decisão de Cuba tira médica que está há 4 anos em Olímpia

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Da redação com Diário da Região

A decisão do Governo de Cuba, de rescindir unilateralmente o convênio com o Programa Mais Médicos, em razão de declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, vai atingir algumas cidades da região de São José do Rio Preto, dentre elas Olím­pi­a, que tem dois médicos e três médicas cubanas que são responsáveis pelo programa saúde da família. (Foto: médica cubana atendendo em casa).

Uma delas é Tatiana La­go, há quatro anos no município. “A gente está fazendo um trabalho bem bacana aqui, somos os médicos da família, isso significa que a gente fica no pos­tinho, visita os pacientes nas casas, para quem está acamado e não pode sair, idosos, a­companhamos o tratamento e evolução de ca­da um deles”, contou em português fluente.

“Viemos trabalhar no Brasil porque a gente só via que ia ganhar. Aqui o médico tem que pagar os estudos, lá (Cuba) a gente sai do ensino médio e vai para a faculdade e não tem que pagar nada”, acrescentou ao jornal.

Outro dado aponta que, desde 2011, 459 médicos cubanos foram aprovados no exame Revalida. “O dinheiro que a gente aporta para o país ajuda a nossa família. Lá meu filho tem estudo, tem saúde e tudo de graça. Não vemos isso como negativo. É um contrato de trabalho”, defendeu a médica.

O contrato dela e dos colegas seguiria até 2020. Com a decisão, Tatiana afirmou que volta ao país. “Retorno para o meu consultório, volto a trabalhar com a população”, afirmou.

Pelo menos 13 médicos cubanos que atuam na região de Rio Preto devem ser afastados dos atendimentos da atenção básica depois que o governo de Cuba anunciou, na quarta-feira desta semana, dia 14, o fim do convênio com o programa Mais Médicos.

ENTREVISTA À TV TEM

Já em entrevista à TV Tem de São José de Rio Preto, Tatiana afirmou: “Num primeiro momento foi um choque, temos muitas coisas aqui, construímos uma vida por três a­nos na cidade, e ser interrompido de uma vez é complicado. Mas a gente aceita o que o nosso governo declarou porque sabe que está sendo justo para nós”, afirmou.

Tatiana tem 33 anos, chegou em março de 2014 ao Brasil e é especialista em Saúde da Família. Ela disse que vai retornar para Cuba e tentar voltar ao em­prego que tinha.

“A gente trabalha nos postos médicos como médico da família, a rotina nossa é atender os pacientes agendados, temos u­ma agenda programada e um espaço para pacientes com urgência e emergência”, afirma.

Tatiana Lago Colombiê também faz atendimento nas casas em um dia específico, atendendo pacientes que não tem condições de ir ao posto de saúde. “A adaptação foi tranquila, com o tempo os costumes, a língua, a gente já se sente da cidade, do povo, e a gente foi acolhida pelo po­vo”, diz.

O governo cubano atribuiu a decisão a “declarações ameaçadoras e depreciativas” de Jair Bolsona­ro. O presidente eleito afirma que Cuba não quis a­ceitar condições para continuar no programa.

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