13 de março | 2022

Contaminação da água em Olímpia pode estar acontecendo desde 2012

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BEBENDO TÓXICO!
Substância encontrada na água de Olímpia pode vir de vazamentos de tanques de combustível.
Análise revelou substâncias tóxicas na água de mais 20 cidades da região.

 

José Antônio Arantes
Uma notícia polêmica divulgada nacionalmente esta semana, mas que pode ter passado despercebida ou ter sido entendida como de pouca importância pela maioria da população local, foi o chamado Mapa da Água, que aponta que 21 cidades da região têm substâncias nocivas à saúde acima do limite tolerado no líquido distribuído à população; em Olímpia foram identificados Cromo (Substância com maior risco de gerar doenças crônicas, como câncer), bário e urânio, substâncias que também geram riscos à saúde.

Os dados são do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde, que apontam a presença de substâncias químicas prejudiciais à saúde na água de 21 cidades da região e assessoria do Daemo emitiu nota dizendo que a água na cidade é normal, o que houve foi um erro de digitação ao se fazer o lançamento dos dados no Sisagua.

No entanto, numa busca feita no site iFolha chegou-se a informação de que a substância teria sido identificada na água da cidade ainda nos anos de 2012 e 2013, com a localização de vários pontos de vazamentos de tanques de postos de combustível.

MAPA FOI ELABORADO
PELA REPÓRTER BRASIL

O relatório atual foi elaborado pela Repórter Brasil, a partir de amostras coletadas entre os anos de 2018 e 2020 e fornecidas ao Sisagua pelas empresas responsáveis pelo abastecimento hídrico nos municípios (em Olimpia, o Daemo). Os dados mostram municípios em que a presença de substâncias está acima do limite tolerado. Em todo o País, 793 cidades estavam com presença acima do limite.

Além de Olímpia, em outros oito municípios pesquisados foram constatados a presença de cromo. O geólogo Carlos Eduardo Pacheco Cardoso acredita que a contaminação da água deve ser decorrente da falta de manutenção dos tanques subterrâneos dos postos de combustíveis.

“O cromo que está presente em combustíveis pode atingir as fontes de água. Por isto, há necessidade de fiscalização rígida nestes estabelecimentos, principalmente naqueles fechados, que por falta de cuidado podem prejudicar o meio ambiente”, alerta o geólogo.

Por outro lado, a embriologista clínica e diretora de laboratório do Centro de Reprodução Humana de Rio Preto, Ligia Previato, alerta para riscos à saúde. “Todas essas substâncias químicas, incluindo os metais pesados, são prejudiciais à nossa saúde, chamamos essas substâncias de xenobióticos. Eles atuam diretamente na parte endócrina, neurológica, imunológica e reprodutiva”, afirma.

CETESB ENCONTROU VÁRIOS
PONTOS DE CONTAMINAÇÃO EM 2012

Um relatório com dados de 2012 divulgado em 2013 pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), já apontava o município de Olímpia como o 5.º maior em número de pontos de contaminação na região noroeste do Estado de São Paulo. Também segundo o órgão, a maior parte da contaminação, 90% do total, era causada por vazamento de combustível nos tanques instalados no subsolo dos postos.

As áreas contaminadas por postos de combustíveis contêm resíduos sólidos de metais pesados como chumbo, cromo e cádmio, ou líquidos, como derivados de petróleo. O material contamina os lençóis freáticos (córregos subterrâneos) e é absorvido pelas plantas que crescem na terra envenenada. Estes resíduos podem intoxicar animais e seres humanos pelo contato com a pele e a ingestão. Em alguns locais onde a contaminação é maior, até a inalação de vapores emanados pelo solo pode envenenar pessoas com menos resistência, como crianças e idosos.

DAEMO ALEGA ERRO DE DIGITAÇÃO

O mapa foi feito com resultados de testes das empresas e instituições responsáveis pelo abastecimento de água nas cidades

Foram divididos dois grupos de periculosidade pela Repórter Brasil, que fez o mapa, com base nas classificações dadas a cada substância pelos órgãos reguladores mais reconhecidos do mundo, como a OMS.

Sobre a possível contaminação apontada pela Repórter Brasil, a Superintendência de Água e Esgoto de Olímpia (Daemo) informou que cumpre a legislação do Ministério da Saúde. “A autarquia é quem digita todos os resultados das análises da água no site do Sisagua. Verificamos que cometemos erros de digitação para os parâmetros bário, cromo e urânio. Portanto, não há contaminantes”, informa o órgão.

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