27 de setembro | 2015
Anestesista diz que não se demitiu da Santa Casa e só parou para poder pagar suas contas
Em tom de desabafo, com alguns momentos apresentando sinais de choro, a médica anestesista Thalita Lima Ezarchi nega que tenha pedido demissão e que tinha a concordância de diretores da Santa Casa para parar o trabalho por um período e ganhar dinheiro fora para ter condições de pagar as suas contas. A intenção dela era receber o atrasado e voltar a trabalhar no hospital. “Eu tenho como provar. Tem um documento assinado pelo senhor Vivaldo que é o administrador da Santa Casa”, afirmou.
“Eu entreguei uma carta de paralisação para eles devido ao atraso de mais de dois meses de pagamento. Eu já estava trabalhando há dois meses sem receber e ninguém trabalha sem receber”, reforçou.
A falta de pagamento a obrigou a tomar uma decisão que, inclusive, está abalando a sua vida: “A minha vida está degringolada por causa dessa história porque a minha filha está no sétimo ano do Colégio Eduvale e ela está com meu marido ai (em Olímpia) e eu estou morando em Ribeirão (Preto) porque tenho que sair de Olímpia para trabalhar porque não tem outro hospital na cidade. Ou seja, eu mudei toda a minha vida para ir, para me comprometer, me dediquei. Eu sou comprometida com a Santa Casa. Eles é que faltaram com o compromisso comigo e não eu”.
No entanto, ela explica que necessita de trabalhar, mas também de receber os seus salários: “Aí chega um momento que eu tive de tomar uma atitude e fiz uma carta formal e entreguei para o Vivaldo. Não fiz alarde, não fiquei falando para todo mundo. É uma forma de eu forçar o pagamento. Preciso pagar as minhas contas. Eu preciso de dinheiro para trabalhar e pagar as minhas contas”.
Mas a médica faz também menção à informação publicada por esta Folha da Região: “O fato de não estarem me pagando me incomodou, mas não a ponto de eu ir falar besteira sobre eles no jornal. Agora, o ato de me chamar de antiética no jornal de nome isso me incomodou mais”.
Em razão disso, a médica conta que foi pega de surpresa com a afirmação do provedor Mário Francisco Montini dando conta de que havia pedido demissão (saído do emprego) no início de setembro: “Fiquei muito chateada porque até então eu mantive a discrição porque se eu quisesse eu tinha denunciado o que estava acontecendo tanto comigo quanto com a Santa Casa”.
Sobre a questão de falta de comprometimento conforme afirmou o provedor, Thalita Lima Ezarchi afirmou: “Eu tenho tanto comprometimento com a Santa Casa que eu mudei para Olímpia. Eu mudei a minha vida inteira para ir para Olímpia para poder atender as necessidades deles. O Dr. Nilton (Martinez) ficou seis meses me convencendo para ir para Olímpia porque não tem como ficar um (anestesista) só”.
Thalita Lima Ezarchi veio para Olímpia quando o também anestesista Luís Henrique Vicente, que é conhecido popularmente por Rico, sofreu um grave acidente e permaneceu inclusive internado por um longo período.
Mesmo assim passou alguns meses para a decisão de se mudar com toda a família: “Depois de muita insistência oito meses depois eu fui porque eles não acharam ninguém que queira ir por causa das péssimas condições de trabalho no hospital. Aliás, a melhoria de todos os serviços de anestesia da Santa Casa está atrelada a minha chegada porque foram exigências que fiz para que pudesse ir porque senão não haveria a menor condição de fazer anestesia”.
Por outro lado, além de explicar que teve de parar de trabalhar na Santa Casa para achar outro lugar onde lhe pagariam em dia, a médica afirma que vai denunciar a situação ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo): “eu vou denunciar ao Cremesp porque eu não vou deixar que (a diretoria) faça isso com a vida de mais ninguém. Ninguém merece (passar por) isso”, finaliza.
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