29 de maio | 2011

Advogados indicados pela OAB recusam a causa de Fernanda

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De acordo com Márcia da Silva Santos (foto), os advogados gratuitos indicados pela subsecção local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), não estão querendo pegar a causa que envolve a morte de sua irmã Fernanda, que faleceu com 29 anos de idade, na noite do domingo, dia 24, possivelmente por falta de atendimento médico adequado da Santa Casa local.


“Já procurei advogado, mas não querem pegar o caso. Fui à OAB que indicou um advogado, que indicou outro, fui ao outro e nenhum deles quer pegar o caso. Eles falam que não querem prejudicar a Santa Casa. Por isso, estou a procura de um advogado até hoje”, reclamou.


Essa foi uma das várias informações e reclamações que Márcia Santos apresentou durante o programa informativo da Rádio Menina AM, no final da manhã desta sexta-feira, dia 27, a respeito da situação que passou a viver depois da morte da irmã.


“Isso que eles falam com a gente. Mas eu falo que se fosse com a família deles estariam fazendo o mesmo que estou fazendo, porque eu e minha irmã fomos tratadas na Santa Casa como se fossemos cachorros e estou muito magoada com isso, estou muito sentida com o que o povo está dizendo de mim que é uma coisa que não fiz. Jamais empurraria minha irmã da cadeira de rodas”, acrescentou.


Ela reclama que médicos nem chegaram a colocar a mão em sua irmã para tentar pelo menos saber o que se passava. Para tanto, ela leva em consideração a causa da morte que consta no atestado de óbito: morte desconhecida. “Isso quer dizer que eles não puseram a mão em minha irmã, porque se não num dava morte desconhecida no atestado”.


Ela ouve falar em cirrose, infarto. “As pessoas falam isso, só que a gente não sabe do que minha irmã morreu”, reforça.


Por outro lado nega acusações que foram feitas publicamente de que ela teria armado toda a situação para uma eventual reportagem jornalística, empurrando sua irmã da cadeira de rodas para que caísse ao chão.


“Ela não queria mais ficar sentada, começava escorregar para baixo, queria levantar, queria ir ao banheiro, e acabou caindo. Agora esse povo está falando que eu empurrei minha irmã da cadeira de rodas. Isso é tudo mentira. Acho isso uma calúnia. Se querem falar as coisas falem na minha frente. Por trás não”, disse.


HUMILHAÇÃO E DESCASO

Márcia contou na emissora que foi humilhada pelo vigilante da portaria do pronto socorro da Santa Casa, quando sua irmã estava caída e não recebia socorro. “O guarda (vigia de portaria) me humilhou falando para eu tirar minha irmã de lá quando ela estava caída no chão. Eu e minha irmã fomos tratadas como se fossemos cachorros. Estou sentida até hoje. Não esqueço o que estão fazendo comigo”, afirmou.

Sobre o comentário de que a possível armação tivesse sido feita com o artista plástico e colaborador desta Folha, jornalista Willian Antônio Zanolli, disse que estão o acusando de uma coisa que ele não fez. “Estão falando que ele cochichou em meu ouvido, mas ele apenas me perguntou o que estava acontecendo porque minha irmã estava caída no chão então ele perguntou ‘o que tua irmã tem’. A minha irmã estava doente e eles estavam demorando muito para atendê-la”, revela.


“Chegamos à Santa Casa (ela e a irmã) e perguntaram se minha irmã tinha usado drogas alguma vez. Eu falei que nunca tinha usado. Único vício dela era a bebida, o alcoolismo. Então, todas as pessoas que chegam na Santa Casa doente eles acham que está usando drogas? Tem que ver primeiro, porque minha irmã bebia sim, bastante, esse tempo todo bebeu muito. Só que depois que ficou de cama não bebeu mais. Até nem aguentava levantar mais para ir para o bar. Não aguentava nem ficar sentada mais. Ai começou a ficar doente, ficou de cama, não andava mais, não conversava mais. A gente conversava com ela e ela respondia apenas com sinais com a cabeça”, contou a situação que a irmã viveu até morrer.


Márcia conta também que a irmã ficou por mais de dois meses bastante doente. Nesse período levava a irmã à Santa Casa e apenas aplicavam soro e a mandavam de volta para casa. “Eu implorei, no sábado, para eles internarem minha irmã e disseram não, não tinha jeito!”. Disse também que nem indicaram para que a irmã fosse levada para outra localidade.


EM BUSCA
DOS DIREITOS
Questionada sobre a situação atual das investigações que estão sendo realizadas, Márcia relatou que pretende ir até ao final: “eu não vou deixar sujar a memória da minha irmã, minha honra, de minha família também. Não vou deixar sujar de jeito nenhum. Minha irmã era trabalhadeira, honesta. Ela bebia as pingas dela, mas nunca brigou com ninguém. Agora esse povo não me conhece, nem minha família, para ficar falando, me acusando”, enfatizou.

No entanto, sobre um provável processo judicial, Márcia explica que, mesmo com as dificuldades financeiras que tem enfrentado, provavelmente a partir do instante em que começou lutar para esclarecer a morte da irmã não está pensando em indenização: “só quero que façam alguma coisa porque se continuar desse jeito, vai morrer mais gente na Santa Casa”.


DIFICULDADES
FINANCEIRAS
Chegando às lágrimas, Márcia contou ainda que está passando necessidade e que precisa de serviço: “eu também preciso trabalhar. O povo daqui só pensa em falar mal da gente, coisa que não deve. Eles não vão a minha casa perguntar se estamos precisando de uma cesta básica (começou a chorar), se estou precisando de um serviço. Isso eles não fazem. Eles só sabem acusar de alguma coisa que não fiz. Estou muito sentida e magoada. Na minha casa não temos quase o que comer. Meu pai está afastado da usina. Preciso de um tênis e ninguém me dá serviço. Só sabem falar mal da gente e coisa que não deve”, reclamou.

Ainda chorando, ela afirma que sente muito a falta da irmã. “Se a Santa Casa tivesse socorrido ela na mesma hora que levei, ela estaria aqui comigo hoje. Tenho certeza”, finalizou.

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