03 de dezembro | 2023

Uso da Toxina Botulínica para pacientes com Bruxismo (hábito de ranger ou apertar os dentes)

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Thaiz Zatta
O Bruxismo é caracterizado pela atividade muscular mastigatória parafuncional que provoca transtorno involuntário e inconsciente de movimento, caracterizado pelo excessivo apertamento e/ou ranger dos dentes, podendo ocorrer durante o dia, a noite, ou nos dois períodos.

Constitui um dos mais difíceis desafios para a Odontologia. Cerca de 90% da população em geral relata bruxismo em algum grau, durante algum período da vida.

A prevalência de bruxismo varia de 20% a 25% em crianças, de 5% a 8% na população adulta e 3% nos idosos, porém, em período de pandemia, onde a rotina das pessoas mudou bastante, esse índice aumentou. Entre homens e mulheres, não se encontram diferenças de incidência significativas.

Os estudos sobre o bruxismo são controversos, abrangendo associação com ansiedade, estresse, depressão, tipos de personalidade, alergias, deficiências nutricionais (magnésio, cálcio, iodo e complexos vitamínicos), má oclusão dentária, manipulação dentária inadequada, disfunção e/ou transtornos do sistema nervoso central, uso de drogas com ação neuroquímica, propriocepção oral deficiente e fatores genéticos.

Nos últimos anos, surgiu a tendência de dimensionar o bruxismo em um contexto muito mais amplo: seus efeitos podem alcançar a musculatura do pescoço e do ombro e admite-se que influenciem até mesmo a postura do corpo todo, acarretando em disfunções posturais e/ou esqueléticas.

Os quadros de bruxismo podem ainda produzir um aumento do desgaste dental e disfunção temporomandibular (DTM). O tratamento tardio, em alguns casos, pode resultar em luxação da articulação temporomandibular e artrite degenerativa desta articulação. A fim de evitar estas complicações, o diagnóstico precoce, bem como o apropriado tratamento, são muito importantes.

As terapias atuais para essa disfunção não são totalmente efetivas e, na maioria dos casos, devem ser associativas, ou seja, requerem um ou mais tratamentos associados de forma multidisciplinar.

Com o intuito de se apresentar uma alternativa para este problema, a toxina botulínica tipo A (TXB-A) está sendo estudada como método terapêutico para pacientes que sofrem desta patologia.

Os estudos clínicos mostram que as aplicações de toxina botulínica podem diminuir os níveis de dor, frequência dos eventos de bruxismo e satisfazer os pacientes no que diz respeito à eficácia da toxina botulínica nesta patologia. Além de não provocar efeitos adversos importantes. Assim, esse tratamento demonstra ser seguro e eficaz para pacientes com bruxismo.

É de suma importância compreender e estudar cada caso individualmente para que a melhor conduta e planejamento seja executado, a fim de alcançar melhoria e qualidade de vida para esses pacientes.

Thaiz Zatta é Cirurgiã Dentista; Especialista em Implantodontia e em Harmonização Orofacial;
Mestre em Ciência Odontológica com área de concentração em Implantodontia e HOF;
Professora adjunta do grupo UNIHOF; Membro SBTI.
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