05 de maio | 2024
Um governo despótico, sem projeto, que optou pelo despotismo desenfreado
“De Fernando em Fernando, de Cunhando em Cunhando, Olímpia continua se Ferranando”.
José Antônio Arantes
Faltando pouco mais de sete meses para o fim de um governo que conseguiu forjar a imagem de um grande gestor nos seus primeiros seis anos de mandato, o que se vislumbra é que a frase de Abraham Lincoln continua atualíssima.
O atual mandatário, totalitarista que é, conseguiu, principalmente pelo trabalho terapêutico e de marketing realizado por seu assistente geral, Bruno Guzzo, incutir neste jornalista e na própria opinião pública a ideia de que sua administração voltada para os “negócios” conseguiria transformar Olímpia numa cidade pujante, distante daquela composta por quase 70% de pessoas que vivem em estado de insegurança alimentar.
Foi bom enquanto durou. Foi só o seu mago Bruno cair fora por não aguentar tanto egocentrismo e tanta falsidade para que a realidade viesse à tona com grande velocidade. Não apenas com a irrisória ocupação dos mais de 35 mil leitos que incentivou (que não estaria chegando a 5%) mas, também e principalmente, pelo vazamento de comunicação entre empresa de mão de obra terceirizada e seus terceirizados de que a diária paga para os serviçais do turismo era irrisória, apenas R$ 60,00.
O rei Fernando achou que apenas trabalhando para viabilizar e florir o entorno de grandes resorts e dividindo a cidade em duas, a turística (dos ricos) e a folclórica (dos pobres), conseguiria aumentar ainda mais as riquezas da elite local, à qual pertence.
Achou que era preciso apenas cunhar a imagem de grande gestor, de administrador de uma grande empresa qualquer, fosse o suficiente para levar a efeito seu plano personalíssimo e demoníaco. No entanto, se esqueceu que esta empresa era diferente e também lidava com vidas humanas, que envolve a distribuição de riquezas principalmente através da Educação, da Saúde e do planejamento direcionado para a criação de empregos e renda para todos os seus funcionários, no caso, os cidadãos.
Ao contrário, como se administrasse, ao invés de pessoas, meros robôs, escravos, ou mesmo um monte de merda, pouco se lixou para a Olímpia folclórica, a dos pobres. Estes que se lasquem e consigam sobreviver com as migalhas de diárias de R$ 60,00 que sobram do lixo de sua corte composta por parcas algumas centenas de companheiros apadrinhados.
Mas, passados pouco mais de sete anos, a realidade cruel vem à tona e demonstra que mesmo os apadrinhados estão à mercê de seu egocentrismo e narcisismo de achar que é o dono da verdade, o soberano, o Deus, que a tudo comanda, o criador de todas as coisas.
O turismo local amarga, talvez, um de seus piores momentos de baixa temporada, justamente pela falta de planejamento do déspota que acha feio o que não é espelho. Não existe um calendário de eventos, que dirá um plano para atrair visitantes fora da temporada. E o que é pior, hoje com o Estado lotado de cidades que possuem atrações aquáticas como as que Olímpia ficou conhecida por ter, ainda é possível, mas fica mais difícil conseguir dar a volta por cima.
Pior ainda, é que segundo se comenta nos bastidores, a cidade poderá num curto espaço de tempo, ser propriedade privada de alguns poucos megainvestidores, entre eles, o próprio, que dizem estarem comprando tudo quanto é terreno existente.
Conjecturas à parte é aterrorizante pensar que o déspota, talvez, em nome dos negócios, esteja indo com tanta sede ao pote, não se preocupando mais em despir a fantasia de bonzinho, de grande gestor, fazendo de tudo para fazer um sucessor que, dizem, tem sob o seu domínio, como forma de se perpetuar no poder por pelo menos mais uns 12 anos.
Como a esperança é a última que morre, resta, para os cidadãos pensantes, a crença de que realmente o pensamento de Abraham Lincoln seja verdadeiro e se firme no consciente coletivo: “Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo”.
De Fernando em Fernando, de Cunhando em Cunhando, Olímpia continua se Ferranando.
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