16 de janeiro | 2022

Privatização do Daemo: um crime contra a cidade

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“Há considerações razoáveis de que houve muito investimento
para tornar o Daemo atrativo para uma privatização
e por outro lado se permitiu o sucateamento
de maquinários necessários a prestação
dos serviços e não se investiu na
formação de seus funcionários”.

 

 

Do Conselho Editorial

Se articula nos bastidores políticos a ideia de se cometer um crime contra a cidade privatizando o Daemo.

A privatização da Prodem já foi um despropósito gigantesco, dada a importância e os serviços prestados por ela.

Quando se diz que a mesma foi extinta e não privatizada é apenas um recurso retórico, já que os mesmos serviços terão que continuar sendo prestados e não havendo a autarquia serão repassados à iniciativa privada, através da chamada terceirização, o que não deixa de ser uma forma de privatização.

É preciso enfatizar que privatização nada mais é que a demonstração de incapacidade que o poder público tem para administrar o que quer que seja.

Quando um governante privatiza alguma coisa está revelando sua incompetência total para gerar uma empresa.

E quando privatiza uma autarquia lucrativa como o Daemo, deixa a sensação para os esclarecidos que, para além desta incompetência, que pode haver por trás movimentos escusos e nada republicanos.

Em algumas estatais onde a privatização foi levada a efeito, com o passar dos anos se descobriu um número sem fim de cambalachos e a vergonhosa constatação de que a privatização tinha destino certo e os beneficiados, ficou demonstrado, em alguns casos, eram exatamente os privatizadores.

Não está aqui se afirmando que é o que pode ocorrer por aqui, no entanto, nos meios políticos há desconfianças de que há uma certa precipitação e pressa na licitação e as razões que motivam tais desconfianças parecem ser algumas coincidências.

A aprovação atropelada pelo Congresso Nacional da Lei 14.026/2020, que atualizou o marco legal do saneamento básico em julho deste ano e ampliou a possibilidade de privatização desse serviço, teve como relator o deputado federal Eugênio José Zulliani, ex-prefeito em Olímpia.

A princípio se imaginava que a ideia da privatização a toque de caixa seria uma estratégia de marketing de Eugênio José, já que a cidade do deputado estaria dando um exemplo de adesão a lei que o mesmo foi relator, o que seria, sem sombra de dúvidas uma grande jogada.

O cérebro humano viaja entre outras hipóteses, compara o que ocorre neste país sobrecarregado de atores políticos antiéticos com o que pode acontecer aqui.

Com a denúncia, não comprovada da vereadora, de possível jogada envolvendo vereadores na aprovação da derrubada do referendo e posterior privatização o Daemo, as suspeições se ampliaram.

Como é bastante comum, embora ilegal e imoral, a cobrança por votos nas assembleias deste país e se considerando que o Daemo teria um valor de venda relativamente alto, criou-se no imaginário popular a ideia falsa ou verdadeira de que os acordos passariam por valores destinados aos legisladores favoráveis a entrega do Daemo a iniciativa privada.

Pelo menos é o que dá a entender a entrevista e a fala da vereadora nas lives que produz e a sessão extraordinária feitana surdina, para tirar o referendo da lei. Tudo isso ampliou a sensação de que pode haver algo de podre no reino de Cunha/Kokão.

Coisas feitas às ocultas alimentam suspeitas e no caso do Daemo, que é lucrativo, que nunca teve nenhum problema, que é a jóia da coroa e motivo de orgulho da população, a suspeição, mesmo que não haja nada de errado, se amplia.

Há muito testa de ferro, há muito laranja pela cidade, como há na maioria das cidades do território nacional.

Há fazendas, casas, terrenos no nome de muita gente que não é proprietário de coisa alguma, que não tem um gato pra puxar pro rabo, no país todo.

Razão mais que suficiente para o político, principalmente de cidade pequena, se preocupar com a transparência dos atos praticados principalmente quando se trata de ações que envolvem transações financeiras de alto valor.

Não é o que está acontecendo com a proposta de privatização do Daemo, não é e não é mesmo, pelo menos depois do escândalo do final do ano na Câmara.

Razão pela qual a suspeição aumenta dia a dia e vai colocando sobre os vereadores que talvez possam merecer e outros que não merecem a noção de que todos os políticos são iguais e que esta igualdade é negativa e prejudicial à sociedade.

A preocupação central com a privatização do Daemo é que há relatos e divulgação de fatos de que onde houve a privatização da água e do saneamento básico as tarifas aumentaram significativamente e os serviços prestados não tiveram a qualidade que se prometia.

A iniciativa privada tem a pretensão do lucro e nada mais, não há compatibilidade entre o lucro e a prestação social de um serviço público.

É uma grande ilusão imaginar que a privatização virá para resolver soluções que os estados e munícipios não resolvem.

Contrário a isso, ao se ampliar a possibilidade de privatização desse serviço, violando diretamente disposições da Constituição Federal e extrapolando as competências da União esvaziando as competências dos municípios para regular, organizar e prestar serviços de interesse local, como é o caso do saneamento básico, a tendência é que se ampliem os problemas.

Olímpia tem resolvido grande parte do problema de captação e distribuição de água potável, as questões de saneamento básico estão, na sua maioria, solucionadas.O Daemo não é deficitário.Explicar a razão para privatização é muito difícil.

Há considerações razoáveis de que houve muito investimento para tornar o Daemo atrativo para uma privatização e por outro lado se permitiu o sucateamento de maquinários necessários a prestação dos serviços e não se investiu na formação de seus funcionários.

Além é lógico das indicações de apadrinhados, indicações de vereadores, a famosa cota, espalhados pela administração inchando folha de pagamento muitas vezes parasitando no poder público.

Estas as razões porque nem tudo funciona bem nas administrações e o povo coloca sob suspeições vereadores que se postam a favor de uma privatização de um bem público que não dá prejuízo sem uma explicação razoável.

Daqui há quatro anos, quando tentarem a reeleição ou voos mais altos,possivelmente irão se arrepender bastante de suas atitudes impensadas, não refletidas.A internet é implacável com os erros e com os errados.

A vereadora que promete jogar (M) no ventilador, caso lhe ocorra o que considera injusto, que diga o preço que tem pago pela intempestividade de suas ações.

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