15 de outubro | 2022
O ódio do mundo e o mundo do ódio
“Há um fanatismo no ar que remete a estupidez do Código de
Hamurabi, a crueldade do nazismo e o fanatismo do Talebã”.
Do Conselho Editorial
Há um ódio natural que é atribuído ao mundo que se manifesta na natureza de várias maneiras e há o mundo do ódio que é manifestado pelo ser humano contra o seu semelhante.
É meio complicado de entender principalmente porque a maioria fica tão absorta no seu pequeno mundo e tão voltado para o mundo que pretende construir para si que qualquer raciocínio que não seja o que contempla é de difícil digestão para o cérebro diminuto.
Se observasse com carinho as disputas travadas pela natureza teria mais facilidade para interpretar o que aqui se convencionou chamar o ódio do mundo.
Os naturalistas quando veem disputas sangrentas no reino animal trabalham com a justificativa da seleção natural, da disputa por territórios e nunca por confrontos causados pelo ódio.
No entanto, se raciocinassem, pudessem travar um pacto civilizatório pode ser que em alguns territórios os leões e outros animais deixariam de comer seus filhotes para antecipar o cio das leoas por exemplo.
E mesmo um cão selvagem, um Dingo que come de insetos a cangurus ou búfalos, não mataria mais do que o necessário para suprir sua necessidade de alimento e nem um gambá quando invade um galinheiro.
Se um ser humano tomasse pra si as mesmas ações, e alguns fazem isto, como pode pensar, dominar seus instintos, ou terá sido movido pela loucura ou pelo ódio.
A ideia central é exatamente por estar de posse do raciocínio lógico o homem estabeleceu códigos de condutas para se comunicar e conviver em harmonia na sociedade.
Diriam alguns que alguns destes códigos não foram atualizados e determinados seres humanos em algumas sociedades vivem pelo código de Hamurabi onde vigorava a Lei do Talião (“lextalionis”)
A pena de morte era largamente aplicada, seja na fogueira, na forca, seja por afogamento ou empalação.
A mutilação era infligida de acordo com a natureza da ofensa.
A noção de “uma vida por uma vida” atingia aos filhos dos causadores de danos aos filhos dos ofendidos.
As penalidades infligidas sob o Código de Hamurabi, ficavam entre os brutais excessos das punições corporais das leis mesopotâmica Assírias e das mais suaves, dos hititas.
A codificação propunha a implantação da justiça na terra, a destruição do mal, a prevenção da opressão do fraco pelo forte, a propiciar o bem estar do povo e iluminar o mundo.
Essa legislação estendeu-se pela Assíria, pela Judéia e pela Grécia.
Muita gente já ouviu falar da Inquisição que foi um movimento político-religioso que ocorreu entre os séculos XII ao XVIII na Europa e nas Américas.
O objetivo era buscar o arrependimento daqueles considerados hereges pela Igreja e condenar as teorias contrárias aos dogmas do cristianismo.
Os que não se arrependiam, os “hereges”, ou contrários aos dogmas da igreja, eram crucificados e queimados vivos.
Na Idade Moderna, quando houve a ruptura entre a Igreja Católica e Lutero, as regiões conquistadas pelos protestantes também sofreram a inquisição.
É preciso alertar que o termo “inquisição protestante” é usado para ilustrar a perseguição que Calvino, Lutero, ou Zwglio empreenderam aos católicos, cientistas e humanistas.
Mas eles mesmos não a chamavam assim.
Desta maneira, as principais vítimas da perseguição protestante foram os católicos que se recusaram a se converter ao protestantismo.
Também foram condenadas pessoas acusadas de adultério, bruxaria e seitas como a dos anabatistas.
O nazismo foi um movimento ideológico baseado na ideia de Deus, pátria e liberdade, que nasceu na Alemanha e esteve sob o comando de Adolf Hitler de 1933 a 1945 e levou milhões de judeus, negros, ciganos, homossexuais e opositores para serem mortos nos campos de concentração.
Já o fascismo foi um sistema político e surgiu primeiro na Itália, tendo aumentado a sua influência na Europa entre 1919 e 1939 e construiu muitas vitimas mundo afora.
E a viagem continua através do Fundamentalismo islâmico que é um termo utilizado para definir a ideologia política e religiosa fundamentalista que sustenta o Islão.
De origem midiática, este termo define o Islã não apenas como uma religião, mas um sistema que também governa os imperativos políticos, econômicos, culturais e sociais do estado, quebrando o paradigma de estados laicos, comum nesta parte do planeta.
Um objetivo crucial do fundamentalismo islâmico é a tomada de controle do Estado de forma a implementar o sistema islamista, ou seja, que abriga e coordena todos os aspectos sociais de uma sociedade através da xaria islâmica.
A sociedade brasileira, e os últimos acontecimentos demonstram, vive um período em que parte da população, os fundamentalistas, não sabe se optam pelo Código de Hamurabi, Inquisição, Nazifascismo ou fundamentalismo islâmico.
A invasão da Basílica de Nossa Senhora Aparecida pela horda bolsonarista em Aparecida durante as celebrações de Nossa Senhora Aparecida chocou o Brasil.
Durante as celebrações,arruaceiros, ao que demonstram gravações, alcoolizados, com cerveja em lata na mão, deram uma demonstração de desrespeito e civilidade à nação brasileira ao desrespeitarem um dos maiores símbolos da Igreja Católica.
Acontecimentos absurdos como este deveriam acender o sinal de alerta para sinalizar de que algo de muito errado está acontecendo com este país.
Há um fanatismo no ar que remete a estupidez do Código de Hamurabi, a crueldade do nazismo e o fanatismo do Talebã.
Há um ódio natural que é atribuído ao mundo e se manifesta na natureza de várias maneiras e há o mundo do ódio que é manifestado pelo ser humano contra o seu semelhante.
E este ódio está no ar contaminando mentes, espíritos e corações e na hora que o olho por olho vigorar,as pessoas forem penduradas em cruz para expiar pecados; os terroristas fundamentalistas armados até os dentes praticarem ações violentas e cruéis; as câmaras de gás operarem com o gás venenoso Zyklon B, matando as pessoas asfixiadas; será compreendida enfim a diferença entre o ódio do mundo e o mundo do ódio.
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