22 de abril | 2023

O mascarado invasor da escola e a irresponsabilidade dos homens públicos

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“Justificar tragédias não é função pública, mas evitar que elas aconteçam é dever, obrigação”

 

Do Conselho Editorial

Houve uma significativa revolta de alguns homens públicos irresponsáveis em relação à divulgação de uma tentativa de invasão de uma escola de Olímpia por uma pessoa mascarada.

Um incidente verificado na quarta-feira, 19, nas imediações da escola Emeb Prof Zenaide Rugai Fonseca, Cohab IV, acirrou ainda mais o clima de pânico vivido por pais de alunos de todas as regiões do município.

Alunos, duas professores e duas cuidadoras, segundo consta em BO registrado na delegacia civil de Olímpia, avistaram um homem com uma máscara de caveira dentro da escola e correndo em direção ao fundo, onde existe uma caixa d’água.

Autoridades afirmam que este relato é mentiroso e que tal situação não ocorreu como descrita pela imprensa e aconselham pais, alunos e professores a ficarem tranquilos por que a situação, segundo eles, está sob total controle das forças de segurança.

No entanto, alguns detalhes relacionados ao acontecimento indicam que o momento e as experiências vividas nos últimos tempos recomendam duas coisas:

Não acreditar em “otoridades” porque a maioria delas mente em demasia e o país desorganizado em que se vive está sob a responsabilidade deles que, desde a fundação, alimentam o caos.

Os relatos das professoras, das cuidadoras e dos alunos, que constam do boletim de ocorrências demonstram que, embora não soubessem do que se trata, assim como parte da mídia e das autoridades, o que descreveram foi a figura de um nazista tentando invadir uma escola.

Coincidência ou não o estudante de 13 anos que matou a facadas a professora Elisabeth Tenreiro em uma escola em São Paulo vestia uma máscara com estampa de caveira, semelhante à usada em outros ataques em escolas no histórico brasileiro.

A vestimenta de caveira foi utilizada em ao menos outros dois atentados recentes: nos atentados contra escolas em Aracruz, no Espírito Santo, e em Suzano, na Grande São Paulo.

A máscara de caveira é marca registrada da Divisão Atomwaffen, grupo neonazista criado nos Estados Unidos, com simpatizantes espalhados por vários países, como a Alemanha.

Essa rede de extrema-direita costuma recrutar jovens, muitos deles usuários de games, o que teria contribuído para a difusão do adereço entre jogadores atraídos por discursos nazistas.

Pois bem, se o jornalista que primeiro anunciou o fato, tivesse por intenção o sensacionalismo, soubesse da gravidade da informação, como pretende fazer passar a narrativa chapa oficial, teria explorado esta revelação.

Da mesma maneira, as professoras, as cuidadoras ou os alunos, se tivessem conhecimento de que o pretenso invasor poderia ser um nazista ligado a movimentos que pretendem fazer intervenções violentas pelas escolas do país afora, teriam mostrado preocupação e apreensão muito maiores.

É demais fantasioso e irreal imaginar que o jornalista e sua fonte, professoras ou alunos, tenham criado uma imagem que coincide com a dos personagens que estão atacando as escolas brasileiras com violência e crueldade.

Isto pode ser verdadeiro ou não, da mesma maneira como é comum as autoridades brasileiras negarem o caos quando estão afundados até o pescoço nele.

Mas, sem sombra de dúvidas, esta não é a melhor estratégia.

A situação existe e tem que ser enfrentada com coragem, destemor e de acordo com as leis vigentes no país.

Necessário que se investigue a fundo esta questão, que se organize um patrulhamento que seja eficaz e transmita segurança aos responsáveis pelas unidades escolares e para os pais e alunos. E acima de tudo melhorar a educação e a saúde para toda a população.

O que não pode acontecer é permitir que autoridades irresponsáveis e insanas produzam mentiras atribuindo culpaa professores, alegando que os mesmos inventaram esta história da invasão para ter um feriado prolongado e que voltarão a repetir a estratégia no próximo feriado.

Ou que afirme sem nenhuma investigação que tudo está sob controle e que nada vai acontecer no município mesmo que tenham colocado seguranças na porta da escola sem nenhum preparo ou condição física para este enfrentamento.

Estas inconfidências que beiram a loucura e que estão sendo divulgadas boca a boca (rádio peão), ao invés de trazer tranquilidade, ampliam o temor da população e comprovam que a segurança pode estar entregue nas mãos de gente sem nenhuma condição de deixar o cidadão tranquilo ou com a sensação de estar amparado pelo poder público.

Bom lembrar que o dia 20 de abril coincide com o dia do primeiro grande atentado a escola ocorrido nos Estados Unidos, quando 11 pessoas perderam a vida e várias outras ficaram feridas.

Esta data estava sendo anunciada como a em que se dariam atentados por todo o Brasil, até em jogos pela internet que incentivam os participantes a cometerem este tipo de crime.

A realidade é esta e dela não se pode fugir, mais que necessário que autoridades sérias e responsáveis se atentem para a realidade e não criem um universo paralelo, um mundo de Alice, pois a vida das pessoas pode estar correndo risco.

Justificar tragédias não é função pública, mas evitar que elas aconteçam é dever, obrigação.

Como bem observou um pai revoltado.

– Como posso acreditar que um terrorista que outro dia queria queimar pneus na rodovia pra destruir a democracia vá cuidar para que nada aconteça com meu filho na escola?

Se ele, pai, tem razão ou não, o tempo dirá, mas, pelo discurso negacionista e de buscar culpabilizar a imprensa, melhor que os pais cuidem dos seus filhos, que os professores e funcionários das escolas e, acima de tudo, cuidem de si mesmos e não deem crédito a tudo que as autoridades neguem ou afirmem de positivo.

Às vezes o mundo que eles pintam só cabe na tela dos pintores surrealistas.

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