19 de janeiro | 2014

“O homem nasce bom, mas…”

Compartilhe:

Ivo de Souza

“Hoje eu quero paz de criança dormindo / e o abandono de flores se abrindo…”

O grande filósofo pregava e a­pregoava que o homem é um ser bom por natureza. Nasce bom, mas é corrompido pelo meio, que o torna mal, violento, cheio de más intenções, corrupto e corrompido. Alguém, certamente refutaria essa tese, pois existem pessoas boas em meios totalmente deteriorados e, por outro lado, pessoas más em meios sociais considerados mais elevados, mais nobres (na verdade, a nobreza está na pessoa e não no meio). É certo que muitas pessoas são influenciadas pelo meio “ruim” em que foram criadas, onde vivem; não podemos en­tretanto, generalizar essa cons­tatação.

Os atos violentíssimos ocorridos mais recentemente no Mara­nhão chocaram a opinião pública de to­do o país, principalmente por conta da morte da pequena ma­ra­nhen­se queimada viva por homens que, talvez, pudessem ser bons, mas se tornaram maus pelas circunstâncias da vida (meio?), ou já eram maus em essência e se tornaram piores pela miséria, pelas drogas e deixaram explodir a maldade latente em sua personalidade.

Todos os homens são bons e ma­us. A bondade e a maldade são inerentes aos humanos. Cabe a cada um de nós cultivar uma e sepultar a outra. Família estru­tura­da, educação familiar (de berço) Con­tribuem decisivamente para a formação de homens bons (ainda que exceções existam, como em todas as regras). Mais do que nunca os valores morais (não moralistas) e éticos precisam ser trabalhados com as crianças com fre­quência e em todas as oportunidades. Por mais evoluído e infor­ma­tizado e virtualizado que esteja o mundo, valores como respeito, solidariedade, tolerância, amizade, amor e fraternidade são eternos. Nunca serão, nem devem ser, superados pela virtualidade fria, dis­tante e vazia. E, assim, devem ser preservados. E é na infância que esses valores devem ser formados e assimilados pela criança. Entram aqui os exemplos dos pais. Nada educa mais uma criança do que os exemplos. Muito mais que as palavras, muitas vezes lançadas ao sabor dos ventos e dos modismos.

Por falar em modismo, a moda agora nas metrópoles (civiliza­dís­simas) é o “Rolezinho”: um encon­tro­zinho marcado pelas redes sociais, um rolê de mil, duas mil, seis mil pessoas nos grandes shopping centers. Até o momento, só correria. Esses simples (não são tão sim­ples assim) passeios (o jovem pre­cisa se divertir, dizem alguns sábios) podem, facilmente, des­cambar para a pancadaria, para a violência generalizada, sem controle da segurança pública, que, há muito, anda perdendo para os bandidos, numa guerra diária, sem fim.

Crimes horrendos no presídio de Pedrinhas (Maranhão) também chocaram a sociedade brasileira. E esses fatos não ocorrem somente lá no Maranhão. Nossas cadeias superlotadas, sujas, fétidas, co­man­­dam o crime do lado de fora. E matam, e es­quar­te­jam, e decapitam os con­siderados fora (ou muito por dentro) dos esquemas tramados e traçados entre quatro paredes para fomentar a violência nas ruas: ônibus e pessoas inocentes são queimadas nas ruas das grandes cidades. O que fazer, devem estar-se perguntando atônitas, as chamadas autoridades com­pe­tentes. E a sociedade, os cidadãos de bem só conseguem, quando dá tempo, estender a bandeira branca de S.O.S.! Socorro! E salve-se quem puder? Não é bem assim. Onde anda a segurança pública, paga pelos nossos bolsos, para nos proteger?

PS.: Faltam muitas vagas nas chamadas creches (hoje são escolas) da região: Rio Preto e A­ra­ça­tuba, por exemplo. Enquanto a e­ducação, em todos os sentidos, não for prioridade de nossos go­vernantes, o país continuará vivendo a violência, a cri­mi­nalidade, o caos, nos presídios e nas ruas do Brasil. Infelizmente. Senhores prefeitos, educação pa­ra as nossas crianças. Urgentemente. Amanhã poderá ser tarde demais. E só nos restará lamentar o leite der­ra­ma­do…ou chorar lágrimas amargas e quen­tes de dor e arrependimento.

Ivo de Souza é professor universitário.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas