09 de abril | 2023

O discurso de ódio e a morte de crianças em escolas

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“O incêndio a sede do jornal era apenas o início de um período de temor e violência que agora mostra sua face nas escolas, nas ruas, nas ameaças ao cidadão comum e ao Estado”.

 

Do Conselho Editorial

O jornal Folha da Região, ao longo de sua história, tem colocado foco no crescimento da violência no país em razão da polarização política, do crescimento das células nazistas e da presença da milícia em vários estados.

Imaginar que os discursos dos gabinetes do ódio esparramados pelo país não contribuíram para que a violência chegasse neste patamar inconcebível é pura inocência ou hipocrisia.

O incêndio provocado pelo ex-bombeiro incendiário Cláudio José de Azevedo Assis (Claudio Baia), já era prenúncio do risco que a sociedade corria alimentando fanáticos criminosos guiados por Fake News e discursos de ódio.

Foram quatro anos em que parte da sociedade clamava por intervenções primitivas e sem nenhum resquício de civilidade e um presidente conclamando a volta da barbárie e da revolta contra a opinião diversa do que propunha.

Os “cidadãos de bem” se armando até os dentes em um país até então pacífico, transformando-o em uma frente de batalha, uma guerra desenvolvida por nazistas, milicianos e jovens armados que invadem escolas e atentam contra a vida das pessoas.

Dia destes, em Guaraci, um jovem de 19 anos foi preso com um revólver calibre 38, um rifle com dois carregadores, além de munições.

Segundo a Polícia Civil, policiais receberam denúncia de que o rapaz estaria armado e teria ameaçado uma adolescente de 12 anos.

Por uma testemunha, a polícia ainda recebeu a informação de que o suspeito morava em São Paulo e teria dito que chegou a Guaraci para cumprir uma “missão” que o deixaria “famoso”.

O suspeito teria dito que pretendia invadir uma escola.

O Brasil perdeu recentemente mais uma educadora vitimada pela violência que assola escolas de todo o País.

Elisabeth Tenreiro foi esfaqueada por um aluno enquanto fazia chamada em uma turma da Escola Estadual Thomazia Montoro.

Um homem de 25 anos matou quatro crianças e feriu outras cinco após invadir uma creche em Blumenau (SC) com uma machadinha.

Entre o final de março e os 05 primeiros dias de abril, a Polícia Civil de São Paulo registrou mais de uma dezena de ocorrências envolvendo planos de adolescentes em relação a ataques em ambiente escolar. A suspeita é de que a ampla divulgação de imagens do ataque ocorrido na escola da Vila Sonia, na capital, no qual uma professora morreu e cinco pessoas ficaram feridas, esteja motivando esses adolescentes. O ‘efeito contágio’ preocupa secretaria da segurança pública paulista’.

O PCC, facção criminosa, é apontada como a responsável pela série de ataques que ocorreram no Rio Grande do Norte onde ficou notório o uso de táticas terroristas no enfrentamento ao Estado.

As ligações entre um grupo de brasileiros e organizações neonazistas internacionais foram mostradas em reportagem do programa “Fantástico”, da TV Globo.

Na quarta-feira (29) a polícia prendeu dois homens no Rio Grande do Sul, suspeitos de fazer parte de um grupo supremacista cujos integrantes haviam sido detidos em novembro de 2022, em Santa Catarina.

Estes fatos noticiados mostram e demonstram claramente que uma onda de violência está se expandindo pelo país e o nascedouro, gostem ou não gostem os que defendem armas e violências, tem seu nascedouro nos discursos disseminados pelos gabinetes do ódio esparramados pelo país.

Quem imaginava que estas ações terminariam no incêndio de um jornal de uma cidade interiorana levado a cabo por Claudio Baia, criminoso confesso, se enganou e muito.

O incêndio a sede do jornal era apenas o início de um período de temor e violência que agora mostra sua face nas escolas, nas ruas, nas ameaças ao cidadão comum e ao Estado.

É preciso ampliar a segurança das escolas e, principalmente, investir nelas, para que possam criar cidadãos que pensem e tenham conhecimento para poder separar o joio do trigo. Também é necessário produzir legislação que coíba estas ações criminosas e terroristas e traga de volta uma nação pacificada, civilizada e com senso de humanidade e de respeito pela opinião divergente.

 

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