23 de setembro | 2018

No Facebook, combate a corrupção; no carro, adesivo de ladrão

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Do Conselho Editoral

Uma “bisoiada”, olhada esperta e malandra no Facebook, dos e das figuras carimbadas e conhecidas pelas acrobacias discursivas bastaria para conferir a elas o título de insanas, com direito a internação em instituto psiquiátrico, ou mal intencionadas.

Ou, apenas e tão somente bandidas e bandidos pés de chinelo, exploradores da falta de informação, alienação, e mesmo indiferença do povo brasileiro em relação ao seu país, que se esforçam no sentido de se firmarem como se fossem mocinhas e mocinhos do filme B que a vida fútil e inútil lhes oferece.

Mesmo que não passem de simples gota de oceano entre milhões de seres pensantes, conferem a si uma importância inusitada e se permitem, através do aval que lhes confere, muitas vezes, aquele que a ou o figura interpreta como autoridade, uma visão de infinitamente capaz de impor suas vontades através do pensamento.

Nestes tempos de influenciadores digitais, estas tristes figuras se posicionam sobre todos os assuntos como se fossem doutas em todos eles e nos que há por vir no futuro.

Nestes tempos de campanha eleitoral, estas tristes figuras, têm se empenhado, de forma digital, no combate a corrupção com uma disposição que chega a passar a ideia de que moram em um mosteiro, em algum convento isolado do planeta, se alimentam de tubérculos e bebem água direta da fonte.

A realidade, como foto com exagero de Photoshop, desnuda estas alminhas nada inocentes, quando confrontada a imagem distorcida das redes com a real do dia a dia.

A ou o alcoólatra não tropeça na internet, na vida, no dia a dia tem a língua mordida por marimbondos, problemas de deambulação, dificuldades de raciocínio e incapacidade para mostrar belezas inexistentes em si.

Da mesma maneira, o mocinho ou a mocinha não conseguem esconder que sua participação na defesa do corrupto simplesmente porque o corrupto costuma ter apoio intransigente de quem ele compra.

 A maioria não vê motivos para apoiar gratuitamente alguém que surrupiou horrores dos cofres públicos.

Não há para o brasileiro que se vende por “pingaiada”, cerveja, churrasco, emprego, dentadura, botina, poste, abastecimento no automóvel ou cem reais para defender o ladrão na internet, nenhum pingo de escrúpulo ou amor à pátria.

E não havendo, o que há de pior na sociedade vai se postar como a última flor do Lácio, inculta e bela, que é a um tempo, esplendor e sepultura: fina com seu latim vulgar falado por vagabundos, prostituídos, corrompidos, soldados de guerras estranhas e perdidas, camponeses de terras arrasadas e lesas pátrias das camadas populares.

Não há nada que uma boa propina não possa fazer para que estes que olham a si mesmo e seus interesses “fulanizados”, “fuleiros” e mesquinhos não possa fazer em prol do ladrão e da corrupção, nada que suas almas bandidas não se esforcem para garantir a compra de suas faltas de consciência.

Assim era e assim continua por este país: muito bandido da política comprando outros bandidos, com o dinheiro que roubou dos cofres públicos, para ser defendido nas redes sociais e nas rodas em que se discute política. 

A história do combate a corrupção, em que pese ser verdadeira para muitos, para outros é apenas uma lenda, um discurso para convencimento de otários.

Ninguém que crê verdadeiramente no combate a corrupção votaria ou apoiaria alguém, que sabe que sua permanência no poder o tirou da miséria, que pulou de endividado para a condição de ostentador de riqueza, ninguém.

A realidade se mostra bem mais cruel, do que aquilo que às vezes pensa a vã filosofia: a maioria dos que colocam adesivos de candidatos nos carros, sabem e bem porque isto ocorre.

Alguns, porque adoram aquele político, por razões pessoais ou familiares, outros por dever, obrigações relacionadas à corrupção, e, muitos, muitos mesmo, por ganharem o direito a abastecer carros e motos e outros veículos às custas do candidato que defendem até as eleições.

Nas redes sociais aquele discurso infeliz e sem verdades contra a corrupção, na prática dinheiro no bolso e gasolina caminhando a fala na contra mão. No fim e no fundo se chega a terrível conclusão de que no Facebook, combate a corrupção, no carro, adesivo de ladrão.

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