20 de janeiro | 2013

No caso Becerra, sobrou suspeição para Beto Putini?

Compartilhe:

Do Conselho Editorial

Mesmo que não tenha agido com intenção de retardar a posse de Marcos Aurélio Martins Rodrigues, o Marcão do Gazeta, em respeito a decisão do juiz Lucas Fiqueiredo Alves da Silva, sobrou, em função do gesto, suspeição para Beto Putini, o presidente da Câmara.

A situação que envolve o cumprimento da sentença que suspendeu os direitos políticos de Becerra Canhada e Jesus Ferezin tem tido desdobramentos que fogem do plano do entendimento de especialistas em fuxico e tricô político de toda ordem.

A bola de cristal da maioria ora mostra nuvens de sensatez no nível mínimo, outra hora dá demonstração de insanidade de último grau quando confrontadas com a realidade com que se move a pedra do xadrez intrincado que se está jogando no palco da política local.

A princípio Jesus Ferezin foi diplomado, a seguir foi derrubado por liminar conquistada pelos advogados de seu suplente, Marcos Santos, o Marquinhos.

Becerra que figurava na mesma sentença que deixou Ferezin e outros 19 com os direitos políticos cassados conseguiu a proeza de ser empossado vereador.

Depois da posse de Marquinhos, Marcão do Gazeta acionou a justiça e obteve liminar para ocupar a vaga que estava e está em poder de Becerra Canhada.

O cumprimento imediato da posse de Marcão determinado pelo juiz Lucas Figueiredo esbarrou no acordo que o mesmo travou com o presidente da Casa de Leis, Beto Putini, que marcou para a quarta-feira, às 12 horas, a posse do suplente que iria substituir Becerra e que deveria ser empossado na segunda-feira.

Tempo mais que suficiente para que os advogados de Becerra Canhada, que foram recomendados pelo Prefeito Eugênio José, conseguissem reverter o quadro e manteve Becerra, por força de liminar, no cargo de vereador.

Nada demais, não fora a demonstrada má vontade expressada por próximos do grupo de Eugênio em relação à ascensão de Marcos e Marquinhos e do esforço depreendido que demonstra o desejo de que os dois não estejam no Legislativo.

No caso de Marquinhos, que substitui Ferezin, chega a ser compreensível se levado em consideração o histórico de proximidade de Jesus Ferezin do grupo de Eugênio e o incômodo que a visão populista e demonstração de não ter perfil ideológico definido, muito menos comportamento de grupo que é associado a figura de Marquinhos nos meios políticos.

 Com extremas dificuldades para se enquadrar nos diferentes grupos pela visão personalista e ausência de pacto com a fidelidade, necessária em grupos organizados, Marquinhos segue carreira solo dividido entre se entregar à situação ou se jogar na oposição hidrófoba, o que incomoda as lideranças do grupo de Eugênio.

Marcão, no entanto, faz o perfil que o grupo de Eugênio privilegia, com apenas um agravante: seria míssil teleguiado do grupo do vice-prefeito no entendimento dos “eugênicos” mais radicais.

E, segundo se ouve nas rodas frequentadas pelos conhecedores da matéria, sua presença na Câmara poderia alavancar o grupo do vice-prefeito do ponto de vista local, assim como colocá-lo em destaque junto ao PSDB que enfrenta crise de falta de lideranças e renovação dos quadros, nacionalmente.

Estes motivos e razões elencadas pelos que buscam hipóteses que podem se revelar furadas ou carregadas de razão, ganham as ruas e se fundem a outras divagações sem grandes conteúdos científicos mais carregadas do pragmatismo das massas que analisam pelo instinto as ações dos políticos, ou baseados no seu histórico pessoal e político.

Ai entra Beto Putini sobre quem se discute pelos bares e cafés da cidade, que teria colocado dificuldades de forma maneirosa, hábil, de raposa antiga para alguns, levando a convencimento equivocado o suplente Marcão que retardando sua posse perdeu a oportunidade de “causar” nem que fosse na segunda e terça-feira.

Como há quem entenda que após a posse fica difícil tirar alguém do poder, e o que aconteceu com Becerra que era para sair e ficou, acaba fortalecendo esta ideia, e parte da corrente que atribui culpa a Putini o faz exatamente por entenderem que se Marcão tivesse assumido na segunda seria Becerra que passaria a ter dificuldades para desalojá-lo do mandato.

Estas posições que podem não passar de hipóteses furadas só ocorrem pelo desgaste que ronda o político nos dias atuais.

Pode ser que Beto Putini tenha agido com a melhor das intenções adiando a posse de Marcão do Gazeta, porém, por sua fidelidade ao grupo de Eugênio, pelas demonstrações que o grupo deu no sentido de não se esforçar para que Marcão estivesse no Legislativo e pela própria bagagem política de Putini, fica muito difícil para o senso comum acreditar em inocência ou ingenuidade no gesto de Putini, o que não significa que não possa ter havido.

Se houve ou se não somente Putini poderá dizer, o que também não significa que todos irão acreditar, exatamente por que políticos e boas intenções para a visão de maioria, não combinam.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas