13 de maio | 2009

Começou 8.º Encontro de Congadas de Olímpia

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A Associação de Proteção ao Congado e o Terno de Congada Chapéu de Fitas, do Jardim Santa Efigênia, zona norte da cidade de Olímpia, estão promovendo desde a quinta-feira, dia 13, a Festa de São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Ifigênia. Trata-se do 8º Encontro de Congadas, uma festa comunitária que celebra as tradições da população negra, carregada de significados e de identidade histórica e cultural-religiosa, terminará no domingo, dia 17 de maio.

No Brasil diversas comunidades de tradição também realizam suas festividades nesta semana em que se comemora no dia 13 a libertação dos escravos, data da Lei Áurea assinada em 1888 pela Princesa Isabel, extinguindo aquela forma de escravidão no País. Mas, o início dos festejos ocorreu com a celebração das novenas de tradição católica, de preparação, realizadas desde o dia 4 de maio, na Casa dos Devotos, no Jardim Santa Efigênia.

Na quarta-feira, dia 13, primeiro dia do evento, aconteceu o levantamento dos mastros de São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia, na Igreja de São Benedito, no bairro do mesmo nome. No sábado, dia 16 realizam-se cortejos de visita aos festeiros e coroas.

No encerramento do encontro, no domingo, dia 17, começa com o café comunitário de São Benedito e dos festeiros, abrindo as festividades. Às 14 horas está programado o encontro dos congos e moçambiques, quando se realiza o translado dos reis e coroas de seus locais de origem.

Às 16 horas, saída da procissão a partir do Jardim Santa Efigênia em direção ao bairro São Benedito, e no final do dia, a missa conga e, após, o encerramento com a descida dos mastros, em frente à Igreja de São Benedito.

A organização do evento é uma iniciativa dos familiares do capitão José Ferreira, com apoio de amigos e da comunidade local. Tem a participação das irmandades de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito do município de Olímpia e Franca, no Estado de São Paulo, e de Ibiraci, Estado de Minas Gerais.

O transporte tem sido uma das maiores dificuldades dos organizadores e para isso contam com a ajuda do município e da população que possa colaborar com o evento. Conclama também a todos a ajudar a preservar estas tradições culturais.

Congos e Congadas
O capitão João Batista Ferreira, filho do capitão José Ferreira, líder do Terno de Congada Chapéu de Fitas de Olímpia, lembra que as congadas são grupos de danças populares de origem africana que surgiu no Brasil nesse período da escravidão dos negros. São os africanos, denominados ‘bantus’, que vieram das regiões do Congo, Moçambique e Angola, os criadores dessa manifestação secular da cultura afro-cristã.

Essa é uma região na África com forte presença dos rituais do candomblé. No Brasil o folguedo produz o sincretismo ao misturar elementos de cultos africanos com os católicos. Representa a coroação do rei do Congo realizado através da música, dos batuques de zabumba e da dança.

Segundo ele, a festa “retrata os grandes autos dos tempos do Brasil colonial, tais como as coroações de reis e rainhas, celebrações cantadas e coreografias, danças e bailados e as cantorias que nos remete ao passado e ao mesmo tempo ao futuro, cuja transmissão é oral e passada de pais para filhos de geração a geração mantendo a raiz e matriz desta tradição.”

Para João Ferreira, a população aprende a conhecer e respeitar e conviver pacificamente com estas manifestações. Aprende a enxergar um outro universo, brasileiro, através de tantas outras formas de se fazer cultura. “Simples, mas verdadeira e também faz a sociedade reconhecer que nosso país tem alma e nossa população que é pobre foi enriquecida com o dom da arte, com o dom da sabedoria e com o dom da simplicidade, que faz de nosso país um abrigo de todas as raças, crenças e credos, cheio de ritmos e coloridos”.

Capitão Ferreira
O capitão e fundador do Terno de Congada Chapéu de Fitas, e mestre de Santos Reis, da Companhia Estrela da Paz é também produtor de instrumentos musicais de forma artesanal. Domina a arte na construção de bumbos e caixas, utilizados pelos congadeiros em Olímpia. São originais e diferem de outros grupos por se manterem fiel a esse estilo. O capitão constrói para sua congada as caixas de madeira, seguindo a tradição dos tambores de couro.

Ele comanda esse grupo de congada de expressões culturais e danças populares, preservando os cultos de seus antepassados, que procura retratar em sua forma original os grandes autos dos tempos do Brasil colonial, tais como as coroações de reis e rainhas, cortejos de rua, celebrações cantadas, ao ritmo de tambores e caixas e pandeiros. Explica o capitão Ferreira que “as danças, bailados e as cantorias nos remete ao passado e ao mesmo tempo ao futuro, passado de geração a geração através da oralidade”.

O mestre José Ferreira chegou a Olímpia em 1962, e conheceu o professor José Sant’anna, que dois anos depois criou o festival de folclore. A partir de 1970, capitão participou com a Companhia de Reis Estrela da Paz do 6º, 7º, 8º festival, agora já mais próximo do professor. Sabendo de seu conhecimento sobre o congo e moçambique, Sant’anna o convidou para formar o Terno de Congada Chapéu de Fitas. Foi a primeira congada autêntica na região de Olímpia.

O capitão formou o grupo com a participação de sua esposa Edna Ferreira, conhecedora de música, seus filhos e seus sobrinhos. Com ajuda do professor comprou materiais, para confecção de roupas e instrumentos. Em sua residência no Bairro de Santa Ifigênia, em Olímpia, iniciou as atividades práticas de oficinas e ensaios do grupo, no mesmo local onde até hoje são realizadas. O terno se apresentou pela primeira vez no dia nove de agosto de 1974, na abertura do 9º Festival do Folclore.

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