09 de dezembro | 2023

Nem tudo que reluz é ouro no reino de Rei Nando

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“E o grande imperador que construiu a monarquia de Olímpiã e Festança, por outro lado, ao se olhar no espelho e, como Narciso, sentir que não existe outra forma a não ser a sua onipotência, resolveu lançar um candidato para ocupar o trono, mas talvez, não para governar”.

 

DO CONSELHO EDITORIAL

Dois fatos políticos marcaram esta semana.

O primeiro foi o pedido de perdão do vereador Hélio Lisse Júnior, que havia chamado uma munícipe, em sessão recente da Câmara local, de barriguda, em flagrante preconceito chamado “Gordofobia”.

Hélio, com certeza, teve um ato de hombridade, mesmo que tenha procurado razões que a própria razão desconhece para explicar o destempero, inapropriado a um legislador que tem longa e extensa carreira de delegado, onde o controle emocional é deveras importante, pois neste caso, o destempero pode levar à morte de outrem.

Hélio, dentre suas argumentações, afirmou que está sendo perseguido politicamente por aqueles que invejam o governo da majestade dele, grande imperador elevado à condição de rei, Rei Nando.

Teve o despautério de dizer, com todas as letras, que o Rei foi o melhor prefeito dos últimos 100 anos. Não que o Rei não tenha sido um grande gestor, um administrador que conseguiu colocar a casa em ordem, transformando a prefeitura em uma empresa quase privada e, talvez, por isso, ao visar a estabilidade financeira, tenha acabado se esquecendo do lado pobre de Olímpia e tenha administrado para a Olímpia Turística, deixando a velha Olímpia ao deus-dará, correndo o risco de cair em buracos e de ser tratada por dirigentes da saúde que nada entendem do assunto, mas apenas de praticar o populismo e o clientelismo com um órgão tão importante.

De remédios simples como dipirona à falta de cuidado e de interesse nos bairros não só da periferia, mas também nos que são ocupados por cidadãos trabalhadores das classes média e média baixa fez se avolumar a contradição com o luxo e o cuidado total com a região do vale do turismo.

Não que o turismo e o turista não sejam importantes para uma cidade que tem 60% de sua economia voltada para o setor, mas não se pode conviver com a ideia de que uma coisa possa viver sem a outra. Não dá para construir uma estância turística e esconder 50 mil desabrigados do governo. É como tapar o céu com a peneira.

E o grande imperador que construiu a monarquia de Olímpiã e Festança, por outro lado, ao se olhar no espelho e, como Narciso, sentir que não existe outra forma a não ser a sua onipotência, resolveu lançar um candidato para ocupar o trono, mas talvez, não para governar.

Buscou um desconhecido que não aguentou a pressão e, poucas semanas depois, abandonou o barco, pressionado pela família e, dizem, pelos próprios destemperos do Rei.

Agora, depois de tentar fantasiar para os súditos que estaria escolhendo um sucessor democraticamente, impõe a candidatura de seu braço direito. Aquele que sempre esteve ao seu lado e que, sem dúvidas, aprendeu a entender e atender seus devaneios autoritários.

Lançou um grande nome, sem dúvidas. Uma pessoa boníssima, mas que pode ter seu currículo manchado, ou por não se eleger e ter sua vida devassada, ou por se eleger e ter que representar um papel, sem ter o poder de decidir se assina ou não decisões que possam não ser as suas.

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