20 de maio | 2012

Muito cinismo e nenhuma manifestação de ética

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Do Conselho Editorial.

O incidente que envolveu o Executivo e o Legislativo no caso relacionado ao cumprimento da decisão de exonerar os funcionários em cargos comissionados por determinação do Tribunal de Justiça, foi a contundente prova da presença nos meios políticos de muito cinismo e de nenhuma manifestação de ética.

O prefeito local, Eugênio José Zuliani, como sempre favorável a visão de que sempre ganha todas, mandou à Câmara um outro projeto de lei que recriava, com novas nomenclaturas, os cargos que estaria do ponto de vista legal, se houvesse respeito a lei, obrigado a extinguir.

Não bastasse o caradurismo, o Chefe do Executivo foi se somar a algumas de nossas autoridades legislativas, que cinicamente assumiram o olé que estavam dando na Justiça.

Até o outrora discurso do cumprimento da legalidade do líder do prefeito na Câmara virou papel de embrulhar peixe podre, que alegando, em tese, que o Legislativo não poderia se curvar, posicionou-se a favor da criação dos novos cargos.

O vereador Beto Putinni fez questão de lembrar a extrema necessidade destes cargos no Executivo, como se fosse parar a máquina pública caso eles não fossem recriados e não fossem ocupados até por radialista que passa quase toda parte do seu tempo de microfone a mostrar o prefeito perfeito que o contratou em cargo em comissão.

Quem pensa que a ópera bufa parou por ai se enganou, revelado está que tal comédia tinha por combinação, se votada, a criação de outros cargos comissionados não na prefeitura, mas na própria Câmara e que possivelmente viriam beneficiar o presidente Toto Ferezin.

Porém, como na terra dos palhaços os homens riem de coisa sérias, e como ri melhor quem ri por último, melhor esperar o final da piada pronta para rir do final, com prazer, ou chorar de tristeza, se for alinhado aos que gostariam de ver seriedade nos no trato com a coisa pública.

Votado os cargos que Eugênio José desejava manter, dado o chapéu mexicano na Justiça, passou-se a votação dos cargos de Toto Ferezin, descobriu o "nobre" José das Pedras que haviam adicionado um cargo a mais e denunciou que não tinha acordado aquela quantidade de cargos.

Foi mais além, alertou que se votasse aquela quantidade de cargos passaria a votar contra todos os projetos do Executivo, entenda-se votaria contra todos os projetos que Eugênio mandasse.

Retirado de pauta o projeto que premiava Toto Ferezin com alguns cargos comissionados na Câmara Municipal de Olímpia e que, ao que parece, fazia parte de um acordo denunciado por Zé das Pedras, voltou para votação na última segunda feira e não foi aprovado.

O vereador líder do prefeito na Câmara teve uma recaída de legalismo entre aspas e se posicionou contrário a criação dos novos cargos pretendidos por Toto Ferezin.

Beto Putini até o presente momento não lamentou o quanto isto poderá interromper o sucesso dos trabalhos legislativos.

Zé das Pedras não revelou, por enquanto, se continuará votando a favor de tudo que o prefeito Eugênio enfia goela abaixo da população.

Tirou-se, porém, uma lição de tudo isto, na votação em que o Executivo conseguiu manter os cargos em comissão, até antes da manifestação cívica de José das Pedras, o clima era de elogios e de finas ironias.

Após, nos corredores, ouvia-se manifestações de fúria que colocavam claramente o que se pensa acerca de alguns políticos, os políticos quando contrariados, que em tudo coincide com o que pensa a população mesmo quando não está contrariada.

Cínico, traidor, infiel, sem vergonha, vagabundo, pilantra, mafioso, são termos bem infantis perto do que se ouve depois destes conflitos que envolvem cargos e dinheiro público.

Quando não foi aprovado o projeto que criava cargos em comissão na Câmara, se fosse reproduzido aqui o que se fala nos corredores do Legislativo, seria impróprio o jornal para menores de idade, e só poderia ser lido após as dez horas da noite.

Esquecem-se eles, nossos legisladores, do principal, que nas ruas as pessoas não se enganam e não consideram como simples traição a vergonhosa situação que ocorreu no Legislativo nas últimas sessões.

É muita cara de pau achar que foi traído quando na verdade se estava era traindo a população.

Querer passar a ideia de que algo sinistro e vergonhosamente planejado pudesse ser bom para a sociedade e que quem sendo da situação votando contra tenha se comportado como Judas é não se olhar como o Iscariotes que se estava sendo.

Lógico, que quem da situação votou contra não estava sendo sensato ou honesto, estava apenas retaliando, se vingando, que esta é a prática daqueles que fingem uma seriedade que nunca terão.

Fosse séria a Justiça, este olé não ocorreria, da mesma forma se houvesse Ministério Público presente e cumprindo seu papel de fiscal da lei não ficaria sem levar uma pedrada as declarações cínicas e sem nenhuma manifestação de ética do vereador que denunciou a possível "negociata" em nome da população.

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