23 de agosto | 2020
Fase amarela: A cidade está preparada para despedidas?
“Resta saber se o povo está disposto a
continuar a derramar lágrimas e se a
cidade está preparada para tantas despedidas”.
Do Conselho Editorial
Por tudo que se viu e por tudo que se está vendo de irresponsabilidades praticadas por parte de alguns cidadãos, existe a possibilidade do que está ruim ficar bem pior.
Tudo dependerá do exercício do poder discricionário que o prefeito local detém.
Muito embora Olímpia tenha registrado um aumento de número de casos e mortes ocasionadas ou relacionadas ao Covid-19 nas últimas semanas, os índices registrados pela região de Barretos habilitou a classificação do município para fase amarela.
As cidades de Altair, Cajobi, Guaraci, Severínia e Olímpia, que fazem parte do DRS (Departamento Regional de Saúde) de Barretos subiram para a fase amarela e agora poderão abrir restaurantes, bares e similares (se os prefeitos regulamentarem), além de ampliar o horário de funcionamento do que já estava autorizado na fase laranja.
A notícia publicada nos jornais regionais e repercutida na mídia local já mostrou sua face nas redes sociais.
Os que defendem a barbárie, o desrespeito a vida, a falta de empatia, que não são poucos, defendem a volta imediata ao trabalho, como se isto não estivesse de certa maneira ocorrendo.
Os mais cautelosos, que sabem que a vida é curta e frágil, que os recentes acontecimentos fúnebres relacionados ao Covid 19 e a constatação da fragilidade do sistema de Saúde, pedem cautela.
O que se observa nas ruas superlotadas de pessoas indo às compras como se vivessem em um estado de perfeita normalidade, leva à conclusão que se vive em um país movido a fantasia.
Habilitar a fase amarela para Olímpia, pelo que se tem visto nas ruas e no comércio, equivale ao liberou geral, pois pelas manifestações populares e o conjunto de situações que se vive por aqui a cidade, na prática, já vivenciava a fase amarela.
Isso pode significar que muitos podem entender que o município teria a autorização para um outro estágio, que não o que se encontra e se neste estágio não se respeitou o distanciamento social e maioria das regras recomendadas pelas autoridades médicas, a tendência é a de que se respeite menos ainda.
Grande parte não conseguiu compreender a extensão da tragédia e possivelmente não entenderá nem a custa de estar rodeado de cadáveres ou mesmo intubado em algum hospital a espera do momento final.
Entender determinados pensamentos que povoam cérebros que petrificaram a estupidez e a barbárie não é tarefa fácil e o momento exige rapidez de raciocínio para decisões urgentes.
Em razão de todas estas variantes aliadas à insistência de manter a irredutibilidade da idiotice do pensamento primitivo é de se concluir que haverá muitos adeuses, muitas almas indo na direção do “Hades” expurgar seus pecados.
Se não mudarem pensamentos, se a realidade não conscientizar as pessoas que a situação é trágica, a tendência é crônica de mortes anunciadas.
A ilusão enfraquecida pelo que viu deseja que ocorra o contrário, embora não creia.
E culmina relembrando Confúcio: “Quando nasceste, ao teu redor todos riam, só tu choravas. Faze por viver de tal modo que, à hora de tua morte, todos chorem, só tu rias.”
Resta saber se o povo está disposto a continuar a derramar lágrimas e se a cidade está preparada para tantas despedidas.
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