07 de janeiro | 2024

Eleição na era dos Avatares: começa a batalha no mundo virtual, no mundo do faz de conta

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Navegando entre fantasia e realidade: o impacto crescente da inteligência artificial e das redes sociais nas próximas eleições.

DO CONSELHO EDITORIAL

Em tempos de mundo virtual, agora não mais apenas com a internet e suas redes sociais, mas também com a Inteligência Artificial que revolucionou os mundos real e cibernético, entramos num ano que nem bem começou e já vai se configurando como um verdadeiro conto de fadas, um universo do faz de conta.

As redes sociais conseguiram criar um mundo paralelo, onde todos são perfeitos, onipotentes, donos de si e de tudo o que conseguem enxergar, capazes de absolver e condenar com uma rapidez impressionante, sem a necessidade de nenhum processo silogístico, como o da justiça, por exemplo, onde ao invés de premissas e conclusão, se dá a acusação, a defesa e a sentença e todo um arcabouço de busca de provas e testemunhos para se buscar a interpretação do fato da forma mais real possível (a chamada busca da verdade).

Mas neste universo paralelo todos são perfeitos, não apenas donos de verdades absolutas, mas também da beleza almejada e que na maioria das vezes nada tem a ver com a realidade. As fotos são perfeitas, os vídeos produzidos com qualidade cinematográfica. O mundo é perfeito e com estética irretocável.

A inteligência artificial veio, inclusive, para ajudar neste aspecto. Já existem programas que aperfeiçoam a imagem das pessoas, tornando-as também verdadeiras pinturas de artistas famosos.

O pior é que não se vê esta mesma inteligência, nem a artificial e nem a humana, sendo usada para tornar os próprios seres mais inteligentes, com mais amor ao próximo, com capacidade de empatia, com desejo de entendimento e de perdão. É tudo perfeito, maravilhoso e o universo se constrói em volta do próprio umbigo. Este umbigo é o centro de todas as galáxias, de todos os planetas. É a perfeição pura. O Olimpo. O reino de verdadeiros deuses.

Entramos agora num momento em que este quadro, que já era baseado na mentira, na criação de uma realidade paralela com o sentido de conquistar a consciência das pessoas, agora entra numa fase mais grave ainda: as eleições, onde candidatos têm que convencer seus eleitores (os donos das verdades absolutas em seus mundos paralelos).

Se antes o processo virtual era baseado em técnicas antigas de engodo, de enganação, e da criação de realidades metafísicas apenas no imaginário popular, agora vai se dar no próprio atual campo virtual das redes sociais e dos mundos da fantasia em que todos vivem.

É como se todos estivessem vivendo o filme Avatar que nada mais é do que uma simulação desta situação, mas criando um novo mundo fictício, praticamente impossível de existir. E o atual é factível, eis que apenas uma variação fantasiosa da própria realidade.

A inteligência artificial, inclusive, vai ter um papel preponderante na utilização de técnicas que possibilitarão a entrada neste mundo virtual dos super-humanos das redes sociais e convencê-los de que eles são os melhores super-heróis para representá-los nos próximos quatro anos.

Agora tudo acontece. Os buracos são tamponados, a sujeira é apagada ou colocada debaixo do tapete. Tudo beira a perfeição. Os argumentos são convincentes, a encenação irretocável, mirando nos pontos mais vulneráveis dos indivíduos. Estes, identificados pela inteligência artificial, começam a dominar mentes talvez despreparadas, mas ainda capazes de se encantar com a vida, mesmo que seja apenas no campo virtual.

O Matrix está chegando com força total neste palco de perfeição fabricada, tudo é moldado para parecer impecável. Os avatares lutam para conquistar a mente dos usuários, prometendo-lhes uma cidade ainda mais perfeita, um lugar onde a felicidade parece finalmente ao alcance. Assim, navegamos neste mar de fantasia e realidade, onde a linha entre o real e o virtual se desvanece, desafiando-nos a discernir e a escolher o caminho que desejamos seguir, seja no mundo palpável ou no reino encantado do faz de conta.

Os milhares de super-heróis virtuais que vão ter que voltar à realidade para votar nas próximas eleições, pelo menos, ao criar seus paradigmas virtuais, mostram que não perderam a capacidade de se encantar com a vida, mesmo que seja apenas no campo virtual.

 

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