21 de outubro | 2018

Do preço das mentiras da família Bolsonaro ao das mentiras dos olimpienses

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Do Conselho Editorial

Este jornal, no seu dever e obrigação de informar, vem de algum tempo discutindo os vários aspectos das mentiras nas redes sociais e quais os possíveis danos à sociedade ou a quem pratica a desinfor­ma­ção deliberada ou inocentemente.

É muito comum se criar personagens anônimos ou fatos conhecidos como “fake” e impulsionar na rede e a mentira “viralizar” ao ponto da maioria imaginar que a informação possa ser verdadeira.

Assim, muitas reputações foram atingidas e mui­tos aproveitadores se valeram desta possibilidade que a ferramenta inter­net propõe para destruir desafetos e adversários.

No terreno da política, após as eleições de Do­nald Trump, eleito sob suspeita de uso exagerado de noticias falsas, o fenômeno ganhou corpo e foi frequentar outras candidaturas mundo afora.

No Brasil, a candidatura extremista de Jair Bolso­naro buscou o apoio de Steve Bannon, antigo estrategista chefe da campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com histórico de utilizar fake news para promover a extrema-direita, com discursos ligados à supremacia branca, homofobia e misoginia.

Bannon é partidário de ideais populistas de extrema-direita, e é acusado de manipular as eleições norte-americanas em 2016 através do uso excessivo das fake news, mesma estratégia que se notava na campanha de Bolsonaro.

Esta semana a reportagem da Folha de São Paulo denunciou o uso de fake news na campanha de Bolsonaro e o escândalo circulou o mundo.

Os partidos que disputaram o primeiro turno e se sentiram prejudicados pela hipótese de que o abuso econômico possa ter modificado o resultado das urnas representaram junto ao TSE e pediram a cassação de Bolsonaro e do vice Mourão.

Como discutido no editorial da semana passada, o fundamentalismo religioso, a vocação para o nazifascismo, conserva­dorismo, ingenuidade, até mesmo a crueldade, fizeram com que muitos eleitores não consigam avaliar as possíveis falhas contidas na candidatura de Jair Bolsonaro.

Seus discursos através dos anos têm chocado a mídia Internacional, e a população Europeia que, quando em contato com suas falas agressivas, não consegue se conformar que ele consiga ser candidato a presidente da República com posturas tão repugnantes e distantes do padrão civilizatório, algo que não encontra paralelo nos piores discursos proferidos por Hitler.

Esta semana a máscara parece ter caído evidenciando que a quantidade absurda de notícias mentirosas pode ter influenciado o resultado do primeiro turno.

Alguns empresários foram denunciados de financiar estes impulsos o que pela legislação eleitoral pode ser crime punível com a cassação do registro de candidatura e a inele­gibilidade por até oito anos.

Para corroborar a denúncia, hoje a imprensa informou que o próprio filho de Bolsonaro, Flávio Bolsona­ro, noticiou que o WhatsApp baniu o número de seu telefone das redes sociais e que continha naquele número milhares de grupos com os quais se comunicava.

Para bom entendedor um pingo e um risco é Francisco.

A situação eleitoral depois da denúncia se complicou em razão de o TSE ter que tomar posição em meio a polarização gigantesca desta eleição que dividiu o país, em razão da possível irresponsabili­dade cometida por uma candidatura que pode ter sido inflada por mentiras, como se suspeita foi a de Trump, em um momento bastante tenso.

Encaminhando para as questões locais, para se estabelecer um paralelo e um nexo entre as questões, para que não passe em branco o atual momento sem registro.

Em 11 de março de 2018 este jornal publicava o texto “Anônimo não defende cidadania, defende a covardia. Portanto, Sebastião Santos você é apenas um covarde.” Onde alertava para mentiras na internet e possíveis danos de futuras reparações a quem emite opinião difamando, injuriando ou caluniando, ou mesmo compartilhando opiniões visando estes objetivos.

Esta semana alguns olimpienses foram notificados para se defender em relação a postagens de dois anônimos que postavam mensagens tidas co­mo inadequadas e mentirosas no Face, e estão dando pulos para conseguir quem os defenda, pois agora perceberam que su­as valentias atrás do computador tem preço e hora marcada com a justiça.

Deste editorial, que nada tem a ver com a questão investigada, mas que deveria ter sido alvo de investigação, se não estiver prescrito o direito de representação, pinçare­mos parte do texto que alertava os que lá iam se expor emitindo opinião crendo ser tão anônimos quanto o Sebastião Santos e detentores da mesma impunidade que ele achava gozar.

“Deve saber e não informa que há julgados e não são poucos em que o provedor, ao colocar à disposição dos usuários um serviço em que podem expressar livremente sua opinião, deve também criar meios através dos quais seja possível identificar os seus usuários, sob pena de se permitirem manifestações anônimas que venham a ferir os direitos da personalidade de terceiros, sem que se possa identificar o ofensor.”

“Lógico que deve abrigar sua loucura no exterior e rastreá-lo seria quase impossível. Esquece, porém, de informar aos seus seguidores, identificáveis ou identificados, que podem responder pelo comparti­lhamento, se compartilham, concordam, e pelas opiniões emitidas.”

Não foi Sebastião Santos o alvo da representação, foram outros anônimos, que agora deixarão de ser já que foram rastreados.

Tivessem lido o editorial os que lá emitiram sua opinião crédulos da impunidade talvez não estivessem contando moedas ou bens para dis­ponibilizar para contratar um defensor nas ações que irão enfrentar.

Esta questão local remete a nacional, em razão dos ânimos acirrados, muitas pessoas estão emitindo opiniões e divulgando fakes que poderão trazer dificuldades a sua vida e nem todo mundo conta com a equipe jurídica e o patrimônio de um Jair ou Flávio Bolsonaro.

Muitos, ao lerem este editorial, dirão que a outra parte também fez isto, por confundir manifestações pessoais, de apoio, como há também na campanha de Bolsonaro e, se equivocada, deve responder pela ilicitude, no entanto, tal apoio é intransferível e diferente de apoio econômico que pode desequilibrar a campanha.

O ideal seria que nada disto estivesse acontecendo e que os candidatos estivessem propondo o que irão fazer pelo bem da nação, o que, vergonhosamente, em razão de fakes e outras histórias paralelas, não está acontecendo.

Só existe cidadania quando se garantem os direitos de todos e se cobram os deveres de todos.

Cidadania não pode ser isto. Cidadania é compromisso histórico, participa­ção direta e ativa nas decisões e ações da sociedade; é participação pluridi­men­sional sendo, ao mesmo tempo, participação política, econômica, social, psíquica, cultural e ética.

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