01 de janeiro | 2017

Ano que inicia, sonhos que principiam

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Do Conselho Editorial

Hora de sair do casulo que ficou dias e dias pendurado na parede da cozinha e voltar a ser borboleta, linda e colorida a festejar flores e dores que o mundo semeia nos canteiros das almas de toda gente.

Hora de cumprir outras e novas missões mesmo que repetidas ou iguais a tantas que hão de vir e ajudar a fundir o aço temperado dos estandartes do grande clã que cada um pode ser e é se assim deseja.

Um bebê que chora nos infinitos do mundo, um filhote que a águia joga penhasco abaixo, um filhote de foca que experimenta o mar gelado, uma corujinha cujos olhos grandes espreita da porta da toca pela primeira vez a luz do sol.

Um gato que observa um ninho na esperança de levar alimento a sua ninhada, uma cadela que arrasta entre dentes de um lugar para outro sua prole para fugir de perigos.

Bombas que explodem em Alepo na Síria e trucidam seres humanos que não mais serão e nem estarão entre os que pedem a paz.

Luiz Carlos Ruas de tantas ruas de terra, de tantos andares sofridos, de tantos lamentos, de sofrimentos e de olhos e coração que não toleravam a intolerância e que tombou dono de sua dignidade, de forma íntegra, tragado pela violência dos que não têm compaixão e nem estranhamentos e entranhamentos em relação ao entendimento do outro e sua liberdade de poder ser.

Um parque aquático e uma cidade que se afunda em incapacidade e desculpas por não ter percebido que esgotou sua capacidade de atendimento aos que buscam paz e descanso.

Uma rede que chama preguiçosa para pensar e repensar tudo quanto foi ou poderá vir a ser se for da maneira como se desenha na mente de cada um o desejo de construção de vida futura.

Alegria, fé, esperança, fraternidade, compreensão, liberdade, saúde, dinheiro, honestidade parece ser o que a maioria pede e que pode muito bem acontecer a alguns.

Primeiro de janeiro, todas estas coisas e outras como chuvas, vendavais, grandes colheitas, secas, superprodução na agricultura, cinema, teatro, televisão, queda da receita, PIB, consumo em baixa, queda da bolsa e assalto de outras bolsas de descuidadas senhoras.

Pé na água à beira de algum riacho, chegada de bandos de cardeais pra cantar nos jardins, papa se rebelando ou se revelando, desvelando, e a vida seguindo em frente como só ela pode ser quando se inicia e se finda.

Olhares perdidos, lembranças de outras emoções e das que há de se construir à medida que se anda, motivações para não encostar à beira da estrada e esperar o findar dos dias.

Chuvas de verão, fogueiras de inverno, flores de primavera, outonos de algumas vidas e rolas que ciscam em busca da sobrevivência como se cada grãozinho de areia guardasse todo segredo da continuidade, o ingressar na eternidade.

E assim, viajando em todas as hipóteses ocultas no recôndito de cada um, como se houvesse colocado para rodar a música que traz de volta aquele momento que se nega a desistir de estar presente nestas datas especiais o ano que se finda sinaliza na direção das fraldas do seu filhote que se prepara para o recomeço de uma nova caminhada.

No início chamará janeiro e trocará de nome todos os meses como as cobras trocam de pele e estará pele e alma entranhado na vida dos que não virem esgotadas todas as suas vontades e seguirá até que seja dezembro e expire dramas, comédias e tragédias e como casulos adormecidos em paredes de cozinha volte borboleta linda, iniciante colorida de um novo tempo construído de desejos e de fantasias que mesmo que não se realizem em sua plenitude valem a pena por que viver, por pior ou melhor que possa ser pelas aventuras apresentadas, sempre será ótimo.

Só a vida vale a pena.

Feliz 2017.

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