05 de novembro | 2023

A realidade e a percepção da realidade e os moinhos de vento

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A realidade paralela que divide o mundo faz lembrar o episódio da luta que Dom Quixote, no livro homônimo, trava com os moinhos de vento.

 

Do Conselho Editorial

O mundo mudou completamente a concepção da maneira como se pode ver os fatos, dizem alguns; outros afirmam que tudo é igual desde que o ser humano passou a ser o animal capaz de acertar e errar em razão da formação da sua consciência ou inconsciência sobre a vida em sociedade.

Nos tempos atuais, para que seja observado, se insira, motivado pelo espaço que as redes sociais passaram a permitir, grande parte dos que estavam silenciados passou a expressar o que pensa e a ser notabilizada em razão da influência nas redes.

É evidente que nem sempre o que cada um, ou grupo, pensa pode vir a ser o melhor para a sociedade e, neste aspecto, as crueldades cometidas no período medieval ou as fogueiras inquisitoriais reafirmam que não há nada de novo na maldade humana.

Das milhares de mentiras criadas no Brasil, às narrativas falaciosas do verdadeiro genocídio praticado contra os palestinos na Faixa de Gaza, o fio a separar é muito tênue.

Mesmo que se condene com veemência o terrorismo praticado pelo Hamas contra Israel, não há espaço para aceitação da morte em massa de idosos e crianças como justificativa para a guerra sem princípios que está sendo travada.

E o que importa aqui são as narrativas verdadeiras e falsas divulgadas no Brasil ou da invasão em Gaza, a tal realidade paralela. Realidade que divide o mundo e faz lembrar o episódio da luta que Dom Quixote, no livro homônimo, trava com os moinhos de vento.

Ao se bater contra os moinhos de vento, achando que eles eram gigantes, no clássico romance de Amadis de Gaula sobre a cavalaria, Dom Quixote se machuca todo.

Na disputa, quebra os dentes, costelas, machuca o braço etc. Após ser vencido pelos moinhos e ser advertido por seu escudeiro Sancho Pança de que eram apenas moinhos de vento e não gigantes, como se poderia explicar que Dom Quixote continuasse olhando para a realidade imaginando que ela não é exatamente o que ele vê?

O cavaleiro andante vai se explicar através dos encantadores, que são agentes naturais dos romances de cavalaria e que atuam exatamente nisso, sendo entidades sobrenaturais que interfeririam na vida dos cavaleiros andantes.

E Dom Quixote recorre a esses encantadores, afirmando que na verdade eles continuam sendo os gigantes de Amadis de Gaula, mas os encantadores estão obnubilando, alterando o estado de consciência, ofuscando a sua percepção para que eles sejam vistos como moinhos de vento.

E, muito embora as ações humanas se repitam em maior ou menor intensidade desde que o mundo é mundo, neste período de guerras narrativas, de violências causadas pelo poder de convencimento, há que se concluir que os encantadores adeptos da realidade paralela, se não estão vencendo a batalha, estão produzindo muito ódio e sangue.

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