20 de agosto | 2017

A Arte, o Belo… a Vida!

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Ivo de Souza

Ferreira Gullar sempre se repetia ao afirmar que “a Arte fora inventada para que o homem suportasse a vida”. Pensem a frase como quiserem. Há nela verdade, nela há exagero (seria mesmo uma saída para o que há de tédio e de enfadonho na vida?). Ou na vida não existe nada disso (“a felicidade até existe”)?

A Arte, creio, ainda não foi definida por ninguém (é algo indefinível). São  várias as tentativas para conceituá-la (alguém definiu, até hoje, de forma convincente, “objetiva” o que seja Poesia?).

Não há dúvida de que o Belo pode nos encantar. Pode (e deve) nos emocionar. A Arte, em si, não é para ser interpretada, mas para ser sentida, é para emocionar o receptor, tirá-lo do seu eixo de concreto e dar-lhe asas, com as quais possa sair de seu estado de tensão e viajar para um estado de encantamento (dizem que a Arte é “até” curativa, a Beleza restaura nosso estado mais puro de alma.

Por que é que alguém se debulha em lágrimas (o coração dispara, as pernas bambeiam…) quando se vê frente a frente com a Pietá de Michelangelo ou com os santos retratados, nas singelas paredes da Capelinha da Nona, pelo mestre Portinari? Não há explicação. Sente-se a Arte. E basta.

Que mecanismo lá dentro do “computador humano”, o nosso cérebro, é acionado quando ouvimos a Bachiana nº 5 de Villa Lobos ou o Bolero de Ravel? Por que nos emocionamos e por que nos prostramos em silêncio? Sabe-se lá. Ou se sabe tudo a respeito? Não sei.

A Beleza anda solta pelo mundo. Quem tem olhos, coração e alma de vê-la, que a veja.

Das belas flores do meu humílimo jardim retirei quarenta momentos de beleza e o fotógrafo os eternizou em quarenta fotografias, que serão expostas na Casa de Cultura a partir do dia 21 deste mês, quando será realizada a abertura da mostra fotográfica “As Flores do Jardim de Minha Casa”. A exposição ficará aberta ao público nos dias 22,23,24,25.

De tudo que eu sei, só sei de uma coisa concreta, muito ao gosto dos poetas árcades: a Beleza  é efême­ra, passageira, simples e democrática. Por isso, as roseiras e os ipês lançam belíssimos tapetes coloridos sobre a grama ou sobre o concreto sem a maior pompa, sem a maior cerimônia. E dali, do chão frio, a beleza (que é sempre quente!) continua sua viagem: morre para ser flor (beleza!) novamente.

Eu me surpreendi quando vi as lonas emolduradas: a beleza transportada para as telas, continuou bela, emocionam. A beleza é para isso mesmo, não? O que já não é pouca coisa… Bom-dia. A vida é bela.

 

P.S.: Acho eu que me sinto mais emotivo a cada dia. Mas não é uma emoção piegas, barata. É forte, tensa, única. E dou razão ao mestre Gullar: que chatice seria a vida sem a Arte. Hoje, meus preclaros amigos, é o meu aniversário. Obrigado, Senhor, por tudo.

“A vida fica melhor com arte”, como diz um anúncio publicitário que ouvi outro dia. E fica mesmo.

 

Ivo de Souza é professor universitário, poeta, co­lu­nis­ta, pintor e membro da Real Academia de Letras de Porto Alegre.

 

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