02 de fevereiro | 2014

Secretário dita normas barrando acesso da imprensa à informação

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Numa decisão no mínimo polêmica, mas da mesma forma ditatorial, o secretário municipal de Governo, Paulo Roberto Mar­con­des (foto), que também é chefe do setor de assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Olímpia, ditou normas nesta semana visando barrar o acesso da imprensa à informação oficial, principalmente as emissoras de rádio da cidade.

O problema foi levantado na terça-feira, dia 28, pelo repórter Orlando Rodrigues da Costa, que trabalha na rádio Espaço Livre AM, logo após tomar conhecimento da decisão do secretário. Ele lamentava não poder informar aos ouvintes o lado oficial de uma das várias reclamações que a emissora recebe diariamente.

Dessa forma, pelo menos aparentemente, os 14 secretários municipais ficaram proibidos de conceder entrevista ao vivo às emissoras de rádio da cidade e, também de atenderem diretamente aos questionamentos feitos pelos jornais impressos.

O que se entende que qualquer assunto deverá passar pelo filtro pessoal do secretário de Governo, para que somente após chegue ao conhecimento do eleitor e contribuinte de peso do Município de Olímpia.

HAVIA CENSURA ANTES

No entanto, essa é uma situação que está oficializada agora, mas que prevalece já há algum tempo pelo menos para a reportagem desta Folha da Região que, inclusive deixou de procurar ouvir o outro lado das questões relacionadas aos atos do prefeito Eugênio José Zuliani, mas sem deixar de passar para os seus leitores, as manifestações oficiais que eram passadas pelas emissoras de rádio.

As dificuldades em ter acesso à informação precisa já eram grandes há vários meses ou mesmo anos. Por isso, a editoria primeiro publica a informação e depois aguarda a resposta que, aí se torna obrigatória, em qualquer outro veículo que mantém ligação estreita com o gabinete do prefeito.

Entretanto, a situação acabou sendo mostrada nesta sexta-feira pelo jornal Planeta News que encaminhou um questionário por escrito tentando esclarecer o assunto.

Respondendo quase sempre evasivamente, nas entrelinhas Paulo Roberto Mar­condes acaba deixando praticamente explícita a ideia de controlar o acesso à informação. Ao jornal ele alegou que a decisão é “pelo simples fato de hoje a Imprensa Oficial estar melhor estrutu­rada e pronta para apoiar e executar sua função” junto aos veículos de comunicação.

“Para podermos passar as notícias de forma profissional e organizada. Com relação às falas de cada um, a interpretação que deve ou não, depende muito do veículo de comunicação e seus interesses que todos têm”, reforçou a justificativa.

Sobre a possibilidade de transparecer que se trata apenas de uma censura prévia, Paulo Roberto Marcondes disse que “isso é interpretação de cada um. Para nós do Governo como um todo, o trabalho é de suporte e profis­siona­lização do setor”.

TRAVANDO A INFORMAÇÃO

Por outro lado, o sistema adotado trava sim a liberdade de a imprensa trabalhar. Trabalhando com um questionário escrito e sem haver o contato direto com o entrevistado, acaba a oportunidade de uma nova pergunta dependendo da resposta apresentada.

Um exemplo disso é no caso de alguma dúvida que ainda paire na resposta apresentada, o repórter perde a oportunidade de apresentar a réplica ao entrevistado sobre a dúvida que surgiu. Dessa maneira, o ouvinte da emissora de rádio ou o leitor do jornal, não será bem informado sobre a situação que está sendo questionada.

“Se a população sempre tem medo de se manifestar por medo de ser perseguida pelos mandatários, agora eles querem colocar uma verdadeira mordaça na boca dos repórteres que buscam as informações”, avalia o advogado, jornalista e editor desta Folha da Região, José Antônio Arantes.

E conclui dizendo que o secretário Paulo Marcondes deve estar preocupado com as interpretações que esta Folha dá para as declarações de seus subordinados e que deve estar se espelhando nas técnicas utilizadas pelo ministro de propaganda de Hitlher, Goebels que conseguiu impingir as ideias reacionárias de seu grupo a milhões de alemães.

A nova sistemática mostra, segundo o editor desta Folha, um distanciamento das técnicas modernas do marqueting político e o retorno a ideias já superadas, como aliás parece pautar grande parte do atual governo que, com isso, dá mostras de mais um retrocesso. Só falta iniciarem campanhas ufanistas pedindo para que todo mundo fale bem de Olímpia, para não atrapalhar a economia. “Aí seria o fim da picada”, conclui o jornalista.

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