24 de abril | 2016

Queimadas indiscriminadas começam a incomodar os moradores de Olímpia

Compartilhe:


Elas são comuns durante todo o ano e são provocadas por pessoas que não parecem terem sido educadas para a cidadania e não entendem que não podem causar mal a outros moradores da cidade em que vivem. Muito menos são cobradas pelas autoridades que não fiscalizam essas situações. E há casos em que a fumaça chega a uma altura que fica difícil não ser percebida, mas em dia de ponto facultativo os fiscais da Prefeitura não costumam trabalhar para combater o problema.

Na tarde desta sexta-feira, dia 22, por exemplo, uma grande queimada foi vista nas proximidades do número 372 da Rua Abraão Nejm Aidar, perto do Jardim Village Morada Verde, na zona leste da cidade. Mas o problema foi detectado pela reportagem desta Folha em outro terreno próximo à pousada Beco da Lua no Vila Olímpia.

Além disso, através de um página de relacionamento pessoal do Facebook outro foco de fogo, este no que parece ser um lixão, atrás da obra de construção de um hotel, nas proximidades do Parque Aquático Thermas dos Laranjais.

“Alô Prefeitura! Aqui bem próximo do Thermas e da Avenida que vai para ele está virando um lixão a céu aberto. Tem um senhor de uma charrete que está jogando lixo todo dia à tarde e também colocando fogo. Todo mundo já conversou com ele e ele não está se preocupando com o ar, com a saúde! Pode ver, tem até carro de turistas parado perto”, postou o autor da página.

Mas essa fumaça provocada pelas queimadas provocam danos à saúde. De acordo com o Centro para Controle de Doenças (CDC) ela produz substâncias químicas que penetram no solo e nas plantas, expondo as pessoas ao risco de adoecerem pela inalação, causando problemas que atinge o aparelho respiratório.

Mas os prejuízos à saúde pode se dar também pela ingestão de alimentos contaminados com: ma­te­rial particulado (pó da queimada urbana), monóxido de carbono, ácido clorídrico, ácido cianí­drico, benzeno (causador de pedra nos rins), estireno, formaldeído, arsênio, benzopireno, dioxina, fu­rano, hidrocarbonetos policíclicos e metais pesados.

Na pesquisa realizada pelo CD­C, um dos fatores que faz a pessoa que inalar ficar doente é quantidade de fumaça. A queima de 1 quilo de folhas, ou galhos, ou lixo, durante 10 minutos a uma temperatura de 200 a 400 graus Célsius é suficiente para desencadear sintomas respiratórios, e de pele, em adultos distantes a até 500 metros do foco da queimada.

Mas os problemas podem ocorrer também na ingestão de alimentos contaminados pela fumaça, nesse caso predominando doenças no fígado e nos rins.

Além destes fatores os sintomas variam de intensidade nos adultos e nos idosos porque alguns são mais sensíveis que outros. Crianças são mais susceptíveis aos efeitos das queimadas urbanas (desenvolvimento imaturo do organismo quando com­­parado ao de um a­dulto).

POLUIÇÃO GRANDE

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) as queimadas poluem mais que carros e fábricas nas cidades. Isto ocorre porque a combustão em automóveis e fábricas é feita de forma criteriosa com tecnologia de ponta, além do uso de catalizadores e filtros.

Bem diferente do que ocorre na rua, no lote, ou no quintal, onde a queimada acontece sem qualquer controle ou critério que minimize os efeitos no meio ambiente e na sua saúde.

Conforme a Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA), a Organização Mundial de Saúde (WHO) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a queimada urbana é realizada perto do meio fio na calçada, ou no fundo do quintal no chão, onde qualquer pessoa pode facilmente entrar em contato com a fumaça.

Os sintomas da queimada urbana são: dor de cabeça; náuseas; tonturas; mal estar geral (baixar a pressão arterial); ardor e vermelhidão nos olhos (como se fosse uma conjuntivite); obstrução e coriza nasal (bebê “gripadinho”, “fungando”, criança que “gripa muito fácil”); tosse, espirros e pigarro na garganta (sensação de que a garganta está “seca” ou “arranhando”); e chiado, roncos no peito (“peito carregado”), asma (“bronquite”).

RUGAS E CALVICE

A repetida exposição provoca: rugas precoces, queda de cabelo, sudorese (transpira muito, “mais do que o normal”); manchas bran­cas e ásperas na pele (como se a pele estivesse arrepiada), der­matites (“brotoejas” no pescoço, nos cotovelos e nos joelhos), ceto­núria (“urina doce”, junta um monte de formigas no lugar onde cai o xixi).

Ainda pela inalação de esti­re­nos, furanos, ou hidro­car­bonetos policíclicos ocorrem dor e pedra nos rins (no caso da fumaça conter benzeno ou tolueno, substâncias produzidas pela queima de folhas e galhos verdes, lixo plástico, madeira envernizada, ou lenha não processada), pólipos nasais (chamados de “carne no nariz” ou de “carne esponjosa”), aumento do tamanho das adenoides e câncer.

O tipo de câncer vai depender do material queimado: se for orgânico (folhas, galhos, restos de papel, comida, papel higiênico) é maior o risco de câncer nos pulmões, se for material inorgânico (plástico, vinil, verniz, corante, em­balagens sintéticas) é maior o risco de aplasia de medula óssea (morte irreversível de todas as células formadoras de sangue – doença mais perigosa que o câncer), leucemias, câncer na bexiga, câncer no fígado.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas