05 de maio | 2024

Guaraci e Olímpia entre cidades com mais javaporcos avistados na região

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ALERTA NO MEIO AMBIENTE!
Número de javaporcos mais que dobra em menos de quatro anos na região de Rio Preto. As cidades com mais registros foram Guaraci (796), Tabapuã (785), Indiaporã (625), Olímpia (530) e Guapiaçu (316).

Um levantamento recente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) revela um aumento preocupante na presença de javaporcos em diversas cidades da região de Rio Preto. Em 2019, foram registrados avistamentos em 48 municípios, número que saltou para 89 em 2022. As cidades de Guaraci e Olímpia estão entre as mais afetadas, com respectivamente 796 e 530 registros cada.

Os javaporcos, uma espécie híbrida resultante do cruzamento entre javalis e porcos, têm sido uma grande preocupação para os agricultores da região, especialmente devido aos danos significativos causados às plantações.

“Já não dá mais para plantar sossegado batata, mandioca, milho ou amendoim, porque o bicho vem em bando e acaba com tudo. Não dá tempo nem de colher”, lamenta Osmar Antonio Lima, Presidente do Sindicato Rural de Olímpia.

O impacto do javaporco estende-se também à fauna local. Esses animais, por serem onívoros, alimentam-se também de pequenos animais, afetando a cadeia alimentar e provocando desequilíbrios ecológicos. Há relatos de que esses animais até atacam filhotes de onças, forçando esses predadores a se deslocarem para áreas urbanas em busca de alimento.

A presença desses animais não é apenas uma questão agrícola, mas também de segurança pública. O tenente-coronel Alessandro Daleck, comandante da Polícia Ambiental na região de Rio Preto, destaca o papel da corporação na fiscalização: “A Polícia Ambiental tem a preocupação de que as regras do controle do javali sejam devidamente seguidas e que isso não signifique impacto para o meio ambiente e, principalmente, para a fauna nativa”.

A Secretaria de Estado da Agricultura de São Paulo, têm desenvolvido estratégias para lidar com este problema. De acordo com Alberto Amorim, coordenador da Assessoria Técnica da Secretaria de Agricultura, medidas emergenciais como o abate controlado têm sido incentivadas.

“Já distribuímos cartilha com as principais orientações aos agricultores e também estamos fazendo a capacitação para que o abate ocorra dentro dos padrões permitidos por lei”, explica Amorim. Ele também ressalta a alta taxa de natalidade da espécie, que no Brasil é mais alta do que na Europa, devido às condições climáticas favoráveis.

Os javaporcos são fruto de uma série de falhas no manejo de javalis, originalmente importados da Europa, Ásia e Norte da África para o consumo de sua carne. Muitos desses animais escaparam e começaram a cruzar com porcos locais, resultando na criação dos javaporcos, que são maiores e se reproduzem mais rapidamente, na ausência de predadores naturais.

Desde 2013, o Ibama permite a caça controlada de javaporcos, sendo a única espécie com caça autorizada no Brasil. No entanto, para caçar esses animais, é necessário obter autorizações específicas tanto para a propriedade onde a caça ocorrerá quanto para o caçador, que deve possuir registro de CAC (Caçador, Atirador e Colecionador).

A situação em Guaraci e Olímpia reflete um problema mais amplo que afeta muitas comunidades agrícolas na região. Além dos danos às lavouras, o aumento da população de javaporcos representa uma ameaça ecológica que requer ação coordenada entre as autoridades ambientais, agrícolas e de segurança pública para ser efetivamente gerenciada.

O panorama nas outras cidades também é preocupante. Macedônia, Ouroeste, Icém, Uchoa, Catanduva, Fernandópolis, José Bonifácio, Monte Aprazível, Santa Adélia, Orindiúva e Paulo de Faria reportaram respectivamente 312, 205, 204, 182, 158, 154, 113, 113, 106, 105 e 105 registros.

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