24 de março | 2020

Proprietário de Flat que abrigou 30 portugueses assume e faz críticas a secretário da agricultura

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Após a repercussão da publicação feita inicialmente pelo Diário da Região de São José do Rio Preto e, ao depois, pelas emissoras de rádio local, o proprietário do Flat que estava hospedando 30 portugueses no Jardim Santa Ifigênia e que teve seu nome e de seu empreendimento omitidos nas reportagens, no início da tarde de terça-feira, 24, acabou assumindo quem é e criticando o secretário da Agricultura que acredita que quis aparecer e acabou causando pânico na cidade.

O empresário Claudio Fernando Volpe de Martini Gemignani, conhecido como Fernandito, que foi candidato a vice-prefeito com Hilário Ruiz nas últimas eleições municipais e que é o proprietário de um flat no Jardim Santa Ifigênia, disparou um áudio na internet alegando que os 30 hóspedes que estavam hospedados em sua propriedade e foram embora antes da chegada dos fiscais da prefeitura eram vendedores e que, embora de origem portuguesa, residiam em Guarulhos.

Afirmou que não havia motivo para o pânico desencadeado pela divulgação do fato pelo secretário da Agricultura, Tarciso Cândido de Aguiar.

CLIQUE E OUÇA O ÁUDIO –  [[-audio/AUDIO DO FERNANDITO.mp3||mp3-]]

Ele disse: “Meu nome é Fernando, sou proprietário do flat que esteve acomodando aí no final de semana 30 turistas portugueses. Então eu venho até vocês para deixar a população, antes que criem um alarde muito grande, um pânico na cidade por uma irresponsabilidade de uma pessoa que trabalha no poder público jogando uma notícia dessa numa época que muitas pessoas já estão em pânico devido ao Covid-19, então venho esclarecer para vocês”.

NÃO VEIO NINGUÉM DIRETO DE PORTUGAL

E continua: “Não existiu nenhuma pessoa vinda direito de Portugal que ficou hospedada nesse final de semana no flat. O que se trata, na verdade, são pessoas, trabalhadores que trabalham com vendas, autônomos, que estavam na região, no interior de estado de São Paulo, há mais de 40 dias. Dentre delas, algumas pessoas com naturalidade portuguesa, mas que reside na cidade de Guarulhos. Então, a notícia dá a entender que pessoas vindas de Portugal, turistas, ficaram hospedadas na cidade no final de semana. Em nenhum momento foi dito ter vindo de Portugal, mas quando se diz turistas portugueses, muitos podem entender que vieram de Portugal, onde hoje é o maior foco de incidência do Covid-19; que é a Itália, Espanha e Portugal”.

E complementou: “Venho através desse esclarecimento deixar vocês bem tranquilos que ninguém que estava hospedado veio de Portugal, são residentes de Guarulhos, onde também tem uma epidemia maior do que Olímpia, mas eles já estavam no interior de São Paulo há mais de 50 dias. Como vendedores, eles passaram 20 dias em Lorena, 20 dias em Araraquara e já estavam praticamente há uma semana na cidade de Olímpia. Eles iriam permanecer na cidade durante os 20 dias, mas como saiu esse decreto no dia 20 que a partir do dia 23 não poderia ter mais ninguém alojado na cidade de Olímpia. O decreto correto inclusive, feito pelo prefeito com um dia de antecedência da atitude que o governador de estado tomou também, então uma atitude correta que todos nós do ramo de hotelaria tomamos de imediato”.

PESSOA QUE NÃO DEVERIA ESTAR NO CARGO TOMOU ESSA DECISÃO PARA SE PROMOVER POLITICAMENTE

Fernando complementa ainda: “Cheguei até eles e comuniquei que eles não poderiam ficar os 20 dias no local e vendo a discordância da parte deles, eu procurei a prefeitura para que se fizesse cumprir o decreto determinado, como um cidadão de Olímpia e colaborador com toda a população. Então, eu procurei o órgão da prefeitura para que eles fossem até o local e informassem o pessoal que não poderia ficar mais hospedados, só que infelizmente uma pessoa que não tem responsabilidade nenhuma estar em um cargo público, tomou essa decisão por uma questão política e se promover politicamente. Deixo bem claro que não a prefeitura, o prefeito tomou a atitude correta com o decreto, mas essa pessoa que acho que não deveria estar trabalhando com a equipe do prefeito atual, porque ele não tem capacidade nenhum e irresponsabilidade total e soltou uma matéria dessas para que a cidade toda fique em pânico”.

O QUE DISSE O PREFEITO

O prefeito Fernando Cunha, consultado, alegou que a chegada de 30 portugueses em Olímpia em outra ocasião seria normal. Mas no momento em que estamos enfrentando a crise do Covid-19, no meio do Santa Ifigênia e após baixarmos decreto determinando o fechamento de qualquer estabelecimento de hospedagem, não tem cabimento.

DIÁRIO DISSE QUE SECRETÁRIO REALIZOU BLITZE

O Diário da Região foi quem divulgou primeiro a informação, ao que tudo indica, passada pelo secretário da Agricultura, com o título: “Sem teste, portugueses deixam pousada em Olímpia.

A matéria começa explicando: “Trinta portugueses que estavam hospedados em uma casa de temporada no bairro Santa Ifigênia em Olímpia fugiram da fiscalização da prefeitura nesta segunda-feira, 23, sem fazer nenhum tipo de testagem para o coronavírus. O grupo foi descoberto durante blitze realizadas pela Secretaria de Agricultura, Comércio e Indústria, depois que o prefeito Fernando Cunha proibiu, a partir desta segunda-feira, a hospedagem de turistas em hotéis, pousadas, casas de passagens e qualquer outro tipo de reservas para turistas. Atualmente a Secretaria de Saúde do município monitora seis casos suspeitos da Covid-19 na cidade”.

E continua: “De acordo com as informações do secretário Tarcísio Cândido Aguiar, responsável pela fiscalização, a denúncia foi feita pelo próprio dono da casa. "O dono do local nos procurou e disse que chegaram 30 portugueses na última sexta-feira e ele não sabia o que fazer", disse Aguiar. "Ele queria achar uma maneira de ajudar eles em Olímpia e falamos que tinham que sair", completou o secretário.

SE NEGOU A DIZER ONDE PORTUGUESES ESTARIAM HOSPEDADOS

– “O chefe da fiscalização informou que nesse primeiro momento do contato com a prefeitura, o proprietário da casa de temporada se negou a passar a localização onde os portugueses estavam hospedados. "No primeiro momento ele não passou o endereço da casa e, quando conseguimos, eles (portugueses) já tinham ido embora", afirmou o secretário.

– Segundo o secretário, os turistas saíram da casa e quando a fiscalização conseguiu o endereço e chegou ao local já não encontrou ninguém. "O único documento que tinham deixado para o proprietário era um cartão. Não havia contato telefônico", afirmou Aguiar. Diante da situação, o grupo, entre adultos e criança de colo, saiu do local sem nenhum tipo de monitoramento como recomenda o Ministério da Saúde, uma vez que se enquadram dentro dos requisitos do protocolo do Ministério.

NINGUÉM TEVE ACESSO AO GRUPO PARA COMPROVAR INCLUSIVE SE ESTAVAM COM O VÍRUS

– Tanto a Secretaria de Agricultura, Comércio e Indústria, como a Vigilância Sanitária de Olímpia não possuem nenhum tipo de controle sobre o destino do grupo. "Todos de origem portuguesa. O que o proprietário nos passou é que alguns residem na região de Guarulhos – Região Metropolitana de São Paulo, onde está a maior parte dos casos da Covid-19. "Entendemos que vieram correndo de São Paulo para cá", afirmou.

– Por telefone, o Diário foi atendido por uma pessoa do flat, que preferiu não se identificar, mas disse ser o responsável pelo local. Ele confirmou a informação de que os portugueses estavam hospedados na casa desde da última sexta-feira. Os 30 portugueses, segundo o dono da hospedagem, já estavam na cidade, mas diante do fechamento dos parques aquáticos do município eles foram despejados de hotéis e procuraram o flat para continuar em Olímpia.

– Com o Decreto Municipal que entrou em vigor na meia-noite desta segunda-feira, o proprietário disse ter procurado a prefeitura para saber como proceder em relação ao grupo de turistas.

TENTOU ARRUMAR ALGUM LUGAR PARA QUE OS PORTUGUESES FICASSEM

– "Eu tentei perante a prefeitura algum lugar para eles ficarem, porque segundo eles, não tinham residência fixa. Falei com a prefeitura para ver se tinha algum albergue para deixar eles. Eles foram enfáticos que tinham um decreto municipal que quem não fosse residente da cidade tinha que voltar para as suas casas", declarou o proprietário do imóvel ao Diário.

– Foi quando o proprietário disse que informou aos portugueses sobre a ordem. "Logo que a prefeitura solicitou a saída, eu cheguei pra eles [portugueses] e expliquei a situação. Eles entenderam, então a prefeitura não precisou ir ao local fazer o despejo. Eles saíram com consciência própria", declarou. Ainda segundo ele, os portugueses diziam não ter sintomas para a Covid-19.

– Para apurar a situação e evitar supostas transmissões do coronavírus, o chefe da fiscalização informou que irá levar o caso para as autoridades responsáveis por apurar a situação. "A Vigilância Sanitária vai tomar as providências necessárias junto com esse proprietário. Nós também vamos registrar um boletim de ocorrência", afirmou Aguiar”.

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