07 de fevereiro | 2016

Professor tem fala cortada na tribuna “livre” da Câmara

Compartilhe:


Além de ser criticado antes de iniciar sua manifestação pelo vereador Leonardo Simões (foto à direita), que é o líder da bancada do prefeito Eugênio José Zuliani, o professor Marco Zalem Gomes (foto à esquerda) teve a sua fala cortada pelo presidente da Câmara Municipal de Olímpia, vereador Luiz Antônio Moreira Salata, quando usava a tribuna livre do legislativo, para cobrar do prefeito a criação do plano de carreira dos professores.

Além disso, cobrou a falta de registro em carteira profissional quando da nomeação de professores Admitidos em Caráter Temporário (ACT) e também a falta do pagamento de horas extras a esses profissionais. “Trabalhamos e não recebemos”, enfatizou em trecho de sua manifestação.

Mas antes que ele iniciasse sua fala na tribuna livre, que pela primeira vez, de for­ma inusitada – não se sabe se de propósito – foi repartida entre três inscritos – os outros dois falaram de forma bastante positivo do prefeito – Leonardo Simões colocou suspeição a repre­sen­tatividade de Zalém Gomes frente à Associação Mu­nicipal dos Profissionais da Educação, criada recentemente e que já conta com aproximadamente 250 associados.

“Senhor presidente, queria deixar uma pergunta no ar, acho pertinente uma vez que nós sabemos do tema da inscrição da tribuna livre do munícipe Marcos Zalem, no sentido de precisarmos saber se ele foi inscrito, se ele foi escolhido pelos seus colegas para participar da discussão do plano de carreira do professor. Me parece que não, não participou de nenhuma comissão da categoria, mas fala em nome da categoria. Então, fica a pergunta no ar para que possamos então depois elucidar isso”, afirmou Leonardo Simões praticamente num tom de tentar fazer pressão contra a manifestação do professor.

PRESSIONANDO PELO POUCO TEMPO

Marco Zalem iniciou sua fala: “Vou direto ao assunto: eu gostaria que o vereador Leonardo Simões convidasse a dona Eliana (secretária de Educação) para vir aqui falar do Plano de Carreira, porque eu faço parte sim da comissão, não participei das reuniões porque estava em horário de trabalho. Mas fui convidado. Sou representante da Associação dos Professores, como presidente. Então, eu falo representando a classe toda”.

“O senhor (vereador) de­ve se lembrar que, anualmente, eu estou aqui cobrando plano de carreira, já há oito anos. Não é a primeira vez que eu estou aqui. A lei do plano de carreira é de 1997. A maioria dos professores aqui são graduados e não recebemos nenhum centavo a mais por isso. Nos dedicamos, usamos nosso salário, que é o menor da prefeitura para quem tem ensino superior, para nos capacitarmos e não temos retorno financeiro algum e troca disso. Somos dedicados, como vo­cês mesmos citaram aqui, o IDEB do município não pa­ra de subir, graças ao trabalho  dos professores, não do livro, porque o livro sempre chega atrasado, de maio para frente”, prosseguiu. 

“O plano de carreira do município começou a ser discutido no ano passado, quando os professores vieram a essa casa, fizeram passeata nas ruas, fomos à prefeitura, fizemos abaixo-assinado, ai fomos convidados pelo prefeito para uma reunião na prefeitura. Lá, ele prometeu que em junho do ano passado o plano de carreira estaria pronto e viria para votação aqui nesta casa, o que não aconteceu. No mês de agosto as discussões foram encerradas, não teve mais nenhuma reunião de lá para cá e o plano ficou pela metade, ficou cheio de itens para serem discutidos. Por isso muito me admirou do vereador falar que o plano está pronto”.

DESLIGANDO O MICROFONE

Em seguida ele cobrou o registro em carteira: “Isso não acontece no município. O ACT não tem contrato, ninguém sabe o que rege, eles terminam e começam ano sem uma cláusula sequer especificando. Os atestados, o efetivo pode, o ACT não pode, mas todo mundo tem filho e tem o direito. Também o pagamento das horas extras, trabalhamos e não recebemos. Então, eu gostaria que o senhor (vereador) convidasse a senhora Eliana para esclarecer isso em público, porque o senhor mentiu aqui, tá”, encerrou, depois de ter o microfone desligado por ordem da presidência da mesa.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas