16 de outubro | 2007

População canina abrigada por “Ong Miau” praticamente dobrou

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A população canina abrigada pela entidade praticamente dobrou nos últimos tempos. De acordo com a técnica em enfermagem aposentada, Sueli Aparecida de Carvalho, uma das idealizadoras da ONG (Organização Não Governamental) Associação Amiga dos Animais de Olímpia "Miau", atualmente a instituição dá abrigo a 130 animais. Antes a média era de 60, chegando no máximo a 70.

A ONG foi criada há quatro anos devido ao grande número de cães abandonados e a necessidade de fazer um trabalho no sentido de ajudar a prefeitura, que é a responsável pelo recolhimento. "Porque a ONG em si não recolhe", explicou.

O objetivo principal é castrar cães ou gatos – machos ou fêmeas – no sentido de diminuir a população dos abandonados, que perambulam pelas ruas da cidade em busca de alimentos e muitos acabam ficando doentes.

Entretanto, as dificuldades para cuidar desses animais por lá também é grande, porque com o aumento da população de abrigados, o que já é complicado por não ter acomodações adequadas às várias raças, surge também as dificuldades com a alimentação.

"E aí fica difícil e o nosso objetivo principal é castração. Nós não temos abrigos de animais. Isso é importante frisar", fez questão de ressaltar Sueli de Carvalho. A entidade conta com 15 pessoas, mas apenas cinco delas atuam e participam do dia-a-dia da ONG, que conta com professores, veterinários, manicure, donas-de-casa. "São pessoas simples", enfatizou.

Além disso, conta com as doações de alimentação e medicação, que surgem de lojas de ração e de uma distribuidora de remédios da cidade. Além disso, o trabalho de veterinários, que cobram pela castração preços abaixo do valor real, também é considerado fundamental.

Porém, já há dificuldades de encontrar pessoas com a intenção de adotar um desses animais. Atualmente, segundo a comprovação de Sueli, está aumentando a quantidade de pessoas que estão abandonando os animais domésticos.

Uma das maneiras de evitar que isso continue acontecendo é através da castração. Sueli entende que evitando novas crias vai também diminuir os abandonos.

Além de problemas de mordeduras, Sueli ressalva que há outros problemas que preocupam, como no caso da leishmaniose e a raiva, doenças que podem ser transmitidas ao ser humano também.

"Os próprios bichos abandonados atropelados sofrem maus tratos. Têm pessoas que jogam água fervendo ou batem e já cansamos de ver isso", asseverou.

De acordo com Sueli, há dois abrigos para os abandonados. Um deles é no bairro rural Tamanduá, onde ficam os animais sadios e no antigo Matadouro municipal, onde permanecem os que estão doentes: "Não pode ficar misturando porque um passa doença ao outro", justificou.

 

Falta de espaço no canil deve piorar com a chegada das chuvas

 Outra preocupação da técnica em enfermagem aposentada, Sueli Aparecida de Carvalho (foto), idealizadora da ONG denominada Associação Amiga dos Animais de Olímpia "Miau", é com o espaço do canil quando começar a temporada das chuvas.

De acordo com o que explicou, cada pitbull que abriga ocupa o espaço no qual poderia atender outros 10 animais. Alguns estão amarrados embaixo de uma árvore, com água e comida. "A hora que começar a chover o que eu vou fazer com os meus cachorros?", questiona.

Os pitbulls, pelo menos parte deles, estão sendo abrigados num local com cobertura onde os de outras raças poderiam se abrigar quando chover. No total, entre o canil que tem perto do bairro rural Tamanduá e o próprio canil municipal, são 30 baias.

"Estou amarrando alguns embaixo de alguma árvore e eles ficam ali com água e comida, o que não é o ideal também. Agora tem mais uma que está comigo no canil", comentou.

Sobre a ferocidade que pitbulls têm com outros animais, Sueli Carvalho conta um caso de uma fêmea pitbull que foi criada com uma poodle desde filhotes e quando estavam com cinco anos de convivência foram juntas para a mesma casa. A pitbull matou a poodle."Eles (pitbulls) têm uma estabilidade emocional muito grande. O espírito de liderança deles, por exemplo, ela (pitbull) sempre aceitou dividir (comida) e aquele dia não aceitou e a poodle morreu", contou.A casa dela é um perfeito abrigo de cães abandonados. Lá tem um pitbull que foi para o canil e acabou levando, uma poodle que foi atropelada e que teve que amputar a pata, um boxer. Resumindo: tem mais de 10 animais que foram abandonados.

Além disso, ela está cuidando de seis filhotes de gatos que também encontrou abandonados e não teve coragem de largá-los para traz. "Estavam morrendo de fome e estou dando mamadeira de duas em duas horas, mas não tem condições de trazer mais porque eles estão em gaiolas aqui dentro de casa", avisou.

Por isso tudo lamenta que chegará o dia em que terá que aceitar o sacrifício de animais. A quantidade de cães é grande, mas a situação é piorada pela chegada constante dos pitbulls que estão sendo abandonados e não encontra mais quem esteja disposto a adotá-los.As fêmeas que estão indo para o canil estão sendo castradas para doação. "Mas ninguém está querendo adotar mais pitbull. Até um tempo atrás era uma raça de cão valorizada, era caro", comentou.

Atendimento é verdadeiro Pronto Socorro de cães

Pelo que se depreende das informações prestadas pelo veterinário Rodrigo Sanches Ferreira, um dos profissionais que dedica parte de seu tempo à Organização Não Governamental (ONG) denominada Associação Amiga dos Animais de Olímpia "Miau", o atendimento realizado pela instituição é o de um verdadeiro Pronto Socorro dos cães desprezados por seus donos.

Alguns, de acordo com Ferreira, chegam muito machucados e maltratados. Outros carregados de sarnas ou mesmo com uma alta carga de vermes. Muitas cadelas chegam prenhas quase para parir e muitas vezes atropeladas.

E os problemas com essas cadelas prenhas atropeladas não terminam com o tratamento para machucados esternos. No momento de parir muitas vezes os filhos acabam morrendo dentro do ventre do animal, situação que exige cirurgias de emergências. "São vários fatores complicadores", enfatiza.

E da mesma maneira que a técnica em enfermagem aposentada, Sueli Aparecida de Carvalho afirma, também Ferreira reforça ser difícil diminuir a população de animais errantes e controlar ou mesmo evitar doenças como raiva, leishmaniose, entre outras que podem acontecer.

O veterinário faz um trabalho quase que voluntário junto a entidade. A maior parte da ajuda que recebe, segundo contou, parte da prefeitura que fornece os materiais e medicamentos necessários.

"Dá um apoio muito grande para a gente e a Dismed está começando a ajudar também na parte de medicamentos", afirmou.

No entanto, não vê dificuldades para exercer seu trabalho em razão da organização através da agenda que é sempre cumprida. "É tudo programado. Tal hora a gente castra e depois vem outro", explicou.

Ferreira explica que nenhum dos animais doados pela ONG estão foram do critério da castração. No caso dos adultos já são entregues depois de passarem pela cirurgia. Já quando se trata dos filhotes o animal é entregue com um vale-castração para quando tiver a idade propícia para passar pelo processo cirúrgico.

Por outro lado, também comentou a respeito da agressividade dos cães, principalmente um pitbull ou rotwailer, qualquer um deles colocado em espaços muito reduzidos vai se tornar um animal agressivo."E não importa se pitbull, rotwailer ou poodle, se não der espaço, não der liberdade e se não der condições para ele se exercitar, vai se tornar um animal agressivo, não importa a raça", finalizou.

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